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    Supermax: "A gente foi livre para imaginar. Esta é a grande diferença que podemos propor neste momento à TV brasileira"

    Confira os principais destaques da coletiva de Supermax, a ainda inédita série de terror produzida pela Rede Globo.

    O que esperar de Supermax? Pelos trailers e clipes já divulgados, pode-se perceber um nítido apuro estético na produção desta ambiciosa série que busca trazer para a TV aberta o conceito do terror e do suspense, em uma história que reúne 12 participantes de um reality show em um presídio localizado em plena Amazônia.

    Por mais que na série o presídio esteja em meio à floresta, na vida real ele foi construído no Projac, na sede da Rede Globo no Rio de Janeiro. O AdoroCinema visitou o local e lá pôde conferir todas as peculiaridades deste ambiente sombrio e clasutrofóbico, onde boa parte da ação se desenrola. Foi lá também que o showrunner José Alvarenga, o diretor José Eduardo Belmonte e seis dos roteiristas deram uma concorrida coletiva, revelando detalhes que você confere logo abaixo.

    Vale lembrar que Supermax estreará na TV em 20 de setembro, com episódios semanais.

    O QUE É SUPERMAX?

    Não é exagero dizer que Supermax é bem diferente de tudo que já foi produzido pela Rede Globo até então. "Supermax tem o viés do terror, mas também de outros gêneros. O interessante do programa é este cruzamento", explicou José Alvarenga. "Ele tem uma parte de thriller policial muito forte, outra sobre o horror, que é quando as pessoas demonstram uma desumanidade inesperada. O terror faz parte também, assim como o suspense e o romance."

    O showrunner revelou ainda qual foi a grande inspiração para a criação da nova série. "A base que serviu de inspiração para que contássemos esta história foi a primeira temporada de True Detective. Fiquei muito impressionado com aquela coisa satânica e pagã que se passava em um mundo esquecido no sul dos Estados Unidos. Achava que a gente tinha que ir por aí, explorar nossas origens africanas e místicas. Isso nos levou à ideia de procurar pessoas que acreditam em trabalhos sobre a lucidez do mal."

    REFERÊNCIAS BRASILEIRAS

    Quando se fala em terror nacional, é muito comum associá-lo ao folclore do país. Em Supermax, Alvarenga e sua equipe quiseram passar longe disto. "Nossa ideia não era propriamente abrasileirar. A gente criou uma história que poderia se passar no Brasil, mas também em qualquer outro lugar", disse o showrunner.

    "Fiz uma pesquisa muito grande neste universo do terror e do suspense, especialmente nas séries. A preocupação de todo mundo era contar uma boa história, o peso de ter a cultura brasileira representada não era uma questão", comentou o diretor José Eduardo Belmonte. "A gente evitou mula-sem-cabeça, essas coisas. Não queríamos entrar neste humor cocada de tem que ser brasileiro", explicou Alvarenga.

    "Qualquer narrativa em que a gente tenta enfiar brasilidade goela abaixo fica ruim. Somos todos brasileiros, atentos à nossa realidade, então a brasilidade surge de forma muito natural na forma como os personagens são estabelecidos. As boas histórias são todas universais, ainda que sejam situadas em um determinado espaço, seja ele Nova York, a Europa ou o Brasil", complementou o roteirista Raphael Montes.

    ESCOLHA DO ELENCO

    "A gente sempre procura trabalhar com atores novos, para mudar a cara do produto", explicou José Alvarenga. "Em Supermax nós temos de mais conhecidas a Mariana Ximenes e a Cléo Pires, que fizeram um trabalho de submersão junto com o grupo. Quando você for ver o programa você não verá a Mariana e a Cléo, mas as personagens."

    Alvarenga disse ainda que todo o elenco passou por uma intensa preparação, de forma a suprir certas lacunas existentes na formação de um ator no Brasil. "Como um ator interpreta, por exemplo, a perda de uma perna? Sua perna sendo amputada a sangue frio? Olhar para um lado e encontrar uma aberração? Esta vivência os atores brasileiros, pelo tipo de trabalho que têm, não têm como puxar internamente de uma vivência pessoal. Nossa dramaturgia básica envolve o drama e o melodrama. Era importante que os atores soubessem transmitir estas emoções. [..] Os atores gringos, por exemplo, já nascem dentro deste universo, já têm estas referências. A gente precisou aprender como é este tipo de interpretação."

    PREPARATIVOS

    Outro cuidado da equipe responsável por Supermax foi em manter o elenco sempre ligado ao universo tenso e sombrio da série. Para tanto, se optou por um certo isolamento do elenco em relação ao restante do Projac, onde são gravadas as novelas e vários programas da Rede Globo. "Este cenário foi construído nos fundos do Projac para que não houvesse uma mistura do elenco com o glamour do local. Imagina só: você faz uma cena de terror ou de aventura, vai tomar um cafezinho, encontra o Tony Ramos e fala um pouquinho sobre a peça da Arlete Salles. O mundo era este! A gente procurou criar este isolamento para que todos ficassem dentro do presídio. Quando gravavam os atores ficavam nas celas, se não eles acompanhavam a cena. Isto foi importante para a convivência do elenco", disse Alvarenga.

