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    Game of Thrones S06E04: Sobre alianças e reencontros

    Nossa crítica de Book of The Stranger, episódio 4 da sexta temporada de Game of Thrones.

    Atenção: contém spoilers do episódio 4 da 6ª temporada de Game of Thrones. Leia após tê-lo assistido.

    Muita gente pode até ter ficado bastante feliz com Game of Thrones há dois episódios, quando a novela Jon Snow finalmente terminou, mas "Book of The Stranger" guardou o que foi, inegavelmente, o momento mais emocionante da temporada até agora. Entre alianças improváveis e reencontros bastante sentidos, o quarto episódio da temporada mostrou que o caminho até o fim deste jogo é bastante tortuoso.

    Repetindo o que tem sido o padrão do sexto ano da série, o episódio abriu com uma cena na Muralha. Em uma conversa com Jon, Edd Doloroso tenta convencer o bastardo a não deixar a Patrulha. E, quando toca o berrante e os portões são abertos, finalmente temos um reencontro de uma parcela dos Stark. Quem não ficou feliz com aquele abraço?!

    O mais interessante do encontro entre Jon e Sansa é que os dois não eram exatamente afetuosos em Winterfell, já que Sansa não considerava muito o meio-irmão. Agora, depois de terem passado por tanto sofrimento, os dois finalmente se reconectam, em uma cena que foi definitivamente a de maior leveza na temporada até agora, após tantas mortes e mágoas terem dado o tom da história. Emocionante ver Sansa e Jon conversando, sorrindo e lembrando do passado em Winterfell!

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    A temporada parece estar buscando, aos poucos, reunir os variados enredos da história em enredos menores, e o reencontro destes dois personagens consegue transmitir a sensação de que, finalmente, os Stark vão começar a agir. Aliás, a atitude partir de Sansa (aquela que vocês adoravam chamar de Sonsa) é ainda mais uma prova não apenas do quanto a personagem evoluiu, mas de como a temporada tem girado em torno da força das mulheres. Brienne e Melisandre, apesar de não terem destaque no episódio, acabam reforçando isso em uma cena carregada de sentido, que relembra o fato de ambas terem sobrevivido aos seus reis que tanto amavam e protegiam – ainda que acreditassem em reis diferentes.

    No Vale, temos o retorno de Petyr Baelish, o Mindinho. Um personagem que, incrivelmente, sobrevive a tudo, sempre sabe o que está acontecendo e parece estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mindinho não retorna só, e a sua apresentação na temporada traz de volta também o Lorde Protetor do Vale, o pequeno Robin Arryn – que não é mais tão pequeno assim. O episódio faz questão de deixar claras a ingenuidade do garoto e sua fraqueza como comandante, mas também já deixa a entender que o retorno do Vale não é despropositado. Aquela ajuda que ele promete a Sansa, provavelmente, será bastante útil na união de forças com os Selvagens e os Nortenhos que se unirem contra os Bolton. Particularmente, a cena pareceu bastante simples e até didática, mas foi uma forma bem objetiva de trazer esta região ligeiramente reclusa de Westeros de volta para a história da série.

    Seguindo para o outro lado do Mar Estreito, o desenvolvimento da história em Meeren foi mais empolgante neste episódio que nos três anteriores. Tyrion é um personagem bastante engenhoso e cheio de recursos, e ver o habilidoso Peter Dinklage ter enfim podido desenvolvê-lo um pouco mais nesta temporada foi animador. Ao propor um acordo com os Mestres de Escravos das demais Cidades Livres, Tyrion entra no perigoso caminho de ter que negociar com o inimigo, o que não parece uma boa ideia. O personagem tem ficado um pouco de lado durante esta temporada, mas neste episódio ele teve mais tempo em cena, e conseguiu utilizar com destreza a sua diplomacia, embora tenha causado algumas divergências. Curiosamente, quem pareceu ter mais equilíbrio de toda a situação foi Missandei, que entendia a necessidade do selo de paz, mas demonstrava preocupação.

