Chega ao fim mais uma temporada de Game of Thrones. É hora de fazer uma recapitulação ou, basicamente, contar os corpos que ficaram pelo caminho. Por isso, fique sabendo que esta crítica contém SPOILERS! Se não viu todos os episódios, siga por sua conta e risco.
Fazer crítica de uma temporada é sempre algo complicado, pois há a necessidade de se fazer uma média do que foi visto ao longo de todo período. Ao mesmo tempo, não se pode deixar de lado os pontos altos da produção, que podem não ter sido muitos, mas foram enormes.
Por um tempo parecia claro que o quinto ano de GOT caminhava para ser o mais enrolado e desinteressante de toda a série. Nos sete primeiros episódios, temos poucas grandes cenas e muito tempo perdido. Mas a coisa muda de figura nos últimos três capítulos, que têm seus pontos francos, mas oferecem algumas das melhores cenas vistas nos últimos cinco anos.
Deixando completamente de lado o núcleo de Bran Stark, Hodor e companhia, a temporada marcou uma espécie de ruptura da série com os livros de George R.R. Martin. É claro que eles continuam sendo a principal fonte de inspiração, mas os criadores D.B. Weiss e David Benioff optaram por seguir caminhos diferentes na TV. Isso pode incomodar alguns fãs, mas não é necessariamente ruim.
Daenerys, Tyrion, Jon Snow, Jaime, Cersei, Arya, Sansa e Stannis lideraram os oito núcleos principais da temporada. Arya (Maisie Williams) continua sendo uma das personagens mais cativantes da série e sua sede de vingança continua com tudo. Sua história junto aos Homens Sem Rosto, no entanto, ainda não engrenou e a personagem acabou desperdiçada ao longa de boa parte da trama. Sua irmã, Sansa (Sophie Turner), vinha crescendo como personagem nos últimos tempos, mas acabou o quinto ano sem grandes momentos. E ainda protagonizou uma das polêmicas da temporada ao ser estuprada pelo marido (Iwan Rheon). Salvou-se neste núcleo o fiapo de relação entre os Starks e Theon (Alfie Allen).
Stannis (Stephen Dillane) seguiu na mesma batida dos anos anteriores, mas acabou com um desfecho pouco épico. Após protagonizar um belo momento com a filha no meio da temporada, ele se vê ordenando a morte dela episódios mais tarde. A partir dali, a impressão que deu era que o personagem estava morto para o público. É difícil acreditar que muitos tenham sofrido com seu final.
O mesmo não se pode dizer de Jon Snow (Kit Harington), que cada vez mais vinha demonstrando que sabia muito o que fazer. A trama da Muralha foi uma das melhores do ano, com ele assumindo a responsabilidade de líder e colocando sua vida em risco por seus ideais. O confronto dos Corvos e dos Selvagens com os mortos liderados pelos White Walkers foi um dos pontos altos.
A trama de Cersei (Lena Headey) foi a mais chata ao longo de toda temporada. Sem o pai, ela se mostrou perdida na hora de fazer decisões e acabou colocando o Porto Real sob o comando de um grupo de fanáticos religiosos. Mas provando que tudo em GOT tem potencial para render momentos épicos, a sequência final de Cersei foi belíssima e trágica. Como raramente acontece na série, os criadores usaram o corpo nu da atriz não como fonte de fetiche, mas para demonstrar seu completo desespero. Fez com que o público até demonstrasse certa solidariedade com uma das personagens mais odiadas da produção.
Mas nada irritou tanto quanto o núcleo de Jaime. Sem Brienne ao seu lado, o personagem caiu muito de produção. Nikolaj Coster-Waldau ainda está muito bem no papel, mas acabou prejudicado por uma trama que não foi a lugar algum. Dorne foi um cenário incrível, mas de história vazia. Ninguém se importa com a personagem Myrcella. Sem contar que Dorne ainda rendeu uma das cenas de luta mais patéticas de toda a série. A sequência de Jaime e Bronn lutando com as filhas de Oberyn foi super coreografada.
Chegamos então ao ponto alto. O encontro dos núcleos de Daenerys (Emilia Clarke) e Tyrion (Peter Dinklage). Se a sexta temporada fosse apenas com os dois conversando sobre política já seria incrível. É claro que os produtores não precisavam esperar até o sétimo episódio para colocar os dois frente a frente, afinal já se sabia há muito tempo que eles se encontrariam. Ainda assim, valeu a espera. O quinto ano colocou Dany, pela primeira vez, em uma situação de fragilidade, tomando atitudes precipitadas e erradas em nome da governabilidade. Ela acaba sofrendo uma tentativa de assassinato, mas acaba resgatada por um de seus dragões, naquela que foi a cena mais impactante do ano (que para variar aconteceu no penúltimo episódio da temporada). O dragão, por sinal, ainda viria a protagonizar uma cena "olha que fofinho" no último capítulo. Queremos mais dragões!!!
Tecnicamente, não há muito o que falar de Game of Thrones. É uma série deslumbrante, com trabalhos magníficos de figurino, maquiagem, direção de arte e design de produção. Os efeitos visuais e os cenários estão cada vez mais incríveis.
Os criadores da série já falaram que pensam em terminar a mesma na sétima temporada. Mas no ritmo em que contam a história, é difícil acreditar nisso. De qualquer forma, vamos continuar reclamando que a trama não sai do lugar. Ao mesmo tempo em que esperamos loucamente por mais uma temporada. Chega 2016!