Inspirada nos quadrinhos do Archie, Riverdale é a mais nova série do canal CW voltada para o público adolescente, misturando o dia a dia de um grupo de alunos do ensino médio com uma investigação criminal. Com lançamento previsto no Brasil para o dia 13 de fevereiro, às 21h40, na Warner, a série provavelmente não existiria sem outras que surgiram antes dela, como Gossip Girl e - muito antes - Barrados no Baile. As semelhanças com a clássica Beverly Hills 90210 não estão presentes apenas no gênero e no público alvo. Riverdale conta com a presença no elenco de Luke Perry, que viveu Dylan McKay no hit dos anos 90.
O AdoroCinema foi até Vancouver no Canadá visitar o set de filmagens da nova série e conversou com o ator. Perry sobre o que lhe interessou na nova produção e também na transição de ser mais um dos garotos para ser o pai de um dele. Confira!
Você já fez muitas séries, muitos tipos de séries diferentes. O que te atraiu em Riverdale?
O fato de ser muito diferente. Duas coisas: 1) achei que ver uma história de Archie como drama seria uma péssima ideia, mas li o roteiro e mudei de ideia; 2) e foi a escrita do criador, Roberto Aguirre-Sacasa, que me fez querer fazer parte da série. Disse para a minha agente que não queria nem ler os roteiros, mas ela insistiu para que eu fizesse isso. Li e me encontrei com os roteiristas, foi ótimo. Eles têm ótimas ideias e trazem muito humor à série, dentre outras coisas.
Por que fazer esse projeto pareceu ser uma boa ideia?
É muito difícil pegar personagens tão conhecidos como esses e atualizá-los de maneira palatável, relevante e sofisticada para o século XXI. Quando li o roteiro, percebi que Roberto conseguiu fazer isso com todos os personagens. Jughead e seu chapéu não parecem estar fora de lugar. A relação entre Betty, Veronica e Cheryl. Nada disso deveria funcionar hoje em dia, mas funciona no roteiro. Quando me reuni com Roberto, Lee Rose e Sarah Schechter, fiquei muito impressionado com isso. Roberto é muito comprometido com o universo, tem o mundo todo mapeado em sua cabeça e você pode perceber que ele já pensou muito sobre esse mundo. Gosto muito disso. Já trabalhei com muitos diretores e showrunners e a maioria não tinha o mesmo nível de comprometimento. Essa série é muito importante na vida de Roberto e ele dá tudo de si. Isso é incrível. Para mim, é difícil trabalhar com alguém que não está investido no que está fazendo. A combinação de todos esses fatores me deixou muito empolgado e aceitei.
Você trabalhou em uma série adolescente muito conhecida. Quais são as diferenças entre a geração retrada na outra série que você fez e a geração retratada em Riverdale?
Aposto que você está falando de John from Cincinnati, adoro essa série. Ou de Oz. (Risos)
Não penso em Barrados no Baile em termos de comparação com a nossa série e também encorajo os meus jovens colegas a não pensarem nisso, em comparar a série com outras por aí. A forma como essa série e todas as outras são feitas é uma cena de cada vez. É assim que se faz e é assim que eu quero que eles pensem nisso, não quero que coloquem a carroça na frente dos bois.
Por quê não?
Porque isso não fará bem. Não dará mais opções criativas e nem os tornará atores melhores. Não ajuda na hora de contracenar e nem ajuda a chegar na hora certa para trabalhar. E isso é tudo o que eles precisam fazer por essa série, por eles mesmos, pelo trabalho deles e por toda nossa equipe. Quando você começa a perder o foco, muitas coisas podem acontecer. Na época de Barrados no Baile, nós nem sabíamos que éramos um sucesso até a terceira temporada. Estávamos apenas concentrados em fazer nosso trabalho e é isso que adoro sobre fazer séries. Entrar no estúdio, ligar as câmeras, contracenar cena a cena e fazer tudo funcionar: falei para que eles se concentrassem nisso. É a única parte que podemos controlar.
Riverdale traz alguma lembrança de Barrados no Baile?
Tem todos esses armários, esses corredores. Já estive por aqui, é familiar.
No escritório do seu personagem, achamos vários easter eggs e alusões à série Barrados no Baile, como uma carta endereçada à Beverly Hills 90210. As pessoas brincam com você sobre isso?
Logo no primeiro dia de filmagens do piloto, eu cheguei e encontrei um boneco meu na mesa de alguém. E também tinha uma pessoa com uma merendeira de Barrados no Baile. (Risos)
Alguém de Beverly Hills vai chegar em Riverdale para expor você?
Estou escondido. Vão ter que procurar muito para me achar. Mas ficarei feliz se algum deles aparecer pela porta.
Você disse que quando leu o roteiro, sentiu o humor da escrita. Mas no piloto, o seu personagem parece ser muito sério.
Não sou eu que trago o humor necessariamente, ele está lá. Interpreto o pai que tenta oferecer conselhos e a comédia não virá de mim. E isso está tudo bem porque eu e K.J. Apa podemos explorar essa relação.
