Durante a primeira metade desta sétima temporada de The Walking Dead, o nosso “grupo de sobreviventes” sofreu — e o público junto. Nem tudo foi um exato sucesso (a audiência da série até chegou a ter algumas quedas), mas houve a promessa de que a nova leva de episódios colocaria “Rick e o seu bando” de volta no eixo que fez de TWD o fenômeno que ela se tornou.
Será que vai?
“Rock in the Road” de fato acelera a história. Enfim os grupos começam a se unir, em cenas de emocionados (mas nada inovadores, há de se observar) reencontros e abraços; Alexandria é oficialmente apresentada ao Reino, quando Jesus (Tom Payne) decide que é hora de Rick (Andrew Lincoln) conhecer Ezekiel (Khary Payton). Finalmente!
O problema deste arco narrativo é muito simples: seria realmente interessante ver a adaptação de Rick, Daryl (Norman Reedus) e companhia ao modo de vida do Rei Ezekiel e da comunidade alimentada por ele. Trata-se de um grupo completamente diferente de qualquer outro que eles já tenham encontrado antes (e por isso, uma história que não se repete), e além disso é abundante em alimentos e vida. É praticamente outro universo. Mas ao invés de explorar essa diferença entre as comunidades, The Walking Dead está mais preocupada em mostrar O Reino como uma série de afetações pseudo-medievais mantidas por personagens secundários que só estarão por ali até a história precisar deles novamente, em uma futura luta contra os Salvadores.
O que parece estar faltando nesta temporada de The Walking Dead é foco. É justificável que os personagens tenham sofrido um abalo psicológico após a chegada de Negan — e isso naturalmente se reflete na forma como os enxergamos — mas uma história com personagens ‘danificados’ não é sinônimo de uma história insuficiente. Ou não deveria ser. Todos sabemos que a temporada está caminhando para a rebelião contra os Salvadores, mas enquanto não chega lá, tropeça pelo caminho em histórias que de nada acrescentam simplesmente para alongar a trama. Neste episódio, por exemplo, vemos Rick tentar intimar o Rei Ezekiel para a sua causa, mas a missão de Grimes é rapidamente impedida simplesmente porque a série precisa estender essa história por mais alguns episódios; da mesma forma, o Padre Gabriel (Seth Gilliam) foge repentinamente só para que o grupo vá atrás dele e encontre outros sobreviventes. Ao invés de deixar a história fluir e ir se construindo em torno de um arco narrativo maior, a temporada faz o oposto: força os pequenos momentos para que se encaixem no que está tentando contar.
Mesmo assim, o episódio tem seus bons momentos. A satisfatória cena de ‘carnificina zumbi’ comandada por Rick e Michonne é provavelmente o maior deles, e prova: sete anos depois, The Walking Dead ainda sabe matar zumbis de formas divertidas. É uma grande cena para o episódio porque gira em torno de uma tensão que remete a muitas das temporadas anteriores da série, justamente por buscar um objetivo simples e que fez os personagens trabalharem juntos em prol da mesma finalidade.
“Rock in the Road” é um episódio de apresentação, já que introduz a segunda parte da temporada. É uma hora que tenta alcançar vários objetivos ao mesmo tempo: dar a Rick a rejeição (inicial) de Ezekiel, reafirmar a sombra dos Salvadores sobre o grupo, firmar Jesus como aliado, e por fim introduzir mais um ‘novo mundo’. Mas não se aprofunda em nada disso. Será que chegou a hora?
Esperamos que sim.