Já deu para perceber: os guerreiros nômades Dothraki terão um papel maior na sexta temporada de Game of Thrones. No episódio que foi ao ar no último domingo (SPOILER!), todo mundo vibrou quando Daenerys (Emilia Clarke) provou, novamente, seu título de "Não-Queimada". Ela enfrentou a tribo de Khal Moro (Joseph Naufahu), fez um discurso de tirar o chapéu, queimou a cabana com todo mundo dentro e iniciou uma revolução em Vaes Dothraki. Rainha Khaleesi, né?
Para quem teve que aprender, na marra, a língua Dothraki ao se casar com Khal Drogo (Jason Momoa), ela está se saindo muito bem desde então! Você sabia que o idioma foi criado especialmente para a série? O responsável foi David Peterson, linguísta integrante da Sociedade de Criação de Linguagens, que se dedica a criar línguas construídas, também chamadas de conlangs — como o esperanto.
Que tal, então, conhecer um pouquinho mais sobre a linguagem Dothraki? Confira abaixo cinco curiosidades!
A criação
O idioma, que bebe de origens turca, russa, suaíle e inuktitut, começou a ser criado em 2011. Depois que Peterson ganhou uma competição para escrever palavras Dothraki para o episódio piloto. Ele impressionou os produtores ao enviar não só um sumário mas um projeto para toda a linguagem e vocabulário. O linguísta explicou ao The Guardian: "Juntei todas as palavras que existiam dos livros um a três [das Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin] e as analisei cronologicamente para determinar como eram as formas de sílabas, de palavras, quais sons poderiam ocorrer aonde. Então, pude criar mais formas de sílabas e determinar quais tipos de encontros de consoantes haveriam no início de uma palavra".
Palavras do cotidiano Dothraki
Atualmente, mais de 4 mil palavras compõem a língua Dothraki (no começo da série, eram apenas 1,7 mil — e esse número vem crescendo aos poucos). Todas elas são baseadas na realidade das tribos Dothraki. Segundo David Peterson contou à revista Galileu, existem palavras para descrever todas as plantas, animais e fenômenos que acontecem no cotidiano deles — há 14 palavras diferentes para 'cavalo', por exemplo — mas nenhuma para situações que eles desconhecem — como "livro", "ler" e "escrever", afinal, Dothraki não existe na forma escrita. "Também não há palavra equivalente a 'obrigado', porque a cultura deles não observa a gratidão da mesma forma. Mas há palavras diferentes para fezes de animais, dependendo se elas estão frescas ou secas. Como as fezes secas são usadas para fazer fogueiras, essa distinção é muito importante para eles", explicou o linguista.
Línguas da ficção
Além do Dothraki e do Alto Valiriano em Game of Thrones (ambos construídos por Peterson), a Sociedade de Criação de Linguagens também criou o Klingon, de Star Trek, e o Na'Vi, de Avatar. David Peterson, por sua vez, também foi responsável por novas línguas para as séries The 100, Penny Dreadful, Defiance, Dominion, Star-Crossed, The Shannara Chronicles, Emerald City, e para o filme Thor: O Mundo Sombrio.
Aprenda a falar Dothraki
Inglês e espanhol são coisas do passado! A moda agora é falar Dothraki! Você sabia que já existe até mesmo um curso online para isso? Feito em parceria com a HBO, o ensino tem livros, CDs com pronúncias, guias de gramática, vocabulário e exercícios. Confira aqui. Se a Khaleesi aprendeu, por que você não poderia?!
O improviso de Sor Jorah
Só porque o idioma foi criado para a série, não quer dizer que os atores o tenham aprendido — seria um trabalhão, né?! De acordo com Peterson, eles só memorizam as falas e conhecem algumas palavras e expressões (Joseph Naufahu, intérprete de Khal Moro, afirmou em uma conversa no Reddit ter tido aulas via Skype com um "técnico de linguagem"). Entretanto, certa vez, o ator Iain Glen, que interpreta Sor Jorah Mormont, teve que improvisar uma fala em Dothraki durante as gravações da segunda temporada. Eram quatro da manhã e a equipe enviou um email a Peterson pedindo a tradução da fala "pegue todo o ouro e jóias"; só que ele estava dormindo e, quando acordou, já era tarde demais. A solução foi que Glen improvisasse. Segundo David contou ao The Guardian, a beleza de inventar uma língua é que dá para mudar as regras quando imprevistos acontecem. No caso, Sor Jorah não é Dothraki, então, ele teria o direito de pronunciar errado algumas consoantes. Ufa! Ainda bem!