Girlboss é uma adaptação da autobiografia da empreendedora Sophia Amoruso, dona da milionária loja virtual Nasty Gal. Porém, assim que você aperta o play, aparece a seguinte mensagem: "A seguir, uma releitura livre de eventos verdadeiros. Muito livre." Fica claro que a comédia se trata de uma visão colorida dessa história.
Surge Britt Robertson como Sophia Marlowe, uma jovem estilosa, cheia de atitude, especialista em moda, que começa a fazer muito dinheiro vendendo roupas online. Mas o aviso citado acima não é a toa. Apesar do rostinho bonito, ela é políticamente incorreta, grossa, egoísta e não quer saber de ser adulta.
A história criada por Kay Cannon (roteirista da franquia A Escolha Perfeita) tenta apresentá-la como uma anti-heroína divertida, porém fica bem difícil torcer pela personagem em determinados momentos. Por mais que a série seja completamente focada na protagonista, acaba falhando em mostrar a vulnerabilidade de Sophia. Os momentos de profundidade são fracos e a trama prefere tratá-la como "a garota maluquinha e charmosa" que todo mundo ama odiar ou odeia amar. Fica a seu critério.
Com muitas mulheres envolvidas na equipe (inclusive Charlize Theron na produção executiva), era esperado que Girlboss apresente o empoderamento feminino como um dos temas principais. (Vide o título do show!) Afinal, se trata da jornada de Sophia tomando as rédeas de seu próprio futuro, mesmo contra as probabilidades e desconfianças alheias. É bom ver uma garota com uma ideia genial superando obstáculos para seguir seus sonhos? Claro. Mas a série não entrega algo impactante e/ou inspirador, já que a trama abusa de clichês, exageros e conveniências para seu desenvolvimento.
Apesar disso, a comédia entrega momentos bem divertidos. Ambientada na década passada, a história traz boas referências à cultura pop da época, principalmente no quarto episódio centrado em The O.C.. Outra hora, brinca com os fóruns de internet de uma maneira bem criativa - num arco relacionado com a atuação brilhante de Melanie Lynskey.
Por falar em participações especiais, são elas que apresentam os melhores momentos da atração. Ellie Reed (a melhor amiga), RuPaul (vizinho), Dean Norris (pai), Norm MacDonald (o chefe) e Louise Fletcher (a senhora do banco de praça) roubam suas respectivas cenas, apesar dos papeis com pouca profundidade. Com mais espaço de tela e desenvolvimento, Britt Robertson se entrega à personagem e faz uma performance bem diferente de seus últimos trabalhos.
Resumindo: Girlboss capricha no lado estético (o trabalho de figurino é impecável), mas peca em roteiro. É uma trama fácil, leve e simples de maratonar. E não há nada de terrívelmente errado nisso. Só poderia ser melhor.