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    Game of Thrones S06E05: A porta se fechou, e nunca foi tão triste

    Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor. Hodor.

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    ATENÇÃO: Contém SPOILERS do episódio 6x05 de Game of Thrones!

    Hold the door!

    Apenas com essas três palavras, uma das primeiras perguntas feitas por leitores de George R.R. Martin e pela audiência da série foi respondida. Agora, sabemos exatamente de onde veio o apelido e a ligação do amigável Wylis com a palavra Hodor. E, bem... podemos dizer que Bran tem culpa nisso. Mas, antes de chegar lá, muitas outras coisas aconteceram no episódio...

    Alcançamos a metade da temporada. Se já não havia tempo a perder antes, agora, então, há menos ainda. E The Door chega para comprovar isso. O quinto episódio do sexto ano da série traz algumas revelações bastante significativas, mas acima disso, comprova onde está o protagonismo este ano. Desde o início deste ano, vem se construindo um clima de finalização, se não em todas as partes da história, pelo menos no enredo que parece ser o mais importante agora: o dos Stark.

    Com Jon e Sansa reunidos na Muralha (que, mais uma vez, é o cenário de abertura do episódio), os preparativos para a batalha pela retomada de Winterfell começam realmente, mas não sem antes a história reforçar mais uma vez o quanto Sansa é uma personagem diferente agora. Através do encontro dela com Mindinho (que viaja milagrosamente de uma ponta a outra de Westeros em um piscar de olhos) e de tudo que ela diz ao confrontá-lo é possível enxergar na jovem nortenha o mesmo senso de justiça e retidão que remete ao seu pai, Ned Stark, em suas palavras duras, porém recheadas de significado. Sem ser apelativa ou gráfica, a cena do diálogo tão direto choca pela dureza de Sansa e pela realidade da situação, e por demonstrar claramente o quanto o que ela passou com Ramsay a fez uma pessoa feroz. Muito mais impactante (e simbólica) que uma cena gratuita qualquer de ‘choque pelo choque’. Fica a dica.

    Sansa, inclusive, é até agora um dos pontos mais altos da temporada – se não o mais. Vê-la se defendendo e deixando de acreditar que os outros farão as coisas por ela é não apenas recompensador para a personagem e um trabalho muito bom de Sophie Turner, mas acaba traçando um curioso paralelo com Daenerys (dos mil títulos) Targaryen. De formas diferentes, ambas acabaram passando por abandonos e traições de familiares ou pessoas confiáveis quando mais novas, e isso as tornou independentes e mais fortes. Já pensou como seria se Sansa ainda tivesse a Lady, sua loba gigante? Ah...

    Ao mesmo tempo que temos Sansa 100% dona de si na Muralha, do outro lado do mapa, uma garota é forçada a lidar com fantasmas do passado. A história de Arya nesta temporada caminha a passos lentos, mas de todos os arcos, é o que ainda se mantém mais próximo à história dos livros. Mas há novos elementos. A peça a que ela assiste, ironizando alguns dos eventos da primeira temporada da série, adiciona algo a mais à mistura. Não é sutil a maneira como a peça a afeta (principalmente as versões de seu pai e sua irmã), mas é um contraponto muito interessante. Tudo o que fez Arya chegar até Braavos foi movido pelo desejo de se vingar dos que fizeram mal à sua família. Mas o seu novo treinamento lhe impede de fazer isso, e ver uma ridicularização de Ned e Sansa a faz lembrar e, possivelmente, questionar, em quem ela realmente quer se transformar. Será que ela vai se tornar mesmo uma discípula dos Homens Sem Rosto ou a sua ligação com a família e o seu desejo de estar em casa vão falar mais alto? Esta é uma escolha que, aparentemente, ela já fez, mas é inegável que sua antiga vida ainda a ‘assombra’. Um novo elemento com que ‘brincar’ em Braavos vem em boa hora para um arco que tem sido majoritariamente repetitivo. Aliás, aquele close era realmente necessário? Game of Thrones, você não consegue mesmo passar uma temporada sem mostrar nudez desnecessária!

    Mas nem apenas de Starks vive Game of Thrones, e o episódio cinco trouxe mais algumas novidades à temporada. A primeira delas foi a Assembleia dos Homens Livres (ou The Kingsmoot, no original), cerimônia entre o povo das Ilhas de Ferro que elege qual será o novo rei. A forma como o episódio conduz o evento é bastante fria e desinteressante, quando se compara ao que ela é nos livros – e até mesmo ao cuidado com o restante do episódio. Inclusive, da última vez que checamos, Regicídio não costumava ser bem recebido em Westeros. Euron simplesmente confessar na frente de todos ter assassinado Balon, e nada acontecer com ele, foge da caracterização.

    O que chama a atenção, aqui, não é necessariamente o fato de Theon ter defendido a ascensão de sua irmã, Yara, ao título de Rainha, ou a postura de Euron quanto aos sobrinhos, mas ter ficado claro como esse braço da história vai se ligar à grande guerra em movimento. Quando Yara e sua tripulação roubam uma frota de navios inteira, é bem possível que ela vá tentar frustrar os planos do tio de se aliar a Dany – indo atrás da Mãe dos Dragões ela mesma. Parece uma espécie de substituição da história de Victarion Greyjoy, personagem dos livros que não foi adaptado para a série. Caso algum Greyjoy (tio ou sobrinhos) chegue até Daenerys, ela então ganha novas companhias e novos pretendentes. Mas, destes, em quais ela pode realmente confiar?