    E falando de mulheres no controle da situação, Cersei parece estar retornando à velha forma em Porto Real. A história arrastada do conflito entre o Trono de Ferro e a Fé Militante acaba tornando este arco um tanto enfadonho e até repetitivo, mas Jonathan Pryce faz um excelente trabalho com os monólogos do Alto Pardal, de forma que até mesmo em suas falas mais sublimes, Margaery já conseguiu entender o recado da ameaça que paira sobre sua cabeça e a de seu irmão. Mais uma vez, Margaery é quem demonstra estar mais forte que Loras – em um segundo reencontro entre irmãos do episódio.

    A ameaça sobre os Tyrell, inclusive, é algo que coloca ainda outra mulher em destaque, e estamos falando de Lady Olenna, que aceita fazer um acordo com Cersei em prol de seus netos, Margaery e Loras. A iminente aliança entre a Senhora dos Espinhos e a Rainha Regente, que pareceria impensável em outros dias, promete no mínimo render boas cenas dessas duas mulheres tão cheias de ideias e planos nos capítulos seguintes.

    Ainda em alianças improváveis e reencontros entre irmãos, o arco das Ilhas de Ferro traz as duas coisas. Uma personagem que faz jus ao título de uma mulher forte na série é Yara Greyjoy. Magicamente, Theon já conseguiu chegar a Pyke a tempo da Assembleia dos Homens Livres (ou The Kingsmoot), e mostra que, embora tão diferentes entre si, ele e Yara precisam do apoio mútuo para se equilibrarem no frágil tabuleiro do jogo dos tronos. Por enquanto, ainda é bastante incerto o papel que o arco das ilhas vai exercer em escala maior para a temporada (e, vistas as modificações feitas entre a versão dos livros e da TV, é impossível predizer), mas deveremos saber mais no episódio seguinte.

    A este ponto da história, fica mais do que claro que a temporada está buscando elevar o papel das mulheres na história, em contrapartida às amplas críticas que foram feitas nas temporadas anteriores a cenas gratuitas de estupro e objetificação feminina. É claro, nada disso apaga o histórico da produção, mas dá um enfoque muito mais interessante às personagens criadas por George R.R. Martin. Quando Jon admite que não quer mais lutar, é Sansa quem demonstra bravura e garra; quando Loras diz que não tem forças, é Margaery que o ampara; quando Tommen se mostra um rei enfraquecido, são Cersei e Olenna que unem forças para resgatar os irmãos Tyrell (apesar de que é meio difícil não imaginar que Cersei tenha outro plano para tirar Margaery de seu caminho); quando Yara pensa que Theon vai reclamar a Cadeira de Pedra do Mar, ele anuncia que vai apoiá-la na Assembleia; e, por fim, quando centenas de homens ameaçam estuprar Dany, ela lembra a todos que seu sobrenome é Targaryen.

    A cena final em si é um grande choque. De um lado, foi muito gratificante ver Daenerys Targaryen defendendo a si própria ao invés de apenas repetir os seus títulos a cada oportunidade. Mas a forma como a cena foi feita bate de frente com algo que Martin afirma há anos: os Targaryen não são imunes ao fogo. Obviamente, a cena tece um paralelo, muito bonito, ao final da primeira temporada, quando os dragões nasceram, mas o autor da obra original já explicou em entrevistas que aquela foi uma ocasião mágica, especial, e por isso Daenerys saiu ilesa do fogo. É possível que haja alguma razão especial para isso no futuro, e como ainda não sabemos qual será o desenrolar nos livros, basta especular. De uma forma ou de outra, não dá para negar mais: Daenerys vai longe.

    Considerações finais:

    É interessante notar o paralelo que este episódio constrói. Os três primeiros da temporada começaram e terminaram com cenas na Muralha. Este, porém, começa com uma cena na Muralha mas termina com Daenerys rodeada pelo fogo. (Gelo e Fogo, hem?) Se há alguma mensagem subliminar aí, não sabemos. Mas não deixa de ser curioso.

    A morte de Osha pareceu mais um desperdício da personagem. Uma pena. A cena deixou claro que ela tinha intenção de continuar protegendo Rickon, mas a morte pareceu ser apenas mais uma para causar choque. Todos já entenderam o quanto Ramsay é doentio. Sem propósito algum.

    Por fim, Tormund Terror dos Gigantes encarando, encantando, Brienne de Tarth: alguém já criou um nome para este ship?

    Nota: 4

     

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