Como é interpretar alguém que é uma inspiração para um jovem como Archie?
Gosto dessa parte. Se eu tivesse lido esse roteiro em outro momento da minha vida, quando ainda não tinha filhos, o impacto não seria o mesmo. Não teria visto toda a beleza do roteiro. É muito fácil passar direto por essas coisas quando você não viveu essas experiências. É por isso que fiquei emocionado com o roteiro.
Você se sente como um mentor para os atores mais jovens?
Esse não é o meu trabalho, não me contrataram para isso. Sou um ator e eles também. Apareço na hora certa, faço as minhas coisas e eles fazem as deles. Acho que todos aprendemos uns com os outros todos os dias. Eles me ensinam coisas e sempre podem aprender algo comigo. Esse é outro ponto que sempre gostei. Não aprendo só com atores e diretores. Aprendo com os motoristas, com os operadores de som. Quando você tem 75 artistas em uma sala, você pode aprender um pouco com todos eles. Não passei por uma educação formal, mas sempre gostei do processo de conhecer as pessoas e aprender com elas. Em um set, existem muitas pessoas que sabem muitas coisas. E também existem muitas pessoas que acham que sabem muitas coisas. Então, é preciso ficar atento.
O que você aprendeu com esses atores mais jovens?
Eles me ajudam quando tenho problemas com meu celular.
Por que você decidiu interpretar um pai agora?
Ser pai é apenas uma das dez coisas que esse cara faz. Ele também é um construtor, pode ser namorado de alguém, é um amigo... Não o vejo só como um pai. Ele é claramente o pai de Archie, mas...
Talvez ele seja o assassino...
Pode ser, gosto de pensar que eu poderia ser o assassino. Muitas pessoas estão dizendo isso. A série começa de uma forma que nos faz acreditar que os personagens são unidimensionais e, conforme as coisas acontecem, percebemos que não é assim. Vemos o pai fazer coisas que não deveria, a mocinha fazer coisas que não deveria. A série é profunda. E o que me atraiu no personagem é que ele não é só "o pai". Mas tendo dito isso, valorizo muito a oportunidade de ser pai e interpretar pai. Tenho a chance de fazer cenas e dizer falas que eu não faria ou diria se estivesse interpretando um motoqueiro. É bom estar nesse estágio da minha carreira. Alguém disse uma vez que você se sente da mesma forma com as coisas que faz aos 50 como se sentia com as coisas que fazia aos 20, então você jogou 30 anos fora. Não me sinto da mesma forma como me sentia anteriormente. E sempre tento encontrar outras dimensões do meu personagem.
O que mais mudou desde Barrados no Baile até agora?
A questão das redes sociais e o fato de que as coisas são divulgadas de maneira muito rápida. Como tudo acontece às vezes rápido demais, sem controle e fora de contexto. No set, tem menos luzes. Essas câmeras digitais não precisam de tanta luz. Agora, não usamos mais os refletores gigantes que cegam os atores.
O que faz de Riverdale algo especial?
Nos quadrinhos, era tudo sobre Archie. A série é sobre Riverdale, sobre a cidade e sobre as pessoas que moram lá. E a forma como os roteiristas escolheram para narrar isso é ótima. Acho que o mistério do assassinato é incrível, existem vários pequenos mistérios que se entrelaçam a cada semana. A forma como fizeram os efeitos visuais práticos é incrível. São os meus efeitos favoritos. A cada vez que eu terminava de ler um roteiro, enviava um e-mail para Roberto com a minha reação, sem acreditar nas reviravoltas que ele criou. Quero falar sobre nosso elenco também. Ninguém me perguntou sobre isso, mas vou oferecer minha opinião não solicitada. Nós temos um grupo incrível de jovens atores. E eu digo isso porque não sei o quanto eles treinaram sendo tão jovens, então a habilidade deve ser natural. Eles são muito inteligentes, atentos e querem aprender tudo. Quando nos sentamos juntos para ler os roteiros, meu queixo caiu com a leitura deles. Foi ali que percebi que a série seria incrível. Fiquei impressionado. Faz tempo que não trabalho com um elenco jovem assim porque não é a minha praia, mas esse grupo de jovens é incrível.
Como você se vê daqui a 10 anos? O que você estará fazendo?
Não sei. As coisas mudam muito rápido. Sempre que acho que sei o que o futuro reserva, seis meses depois percebo que não sabia de nada. Estou pensando em ir para a faculdade.
Sério?
Sim. Você acha que James Franco é o único que vai para a faculdade?
O que você gostaria de estudar?
Engenharia, ciências. São coisas que me interessam. História também é interessante. Mas acho que as ciências sempre me fascinaram. Acho que sei o básico, fiz um bom ensino médio, acho que posso me aprofundar. Não acho que eu vá mudar a humanidade para melhor, mas é algo que me interessa. Cole Sprouse (Jughead) é um arqueólogo! Quero que ele me leve em uma expedição. Estou falando sério. Você ri, mas um dia nos verá tirar crânios do chão no National Geographic. (Risos)
O AdoroCinema viajou a convite da Warner Channel do Brasil.