Em passagem pelo Brasil para participar da CCXP 2016, o ator Ross Marquand pegou alguns dias de folga para curtir o Rio de Janeiro. Mesmo assim, tirou um tempinho para falar com o AdoroCinema. Ele interpreta Aaron, personagem na popular série The Walking Dead.
O ator falou não apenas sobre o futuro de seu personagem, mas também apontou o que os fãs podem esperar do próximo episódio da produção, que marca a midseason finale da sétima temporada. Confira a entrevista completa abaixo.
Você pode falar um pouco sobre as suas expectativas para o episódio final da midseason?
Acho que como todos os nossos episódios "finais", este terá muita ação e será muito emocionante. A primeira parte da temporada apresenta Negan e os Salvadores e aborda como Rick e o resto do grupo respondem à esta nova situação. Os personagens são forçados a decidir se eles viverão nesse novo mundo que Negan apresenta para eles ou se eles irão pegar em armas para lutar contra isso. Então, acho que os fãs verão o começo do desenvolvimento dessas ideias neste episódio.
Nós acabamos de ver Aaron e Rick deixarem a Alexandria. Você pode nos dar alguma dica do que eles vão encontrar?
Não posso dar nenhum detalhe, mas posso dizer que eles encontrarão muito mais do que procuram. Eles estão fazendo o melhor que podem para dar as coisas que Negan demanda todas as semanas para assegurar que ele fique feliz; e parece que nunca é o suficiente com os Salvadores. Então, eu creio que o que estes dois homens descobrirão é que o trabalho duro que fazem pode não ser recompensado da forma como merece ser. Além disso, eles descobrirão que a lógica de Negan é muito errática, muito estranha para que eles possam prever o que ele deseja. Lidar com Negan é como lidar com um psicopata. Eles terão que reencontrar os valores que tinham e chegarão ao ponto em que terão que decidir se vão continuar trabalhando com Negan ou se vão lutar.
O que podemos esperar de Aaron para a segunda parte da temporada?
Eu acho que todos os personagens estão em um momento decisivo. Rick decidiu ser o mais forte possível ao aceitar uma situação sobre a qual não tem controle algum. Esta é uma situação muito difícil para ele porque Rick sempre foi muito pró-ativo, sempre foi o líder do grupo e essa é a primeira vez que vemos ele admitir que não está mais no comando, como fez na Igreja, há alguns episódios atrás. Para Rick, é muito difícil admitir que não é mais o líder. Então, eu acho que Aaron apoiará Rick como um líder mesmo que essa liderança signifique a submissão ao novo líder. Mas, no fim das contas, ambos terão que decidir quais são os líderes que desejam seguir. Pode ser Negan ou Rick, mas cada escolha terá uma consequência direta em suas vidas. Rick decide que é o melhor a fazer é manter o que estão fazendo e Aaron tenta ser diplomático, mas até mesmo ele terá que sair dessa zona de conforto.
Por algum tempo, os zumbis eram os inimigos principais em The Walking Dead. Agora, podemos dizer que os humanos é que representam a maior ameaça. Como você vê essa transição?
Eu concordo que os humanos são muito mais perigosos e a razão para isso é que você pode compreender e explicar o comportamento de um zumbi muito facilmente. Os zumbis se movimentam em um certo ritmo, eles normalmente são muito fáceis de matar, se você souber o que está fazendo e eles podem ser controlados, podem ser guiados pelo som por exemplo. Então, eles não são a pior coisa com a qual temos que lidar, mesmo com o número elevado de zumbis que rondam por aí. No que se refere às pessoas e ao que elas representam, alguns grupos, como os Salvadores, se voltaram para o barbarismo e outros, como o grupo de Rick, se voltaram para o objetivo de tentar recuperar alguma humanidade. Mas algumas pessoas não têm nenhuma humanidade de sobra. Essas pessoas trocaram a humanidade por uma modo de viver mais bárbaro e mais duro porque é isso que faz mais sentido para eles. E, no fim das contas, é por isso que eles se tornam a maior ameaça para todo o resto. Os humanos são bem piores que os zumbis.
Aaron é o primeiro personagem a se declarar gay abertamente na série. Como foi lidar com essa responsabilidade?
