No final de 2016, convidado pela Warner Channel, o AdoroCinema foi até Vancouver, no Canadá, visitar vários sets de filmagens do canal. Um deles foi The 100, que chega para sua quarta temporada no próximo dia 1º de fevereiro, nos Estados Unidos. Passamos um dia nas gravações da série e conversamos com boa parte do elenco principal, incluindo a protagonista Eliza Taylor.
A atriz australiana de 27 anos conversou sobre a evolução de sua personagem, Clarke, e também sobre o futuro, principalmente sobre a perda de Lexa. Confira como foi o bate-papo com Taylor.
Você pode falar um pouco sobre o futuro de Clarke e sobre o que vem por aí na quarta temporada?
Clarke passou por muitas coisas. Na primeira temporada, ela era uma adolescente muito jovem que acabou se vendo em uma situação na qual precisou tomar a frente e liderar, teve que tomar decisões bastante difíceis. Já na segunda temporada, essas decisões ficaram ainda mais complicadas e ela fez muitas coisas das quais não se orgulha. No fim dessa temporada, ela está em uma situação muito ruim, o que a faz abandonar seu povo, algo que não é do feitio dela. Ela está tentando seguir sua vida, vivendo na floresta e tentando esquecer o passado. Vai demorar até que ela volte para o seu povo e retome suas responsabilidades. Além disso, ela teve seu coração partido pela Lexa (Alycia Debnam-Carey) e as duas só se reconciliam na terceira temporada. Esse reencontro das duas é muito importante para Clarke retomar sua vida. E aí Lexa morre. Eu não sei sobre o futuro da Clarke, mas no quarto ano ela terá que lidar com essa morte e não deixar que isso a afete demais, que isso dificulte sua liderança. Ela terá que seguir em frente sem a Lexa. É o que eu acho que vai acontecer.
Na terceira temporada, Clarke disse que talvez não existissem heróis. Você acha que esse é o tema da série?
Eu acho que sim. Não existem heróis, como também não existem vilões. O que eu adoro sobre a série é que todos os personagens, para mim, estão fazendo apenas o que eles acham ser o certo para o seu povo. Eles não estão fazendo coisas ruins, não estão fazendo coisas horríveis intencionalmente. Eles apenas estão fazendo o melhor que podem para sobreviver. Eu gosto que o público pode ver a trama do ponto de vista de cada personagem, principalmente em relação ao fato das pessoas que eles matam. Como no meu caso. Eu já matei muita gente.
O que você acha das decisões da Clarke? Quando você lê os roteiros você fica impressionada?
Sim, fico assim em todos os episódios. Eu não questiono as decisões que ela toma. Você não pode fazer isso. Eu acho que quando você interpreta uma personagem, você precisa encontrar uma maneira de se relacionar com ela, não importa o quão difícil isso seja. Então, ao mesmo tempo em que eu fico impressionada com as decisões que ela toma, eu entendo como e por que ela chegou lá. Eu sempre entendo porque ela opta as decisões que toma.
Qual seria o momento divisor de águas na vida de Clarke?
Foram muitos. Eu acho que se apaixonar foi um dos momentos mais importantes da vida dela porque ela era muito fechada, ela sentia que precisava se proteger das pessoas ao seu redor e eu acho que se apaixonar a ajudou a perceber que ela poderia compartilhar sua vida, o seu fardo com outro ser humano. Se abrir foi uma das melhores coisas que aconteceram a ela.
Você se surpreendeu com a popularidade da relação de Clarke e Lexa?
Não. Eu fiquei surpresa com a reação à morte da Lexa. Eu sabia que as pessoas iriam ficar chateadas, mas eu não tinha ideia do impacto que elas causavam nas pessoas.
Qual a sua opinião sobre Bellarke [ship de Bellamy e Clarke]?
Os fãs têm sentimentos muito fortes em relação a isso. Eu acho isso muito divertido. Acho ótimo que os nossos personagens causem toda essa comoção nos fãs; afinal, é para isso que trabalhamos.
Como você lida com as expectativas dos fãs?
Os fãs são muito apaixonados por nossa série, é insano. Eu os adoro. Às vezes, as coisas se tornam muito impressionantes, especialmente por causa das redes sociais, onde as coisas são muito instantâneas hoje em dia tanto para nós quanto para os fãs. Eu estou nessa indústria há dezesseis anos. Eu trabalhava na Austrália e quando eu comecei, não tínhamos todas essas redes sociais. De vez em quando, eu recebia cartas dos fãs pelos correios. Agora, eu ligo meu telefone e vejo o que todos estão dizendo. É preciso se acostumar com isso. De primeira, foi um choque para mim. Eu tento não procurar muito porque isso pode te enlouquecer. É impossível agradar todo mundo.
O que você acha sobre a relação entre Clarke e a mãe dela?
É uma relação complicada. Na primeira temporada, Clarke descobre que a sua mãe tinha grande culpa na morte de seu pai, então isso foi um grande choque para ela. Conforme o tempo passou, Clarke também teve que fazer sacríficos muito grandes como a situação com Finn. Então, ela começou a entender o ponto de vista de sua mãe, por mais horrível que isso possa ser. A relação delas é muito volátil mas se torna mais forte com o passar do tempo. Eu adoro trabalhar com a Paige.
A série foi lançada no auge da popularidade da saga Jogos Vorazes. Agora, com o fim dessa saga, você acredita que a série de vocês já encontrou uma identidade própria?
Sim, eu acho que sim. É engraçado você mencionar isso. Quando eu li o roteiro do piloto, há muito tempo atrás, eu vi muito de Katniss na minha personagem. Eu vi essa relação conforme eu li o roteiro. Existem muitas semelhanças entre elas. Além disso, cenários pós-apocalípticos estão na moda agora, então, nossa série é similar a outras séries. Mas nós definitivamente temos nossos diferenciais e acho que temos uma identidade própria. Eu me sinto muito honrada por fazer parte desta série.
Por que você acha que este tipo de cenário pós-apocalíptico está na moda?
Eu acredito que faz parte da natureza humana olhar para o futuro e pensar como nós lidaríamos com o fim do mundo, como sobreviveríamos. Com tudo que está acontecendo atualmente, acho que estamos cada vez mais curiosos quanto à nossa sobrevivência. Creio que seja por isso. Eu não sei. Alguns anos atrás eram os vampiros que estavam na moda. Vai saber por qual motivo.
Como é trabalhar numa série com tantas personagens femininas fortes?
É incrível! Já era hora! Eu acho que isso é ótimo e adoro trabalhar com elas. Às vezes, os elencos não se dão bem, então nós temos sorte de gostar muito umas das outras. Nossas personagens são muito empoderadoras e nós nos sentimos muito bem interpretando-as. Eu sinto que tenho muita sorte em participar disso. Eu interpretei a loira burra várias vezes e agora eu posso interpretar uma personagem inteligente, responsável e poderosa. Foi uma mudança que eu gostei muito.
Você não quer mais interpretar loiras burras então?
Eu quero, eu acho que essas personagens são divertidas de interpretar. Mas foi bom ter um intervalo.
O AdoroCinema viajou a convite da Warner Channel do Brasil.