Orange Is the New Black retorna para a quinta temporada na próxima sexta-feira, 9 de junho, com um diferencial: todos os 13 episódios se passarão num período total de três dias. O AdoroCinema foi até Miami para conversar com três atrizes da produção: Dascha Polanco (Daya), Selenis Leyva (Gloria) e Jackie Cruz (Flaca).
O trio falou sobre a nova temporada e também relembrou os trágicos acontecimentos da anterior. Confira!
O que podemos esperar da próxima temporada? Quais serão as surpresas? A única coisa que sabemos é que se passará no decorrer de três dias. Como isso será desenvolvido no espaço de 13 episódios?
Selenis Leyva: Foi difícil por causa da continuidade. É claro que os uniformes ajudam fisicamente, mas muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, então é preciso manter a continuidade. E eu preciso estar na mesma emoção para filmar parte de uma cena na terça e terminar na sexta. Essa temporada é violenta, assustadora e, para mim, exaustiva, tanto física quanto emocionalmente.
Mas sempre com humor, certo?
SL: Sim, com certeza.
Jackie Cruz: Exato. É preciso ter comédia porque é a vida real. Lembro que quebrei o braço quando era criança e quando meu tio foi me ajudar, toda a comida que estava na boca dele espirrou no meu rosto e eu comecei a rir por causa disso, no meio de um momento dramático. A vida é assim. Essa temporada será insana. As filmagens também foram insanas fisicamente porque a temporada se passa no verão, mas nós filmamos no inverno.
Dascha Polanco: A temporada será intensa do início ao fim. Começamos do momento em que Daynara aponta a arma e partimos daí. Será interessante ver também o quanto a série é relacionada com as coisas que enfrentamos hoje em dia. Os brasileiros verão por exemplo troca de poder, abuso de poder… Teremos unidade, algumas separações…
SL: Veremos basicamente tudo o que está acontecendo atualmente.
A primeira temporada foi mais focada em Piper, mas a partir daí, a série começou a focar em todo mundo, todos os personagens têm um papel importante. Nessa temporada, como será?
SL: Litchfield será a personagem principal nessa temporada. E o abuso de hierarquia. Os problemas do sistema prisional são a fonte de tudo nessa temporada. Existem uns e outros momentos, mas a corrupção do sistema prisional é o ponto principal.
Vocês têm um inimigo em comum que as unirá ou não?
SL: Veremos se nos uniremos ou não. No momento, os grupos ainda estão divididos, causando seus problemas. O que essas mulheres farão? Há uma situação de abuso de poder que afeta a todas elas. Elas se unirão, esquecerão suas diferenças e as brigas ou não? E isso vai ser muito bom.
No final da última temporada, Gloria tomou a responsabilidade de cuidar de Daya, apesar desta não querer necessariamente.
DP: Gloria sempre foi responsável por ela de certa forma.
Como será essa dinâmica nesses três dias?
DP: Acho que elas não terão tempo para isso.
SL: A dinâmica entre elas será muito intensa porque Gloria prometeu a Aleia que tomaria conta de Daya. E ela leva suas promessas a sério. Mas como ela tomará conta de uma mulher que está apontando uma arma para ela? Então, veremos. Lendo os roteiros, fiquei muito impressionada com o que acontecerá. Será muito interessante ver esse desenvolvimento.
Séries como Game of Thrones e The Walking Dead costumam deixar os fãs nervosos com a possibilidade de mortes de personagens queridos. E isso aconteceu na última temporada de OITNB. Como foi lidar com aquele momento?
DP: Nós também não imaginávamos isso. Mas é uma boa forma de te manter atento e consciente de que a prisão é assim: você pode ser solto, continuar preso ou acabar morrendo.
JC: Você pode ser abusada.
DP: Você pode acabar na solitária.
SL: Pode conseguir uma licença. Nós não temos a menor ideia do que vai acontecer, só descobrimos quando recebemos os roteiros. Assim como vocês, ficamos assustadas com a morte da última temporada. Lembro de estar deitada à noite e tive que parar de ler o roteiro, colocá-lo de lado, ligar para uma das produtoras e perguntar se era verdade. Eu não conseguia acreditar no que tinha lido. Não consegui dormir, não podia falar nada sobre. Foi muito intenso.
Este episódio com a morte na temporada passada foi dirigido por Matthew Weiner, criador de Mad Men. Como foi trabalhar com ele?
SL: Ele é maravilhoso, muito inteligente e muito respeitoso. Ele chegou para dirigir o antepenúltimo episódio de uma série que já tem muitas temporadas, então ele chegou em uma posição de muito respeito em relação às nossas jornadas. Eu estava muito nervosa e ele disse que adorava minha personagem, meu trabalho. Fiquei encantada porque ele me conhecia. A cena da morte levou 24 horas para ser gravada. Ficamos um dia inteiro lá. Mas foi muito suave e fácil porque ele sabia o que queria, porque é muito profissional e respeitoso. E, em dado momento, nós sentimos o peso da situação: estávamos perdendo uma amiga. Ele respeitou isso, mas não parou o trabalho, não deixou que nos emocionássemos demais. Ele nos lembrou que aquele era o nosso trabalho, que eram nossas personagens, que precisávamos fazer aquilo. Foi incrível trabalhar com ele.
JC: Ele chegou, se apresentou, já conhecia todas nós. Foi incrível. Cresço como atriz a cada temporada e episódio por causa das pessoas que chegam para colaborar conosco no set. Sejam os novos personagens ou técnicos. Foi fantástico trabalhar com ele.
O que vocês aprenderam sobre o quanto uma mulher pode mudar dentro da prisão?
DP: Acho que o que aprendi com as mulheres encarceradas é que seu estado mental e emocional e suas experiências não importam quando sua liberdade é tirada de você. Você precisa adaptar todas as coisas pelas quais está passando à situação. Essa é a pior coisa que um ser humano pode fazer porque você não se permite lidar com suas emoções, você precisa suprimir tudo. As coisas que Dayanara precisa suprimir a transformam em uma bomba-relógio. Esse não é, necessariamente, o meio mais saudável para lidar com as situações.
JC: A minha personagem coloca essa fachada, com o delineador, a lágrima para fazer parecer que matou alguém. Ela até pode ter feito isso por acidente, mas não foi culpa dela. É preciso ser outra pessoa para aguentar a prisão, você não pode ser fraca ou demonstrar fraqueza. Se você fizer isso, as pessoas se aproveitarão de você. Vi isso tanto na minha personagem quanto nas mulheres que fazem parte da Associação de Mulheres Presas, que nós sempre ajudamos. As mulheres mudam e saem da prisão de outra forma. É incrível como o encarceramento muda as pessoas. Torna você mais forte, na verdade. A Associação existe para ajudar as mulheres que não conseguem se readaptar ao mundo, que também mudou. Ajuda as mulheres a recuperarem seus filhos, a encontrarem um emprego.
O AdoroCinema viajou a convite da Netflix.