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    The Crown: Confira nossa crítica da primeira temporada

    Saiba o que esperar da série original "mais cara da Netflix" - sem spoilers, é claro!

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    The Crown causou burburinho antes mesmo do início das filmagens. Afinal, a sociedade pode se modernizar, mas a vida da família real britânica segue despertando curiosidade no público. Porém, há outro motivo para tamanho interesse: a produção custou US$100 milhões - um investimento ambicioso da Netflix, que lhe rendeu o título de "série mais cara" do serviço de streaming.

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    Tudo isso para acompanhar os primeiros anos do reinado de Elizabeth II (Claire Foy), que, aos 25 anos, precisou assumir a coroa. E uma coisa é certa: houve um grande trabalho de pesquisa na produção. Desde o primeiro episódio, o espectador é transportado para o Reino Unido dos anos 1950. Grande parte desse mérito vai para a caprichada composição estética da atração. Os detalhes na recriação de cenários da época são impressionantes e merecem todos os elogios. É aposta certa para a próxima temporada de premiações em quesitos técnicos.

    Com uma direção de arte tão caprichada, direção e fotografia encontram espaço para fazer uma "bela festa". Algumas vezes, compõe situações de quase simetria (na qual um detalhe foge do padrão, causando incômodo) ou brinca com planos centralizados. Em outras, joga com luzes e sombras. A escolha de belos cenários naturais é uma cereja nesse charmoso bolo.

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    Um show à parte são os figurinos, capazes de encantar qualquer apaixonado por moda. Além de exprimir beleza e fidelidade, as roupas criadas por Michele Clapton (vencedora de 3 Emmys por Game of Thrones) ajudam a transmitir as personaliddes de cada personagem. Um bom exemplo é a clara distinção entre Elizabeth e sua irmã, princesa Margaret (Vanessa Kirby) - uma é dona de roupas mais sérias, enquanto a outra esbanja figurinos extravagantes e modernos.

    Mas se você deseja um "The Real Housewives" da família real, tire seu cavalinho da chuva. O criador Peter Morgan - que divide a função de showrunner com o diretor Stephen Daldry (Billy Elliot, As Horas e O Leitor) - assina os dez episódios da primeira temporada de The Crown e segue o clima de A Rainha (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por Melhor Roteiro Original). A tensão é estabelecida através de olhares e gestos. Em determinado momento, uma briga violenta entre Elizabeth e seu marido, Philip (Matt Smith) é apresentada ao espectador sem áudio, mas transmite a gravidade da situação.

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    Logo, a série não tem medo de tomar seu tempo para acompanhar os acontecimentos históricos. Por exemplo, muitos vão se surpreender ao perceber que Elizabeth não é o centro das atenções do piloto. O problema é que, muitas vezes, esse ritmo se torna repetitivo e pode perder a atenção do espectador. Pensando em sua totalidade, The Crown apresenta certa falta de consistência ao dosar conflitos políticos e dramas pessoais. Enquanto alguns episódios são tão completos que poderiam gerar filmes, outros pecam em lentidão ou por seguir um caminho educativo demais. 

    Numa situação paradoxal, a série apresenta subtramas dispensáveis e/ou pouco desenvolvidas, mas é agraciada com um elenco eficiente. Como Rainha Elizabeth II, a performance de Claire Foy merece palmas. Desde o primeiro momento, seu trabalho traz humanidade para a monarca, capaz de derrubar todos os preconceitos que giram ao redor de tal figura. Ao longo da temporada, a doce e tímida moça cede lugar para a firme governante e essa transformação é feita com maestria pela atriz, muitas vezes sem uso de palavras.

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    Quem também rouba a cena é John Lithgow, numa composição singular do polêmico Primeiro-Ministro Winston Churchill. Sua atuação é incrível e constrói interessante dinâmica com a protagonista. Infelizmente, o político só apresenta novas camadas emocionais no final da temporada. Já Matt Smith apresenta um trabalho bem diferente de Doctor Who, retratando um homem contraditório: dono de ideais modernos, mas frustrado ao ser subordinado da esposa numa sociedade (ainda mais) machista.

    Vanessa Kirby aproveita a chance de brilhar e representa a princesa Margaret com charme e emoção. Inclusive, seu drama - calma, nada de spoilers (para isso existe a série e o Google) - é um dos melhores dilemas do show, capaz de mobilizar o espectador. Destaque para o embate final entre as duas irmãs, que é de cortar o coração. Jared Harris, Eileen Atkins e Alex Jennings também trazem os lados humanos de grandes figuras públicas e ajudam na identificação com o público.

    Por enquanto, uma segunda temporada de The Crown não foi confirmada, mas rumores apontam que a pré-produção de novos episódios já começou. Caso aconteça, não será uma surpresa. As performances do elenco principal devem atrair atenção da crítica especializada e o drama tem muito potencial. Sem falar que histórias interessantes não irão faltar. Afinal, são 64 anos do reinado de Elizabeth II... até agora.

     

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