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    Riverdale: Um presente para os fãs de dramas adolescentes (Crítica)

    Leia as nossas primeiras impressões da nova série da Warner Channel.

    Esqueça tudo o que você sabe sobre ‘Archie’. Riverdale, a nova série da Warner Channel, é uma completa reimaginação da história dos quadrinhos clássicos, e embora a ideia soe desnecessária a princípio, trata-se do completo oposto: é uma formatação tão bem desenhada para agradar um público carente deste tipo de produção que precisará dar muito errado para não alcançar o sucesso.

    Divulgada como “um encontro entre Twin Peaks e Gossip Girl”, a série traz Archie Andrews (K.J. Apa), Betty Cooper (Lili Reinhart), Veronica Lodge (Camila Mendes), Jughead Jones (Cole Sprouse) e companhia como os personagens principais — os mesmos das HQs; a cidade de Riverdale está vivendo às sombras da repercussão do infame e misterioso assassinato de Jason Blossom, um adolescente prodígio do colegial. Abaixo da ‘superfície perfeita’ de uma cidade limpa em que todos são amigos de todos, há mais segredos escondidos do que a primeira impressão dá a entender. Lembrou de Laura Palmer? Não foi por acaso.

    Sim, trata-se de um gênero bastante convencionado e repetido à exaustão em muitas produções. Ao longo dos anos, alguns dramas adolescentes com esta proposta deram muito certo; outros, foram cancelados em um piscar de olhos e meia temporada. Riverdale tem bastante potencial com um nicho específico, “órfão” de séries como Gossip Girl, 90210 - Barrados no Baile ou Dawson’s Creek, justamente porque traz personagens bem estruturados e uma história que gira em torno de um grupo de amigos e traições, ambições e todas essas (me perdoem a rima) convenções.

    Mas também há rupturas. A primeira delas é a relação entre Betty e Veronica, que ao menos neste início de temporada é menos conflituosa do que a série havia prometido; e isso é algo bom, porque a televisão realmente não precisa de mais um triângulo amoroso em que mulheres brigam pelo mesmo rapaz. É possível (bastante provável, até) que isso irá acontecer no futuro, mas no momento estamos satisfeitos de ver ao menos uma tentativa de não tocar neste ponto. E esta dinâmica funciona bem graças ao talento das atrizes — Reinhart e Mendes brilham em cena; tanto que apagam completamente o ‘personagem principal’, interpretado de forma bastante contida por Apa.

    A estética neon e a atmosfera lúgubre da cidade parecem ser características quase contrastantes entre si, mas na verdade se completam para balancear o clima de mistério e a aura impulsiva que está sempre no entorno dos protagonistas. Sempre é difícil saber exatamente o que os personagens estão pensando, se há ou não mais uma ‘carta na manga’ além do que estão nos mostrando, e esta é parte da diversão da série. No fim das contas, é quase como um pacote de Doritos: você sabe que não precisava ou deveria estar devorando aquilo tudo… mas o fará mesmo assim.

    Embora as comparações com Twin Peaks sejam honestas (há uma óbvia inspiração na clássica de David Lynch, tanto pela ambientação da cidade e pelo conflito inicial ser em volta de um adolescente assassinado em um rio), as semelhanças param por aí. Nem de longe Riverdale consegue repetir a subversividade e a abstração de Lynch e Mark Frost, e talvez (muito provavelmente) nem seja o objetivo mesmo. Há espaço para os mistérios e para os dramas pessoais (e coletivos) dos adolescentes. É em grande parte o que fez de Pretty Little Liars um sucesso no início. Basta Riverdale não se perder na história que criou, e voilà — temos uma nova obsessão chegando por aí.

    Riverdale será exibida na Warner Channel com episódios inéditos todas as segundas-feiras, às 21h40.

     

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