    SALA DE ROTEIRISTAS

    Supermax contou com uma situação especial: oito roteiristas, dos mais variados estilos e idades, trabalhando juntos em busca de um texto em comum. Confira a lista: Bráulio Mantovani (Cidade de Deus), Fernando Bonassi (Carandiru), Marçal Aquino (O Invasor), Raphael Draccon (série Dragões de Éter), Carolina Kotscho (2 Filhos de Francisco), Dennison Ramalho (roteirista de Encarnação do Demônio), Raphael Montes (autor de Dias Perfeitos) e Juliana Rojas (Sinfonia da Necrópole).

    "A gente tinha um grupo de roteiristas que trabalhava full time, insaciável. O que era muito interessante, por ter uma ideia nova atrás da outra. Todos viajando juntos, com suas vaidades e narcisismos deixados do lado de fora da porta. Todos os episódios, todas as ideias, foram discutidas em grupo", explicou Alvarenga.

    "A gente tinha as sinopses até o nono episódio, mas sentimos a necessidade de chamar gente de fora que conhecia o assunto, pois nós não dávamos conta disto. Não conhecíamos o gênero, sua mecânica, a não ser como espectador", comentou Marçal Aquino, um dos idealizadores do projeto, ao lado de Fernando Bonassi e José Alvarenga. "Então reabrimos todas as sinopses. Não foi chamado alguém para desenvolver determinado episódio, toda colaboração era bem-vinda. Por mais maluco que isto parecesse. Começamos então a trabalhar capítulo a capítulo e a melhor ideia vencia", complementou.

    "Este esquema do writer's room é quase uma molecagem, pois você fica o tempo todo soltando ideia, dizendo o que vem à cabeça, sem muita censura", brincou Bráulio Mantovani. "A gente escreveu sem nenhum limite. Imaginamos que uma hora viria este limite, mas ele não veio. Isto foi uma grata surpresa!", disse Carolina Kotscho.

    OUSADIA

    Durante a coletiva, vários dos presentes ressaltaram a carta branca dada pela Rede Globo na elaboração de Supermax. "Lembro de uma discussão em que começamos a lançar ideias e falamos que isso nunca iria ao ar, só que filmaram! Foi uma vontade nossa, da criação, da direção e da equipe, da própria Rede Globo, em fazer algo diferente, que tenha elementos conhecidos e identificáveis pelo grande público mas ao mesmo tempo seja inovador", disse o roteirista Raphael Montes.

    "A função da TV é formar público. Ele está aí, assistindo séries e curtindo isso nas mídias sociais, é o assunto dos videogames e das HQs", comentou Alvarenga. "Os americanos estão deitando e rolando com este tipo de clima. É temporada, final de temporada, quem morreu, como... Isso virou um game. Nesta série, fazemos muitas perguntas importantes que apenas são respondidas seis ou sete episódios a frente. O público precisará ter a consciência de não relaxar diante do que está vendo."

    "A gente foi livre para imaginar. Esta é a grande diferença do que podemos propor neste momento à televisão brasileira. Supermax reuniu um monte de gente talentosa imaginando coisas o tempo todo [..] O que foi escrito foi para o ar. Tivemos carta branca da Globo, apoio total, e também estrutural", complementou o showrunner.

    SUPERMAX INTERNACIONAL

    Antes mesmo da estreia na TV brasileira, o conceito de Supermax atraiu interesses estrangeiros. Tanto que, uma semana antes da visita dos jornalistas ao presídio construído, lá era rodada a versão latina da série. "A versão internacional foi dirigida pelo Daniel Burman e partiu da mesma premissa que a gente, mas com características específicas para a comunidade latina. Já foi vendida para Argentina, México, Espanha, Colômbia", explica Alvarenga.

    SEGUNDA TEMPORADA À VISTA?

    Diante de tamanha dedicação, foi até natural perguntar se há planos para mais temporadas de Supermax. José Alvarenga não descarta a ideia, mas não confirma uma segunda temporada. "Quando idealizamos Supermax, ele era um programa de 12 episódios e só. Este é um defeito nosso, meu e destes dois aqui [Fernando Bonassi e Marçal Aquino]. A gente tem a ansiedade de criar outra coisa depois. Mas na negociação do Supermax internacional de cara nos foi pedido as histórias da segunda e da terceira temporadas. Isso para ter qualquer possibilidade de diálogo. Fizemos em cima do que conversávamos durante as filmagens, mas a gente nunca pensou em algo além de 12", revelou. "Vai depender muito de como tudo anda. A gente pode estar envolvido com outras coisas."

     

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