    A outra novidade foi a chegada de Kinvara, a nova sacerdotisa vermelha que vai até Meeren justamente para ajudar Tyrion e Varys a assegurarem o lugar de Dany. Ainda é cedo para dizer o que realmente essa nova personagem vai significar, mas a sua chegada dá uma luz interessante, na série, do quanto há crenças e versões diferentes das profecias nos livros – já que o que Kinvara acredita é diferente da visão de Melisandre, por exemplo. Além disso, um momento que se destaca é a facilidade com que ela atinge o Aranha e o quanto sabe sobre a infância dele. Por isso, é possível que esta adição vá revelar até onde os conhecimentos do Aranha realmente vão – e em quantas conspirações ele está metido.

    Mas o que realmente queremos discutir sobre este episódio ficou para o fim. Com o terço final inteiramente dedicado aos acontecimentos norte, "The Door" explicou nos últimos momentos qual é a porta a que o título se refere, em uma sequência muito emocionante e perfeitamente montada para te fazer ficar muito, muito triste. Mesmo. É interessante notar que a construção dos momentos significativos, aqui, remonta a dicas que foram sendo deixadas nos episódios anteriores; por exemplo, no episódio 2, há a descoberta do nome verdadeiro de Hodor, e na época já havíamos sugerido que o personagem teria alguma importância maior; posteriormente, na cena da Torre da Alegria, vemos que Ned teria conseguido ouvir Bran chama-lo, o que deixa a entender que o garoto teria como influenciar o passado. Aqui, as duas coisas se unem, se justificam e trazem suas consequências.

    Quando Bran encontra o exército do Rei da Noite, descobrimos que a sua presença foi sentida e que, por tê-lo tocado, agora o Caminhante Branco seria capaz de entrar no represeiro. Alguns acontecimentos a partir disso ficam um pouco confusos ou apressados demais (um problema já recorrente na adaptação), mas o que se segue é o que faz Bran talvez entender completamente quais são as suas capacidades. O Corvo o leva até o passado, e ele encontra novamente seu pai e seu tio no pátio de treinamento em Winterfell – assim como Hodor, pré-Hodor, tomando conta dos cavalos. Ouvindo a voz de Meera, Bran a obedece e warga em Hodor de dentro da visão, para que ele os ajude a fugir. Após uma sequência em que todos correm para a saída, Hodor fica para trás segurando a porta, enquanto Meera grita hold the door (segure a porta) para que os Caminhantes Brancos não passem. Imediatamente, lá no passado, vemos as consequências disso. De alguma forma, Bran se conectou ao Hodor jovem de dentro da visão ao mesmo tempo em que estava controlando a mente dele no futuro. Em um segundo, temos a impressão de que Hodor teria conseguido ver Bran ali no pátio. No próximo momento, ele está jogando no chão, repetindo hold the door, últimas que ouviria antes de morrer. Aos poucos, as palavras vão se transformando em... Hodor. E aí está a sua explicação.

    Vemos que Bran percebe que, de alguma forma, foi ele quem causou aquilo em Hodor, embora talvez nem ele entenda exatamente como. Uma outra impressão que havia era de que o Corvo sabia que aquilo aconteceria, e levou Bran para visitar aquele momento de propósito – para que todos os acontecimentos saíssem daquela forma e tudo continuasse com ‘planejado’. No fim, o episódio nos deixa com mais perguntas que respostas. Do que o Bran é realmente capaz com seus poderes? Será que algumas de suas ações já moldaram o passado? Será que é tudo culpa dele? (Não, né, gente!) Como será que Bran e Meera vão sobreviver sozinhos?

    Considerações finais:

    1- Àqueles que ainda não queriam acreditar na morte de Cão Felpudo... a morte de Verão talvez seja uma confirmação. Lobos gigantes estão apenas caindo mortos com qualquer desculpa agora. Se protege, Fantasma!

    2- Tormund sorrindo para Brienne. Esse ship precisa acontecer!

    3- Hodor e Verão. No mesmo episódio! Não estamos sabendo superar. Nunca mais vamos segurar uma porta da mesma maneira. Com a morte de Hodor, este episódio entra no hall dos mais tristes da série. Junto ao da morte de Ned e ao do Casamento Vermelho. É muita tristeza junta.

    4- A explicação de que os Filhos da Floresta criaram os Caminhantes Brancos é importante e de uma certa forma, coloca em questão toda a história conhecida de Westeros desde a chegada dos Primeiros Homens até os dias correntes. Apesar disso, foi inserida em um contexto que facilmente passa despercebida. Uma pena.

    Nota: 4

    O AdoroCinema está escrevendo uma crítica para cada episódio desta temporada de Game of Thrones. Espere pela próxima na semana que vem!

     

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