Tem sido ótimo. Os fãs me apoiam muito e é incrível conhecer fãs, seja na Comic Con ou em outros lugares, que te dizem que você é a razão pela qual eles também se declararam gays para suas famílias e pessoas próximas. Eu me sinto muito honrado por isso. Você não consegue imaginar o quanto significa para um ator saber que o seu trabalho é inspirador. Eu nunca pensei que eu faria parte de uma das minhas séries favoritas e muito menos que eu interpretaria um personagem que tanto afeta as pessoas. Me sinto muito grato pela reação dos fãs em relação ao personagem e por tudo que ele representa.
Como você vê a importância da representatividade na televisão hoje em dia?
A importância é enorme. Existem mais personagem LGBTQ na televisão hoje em dia, mas ainda há uma grande demanda por mais personagem assim. E isso faz todo sentido. Como Robert Kirkman disse em várias ocasiões, ele conheceu muitas pessoas LGBTQ incríveis e fortes em sua vida e que queria honrar essas pessoas em sua série. Então, o compromisso assumido por Robert, pelo resto dos escritores e também pela emissora é o de assegurar que existam personagem LGBTQ na série, representando-os como personagens fortes. Essa é uma grande responsabilidade. São personagens complexos que precisam ser tratados com atenção e com sensibilidade.
Eu tive a oportunidade de conversar com Jeffrey Dean Morgan e ele é um cara muito legal. Como é trabalhar com ele interpretando Negan?
Você está certo, ele é muito legal. E é engraçado porque Negan é um cara muito assustador e Jeffrey Dean Morgan não tem nada a ver com isso. É um cara quieto, tranquilo, muito bacana e nós temos muita sorte de tê-lo na série por causa da incrível carreira que ele tem. Sou fã do trabalho dele como Negan e estou muito empolgado para ver o que ele fará com o personagem no futuro.
Para você, qual foi a morte mais chocante da série?
A morte de Hershel foi a mais chocante porque foi muito inesperada. Ele era a alma e o coração do grupo, da série. Foi como perder um parente, um avô. Acho que muitos fãs sentiram isso. Hershel representava o avô que muita gente nunca teve. Quando ele morreu, foi devastador para todos nós.
Acho que é justo dizer que The Walking Dead fica mais sombria a cada temporada. O que vocês fazem para manter o ambiente dos sets mais leves?
Nós contamos muitas piadas. Eu acho que você está certo, a série ficou mais sombria nas duas últimas temporadas. Eu acho que é importante ter o máximo de leveza possível porque quando você trabalha em algo muito sombrio e estressante, tudo fica mais difícil, mais cansativo. E isso pode ser perigoso porque você pode se machucar em uma cena de ação por estar cansado, por exemplo. Nós definitivamente contamos piadas e pregamos peças uns nos outros para trazer uma leveza.
Qual é a melhor e a pior parte de trabalhar com a adaptação de um material que tem incontáveis fãs?
A melhor parte é a empolgação dos fãs. Eles têm muita vontade de ver a série representando e homenageando o material original da melhor forma possível. Por outro lado, eles também ficam chateados quando mudamos algumas coisas. Então, é preciso encontrar um equilíbrio, é uma faca de dois gumes. Somos muito gratos pelo apoio dos fãs, mas às vezes eles querem ver exatamente o que está nos quadrinhos. E eu acho que o trabalho de Robert Kirkman e Scott M. Gimple é incrível porque eles homenageam os quadrinhos ao mesmo tempo em que criam um novo mundo. Eles criaram novos personagens que não vimos nos quadrinhos. Isso mantém o público em "alerta"; até mesmo o mais ávido leitor não sabe o que esperar de certos personagens porque eles não existem em lugar nenhum além da série.
Você tem algum outro projeto no momento?
Agora, eu estou apenas aproveitando o Rio de Janeiro e viajarei pelo Brasil. Quando eu retornar à Los Angeles, o trabalho vai recomeçar, mas agora eu estou concentrado apenas na minha viagem. Estou me divertindo muito.
The Walking Dead é exibida no Brasil pelo canal FOX, aos domingos, 00h30.