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    Westworld S01E07: Ilusão de ótica

    Grandes descobertas, ao público e aos personagens, à medida em que uma teoria se confirma e a série engrena de vez. Só esteja ciente: spoilers à frente.

    O labirinto que move o Homem de Preto (Ed Harris) em busca de respostas é uma boa metáfora para o modo como Westworld vem sendo construída — com muitos caminhos e, aparentemente, apenas uma saída. Ao espectador, cabe seguir as melhores pistas, aproveitando o sem-número de símbolos e easter eggs deixados ao longo dos episódios. As citações sempre apontam uma boa direção, e o sétimo episódio tem início com um diálogo que dá muito sentido ao que veremos a seguir:

    "Se eu tivesse um mundo meu,

    Tudo seria sem sentido.

    Nada seria o que é,

    Pois tudo seria o que não é."

    O trecho de "Alice no País das Maravilhas" representa uma fala do Chapeleiro Maluco. A leitura é feita por Bernard (Jeffrey Wright) para o filho Charlie (Paul-Mikél Williams), durante um sonho —  como muitos creem ser a lógica do livro fantástico de Lewis Carroll. E como é o mundo de Bernard. A plurissignificante introdução é um prenúncio da grande revelação desse capítulo e comprovação da teoria mais difundida até então: Bernard é um anfitrião, um androide.

    A descoberta é um ponto de virada fundamental em Westworld. Principalmente no que diz respeito à discussão ética proposta por Jonathan Nolan e Lisa Joy sobre um mundo inventado, cruel, onde inteligências artificiais vivem sem saber de sua condição. É chocante ver a expressão submissa e apática de Bernard diante do Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins). Espanta ver seu brilhantismo esmaecer, sutilmente, a ponto de não enxergar uma porta. É triste perceber o significado de sua lealdade e os fins a que isso se presta. Ao mesmo tempo, cresce a nossa noção da megalomania do Dr. Ford, e cresce a série.

    Primeiramente, por como Westworld evolui, num grandioso clímax entre Ford, Bernard e Theresa (Sidse Babett Knudsen) — ótimos personagens, elevando o patamar da sequência; desde já, uma das maiores da primeira temporada. Em segundo, em ver como a construção repleta de significados da série realça o modo como o próprio Dr. Ford construiu Westworld.

    Assim, quando Bernard lê "Alice" em voz alta ou ele mesmo sai de cena dizendo "E neste sonho, quais sonhos virão?", percebemos que o festival de referências literárias, filosóficas e outras são reflexo de seu criador e a base daquele mundo, não dicas atiradas com o mero intuito de compor um jogo de adivinhação para o espectador. É nesse sentido que a música "Reverie" (em português, "Devaneio) funciona tão bem, como um acessório orgânico, e o título "Trompe-L'Oeil", uma ilusão de ótica, indica o arco principal como sendo o de Bernard.

    O episódio também avança em outras frentes. Destaque de "O Adversário", Maeve (Thandie Newton) segue em busca de independência, e sua trajetória se assemelha cada vez mais com a de Ava (Alicia Vikander), personagem de Ex_Machina: Instinto Artificial. Em mais um momento de quebra de ciclo, ela quase também quebra a quarta parede, interrompendo o piano de modo bastante emblemático. Nesse sentido, aliás, soou estranha a necessidade de Charlotte (Tessa Thompson) forjar um mau funcionamento e comportamento violento em Clementine (Angela Sarafyan), servindo ao objetivo da Delos em afastar o Dr. Ford, enquanto Maeve fugia de sua narrativa em Westworld e, nos laboratórios, manipulava Felix (Leonard Nam) e de fato ameaçava Sylvester (Ptolemy Slocum). No mínimo conveniente. E insatisfatório como o sumiço de Elsie (Shannon Woodward).

    "Trompe-L'Oeil" ainda contou com o retorno de William (Jimmi Simpson) e Dolores (Evan Rachel Wood), numa subtrama cada vez mais romanceada, com ele revelando que descobriu a vida real justamente dentro daquela ficção (exposição, convenhamos, um bocado clichê e muito previsível); e, logo num episódio com bastante ação, o mais dinâmico até aqui, não tivemos o Homem de Preto e Teddy (James Marsden), que tiveram um arco bem entediante no episódio anterior. Mas, com a proximidade do fim da primeira temporada, a tendência é que haja respostas e toda essa jornada ganhe um sentido lá na frente — seja o Homem de Preto a versão mais jovem do William ou não.

     

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