O Sindicato dos Diretores de Hollywood, ou Directors Guild of America (DGA) divulgou o seu relatório anual de diversidade em episódios de séries de TV. Todo ano, a associação elabora uma pesquisa a fim de analisar quais séries, emissoras e produtoras aumentaram a diversidade e incluíram mais mulheres e minorias na direção de episódios.
Na temporada 2015-16 da televisão, as emissoras conseguiram apresentar melhoras no quesito diversidade, mas ainda assim, pequenas. Foram mais de 4.000 episódios (precisamente, 4.061) produzidos entre canais abertos, emissoras a cabo e serviços de streaming, de um total de 299 séries, exceto reality shows e programas de competição. O relatório detalha três categorias, a seguir.
Em relação à etnia, diretores ou diretoras caucasianos(as) comandaram 81% dos episódios, contra 19% dirigidos por minorias.
Por gênero, as mulheres dirigiram 17% de todos os episódios produzidos. Foram 783 episódios no total, 85 a mais que em 2014-15, contabilizando um crescimento de 14%.
Homens caucasianos continuam sendo a maioria: Eles comandaram 67% dos episódios, uma queda de 2% em relação ao ano anterior – mas o número total foi maior: de 2.714 para 2.717.
Mulheres caucasianas dirigiram 14% dos episódios; Do total de 19% das minorias étnicas, 16% são homens e apens 3% são mulheres.
Das 299 séries examinadas, 57 (19%) contrataram mulheres ou minorias para dirigir menos de 15% dos episódios – 30 das quais (10%) não contratou ninguém entre mulheres ou minorias.
Das 57 piores, as primeiras são: 11/22/63, Aquarius, Benders, Berlin Station, Blunt Talk, The Detour, Dice, Difficult People, Fargo e Galavant. Entre as que contrataram 0% de mulheres ou minorias estão ainda Heroes Reborn, It's Always Sunny in Philadelphia, Marco Polo, Stranger Things e School of Rock. Séries como Demolidor, Gotham, Ballers e iZombie aparecem na lista pelo segundo ano consecutivo.
Por outro lado, 73 séries, ou 24% das analisadas, demonstraram comprometimento em aumentar a diversidade, contratando mulheres ou minorias para dirigir pelo menos 40% dos episódios.
Destas, as dez primeiras são: Being Mary Jane, The Game, Heartbeat, Zoe Ever After (as quatro com índice de 100% dos episódios dirigidos por minorias), The Soul Man, American Crime, From Dusk Till Dawn, Greenleaf, Transparent e Jane the Virgin. A listas das 'Melhores' inclui ainda Crazy Ex-Girlfriend, American Crime Story, Suits, The Leftovers, Grey's Anatomy, Pretty Little Liars, Homeland e Girls. Além disso, três séries que estavam na lista das piores no ano passado agora estão entre as melhores: Sleepy Hollow (de 11% pra 44%), Agent Carter (de 12% para 40%) e K.C. Undercover (de 14% para 42%).
Por estúdios de TV
O estudo detalha ainda o ranking por oito maiores estúdios de televisão e suas subsidiárias. A CBS levou a melhor, com 41% dos 357 episódios dirigidos por mulheres ou minorias, e a HBO ficou em último lugar, com 22%. Juntos, os oito estúdios supervisionam a produção de 75% de todos os episódios da temporada.
Por plataformas de distribuição
O DGA separa as plataformas em quatro categorias: Broadcast (emissoras abertas), canais a cabo básico (Basic Cable), Cabo prêmium e serviços de streaming (SVOD). Os canais abertos foram os que mais contrataram mulheres (20%), enquanto os canais a cabo básico (AMC, FX, TNT, Starz, etc) acumularam 24% de contratações entre as minorias étnicas.
Em nota, o presidente do DGA, Paris Barclay, afirmou que a situação é inaceitável. Renomado diretor de TV, Barclay destacou o crescimento de produções no setor SVOD, no qual apenas 8% do total de episódios foi dirigido por minorias étnicas, e 17% por mulheres.
"Estes números iluminam a falta de progresso pelos empregadores da indústria, clara e simplesmente. Uma preocupação particular é o crescimento rápido na categoria de vídeos de streaming (...) Os empregadores precisam implementar novas práticas de contratação", declarou.
Proposta de mudança
Durante a última conferência da Associação de Críticos de TV (TCA Summer Press Tour), o presidente do FX Networks, John Landgraf, apresentou a sua proposta de diversidade nas contratações de diretores para a temporada 2016-17. A emissora, a única por enquanto que divulgou proposta do gênero, pretende contratar 49% de diretores caucasianos do sexo feminino, dividindo os outros 51% em mulheres caucasianas (22%), homens não-caucasianos (22%) e mulheres não-caucasianas (11%).
"Nós estávamos todos trabalhando em um sistema racialmente preconceituoso, e não estávamos tomando responsabilidade de dar o primeiro passo, admitir isso e dizer: 'Ok, nós seremos a mudança'."