Homenagem malquista. Pela primeira vez, o produtor Adi Shankar enfrentou problemas por realizar um filme independente baseado em franquias de que é fã. A contrário das obras independentes baseadas n'O Justiceiro (Dirty Laundry), no Venom (Truth in Journalism) e em Judge Dredd (Dredd Superfiend), o igualmente ótimo curta-metragem sobre os Power Rangers foi recebido com desaprovação por Haim Saban, criador da série infanto-juvenil.
O produtor egípcio, que desenvolve um novo filme dos Power Rangers com a Lionsgate, alegou quebra de direitos autorais para retirar o vídeo do Vimeo e do YouTube, onde teve mais de 12 milhões de visualizações em apenas dois dias. Diretor do curta-metragem, Joseph Kahn afirmou estar sendo veementemente assediado por Saban. A briga foi feia, e durou até Power/Rangers ser colocado no ar novamente. O autor da queixa voltou atrás. Não sem antes ter sua imagem arranhada.
Ao Deadline, Adi Shankar revelara estar profundamente decepcionado com o "ataque" da Saban Brands à sua homenagem à série. Para satisfação do produtor (e do público, claro), o viral permaneceu disponível na página do produtor no Facebook: "Obrigado, Mark Zuckerberg, por hospedar Power/Rangers e manter sua posição", agradeceu Shankar. A visualização do vídeo na rede social foi impulsionada e já soma quase 270 mil visualizações (a maior parte obtida durante o tempo em que ficou fora do ar no Vimeo e o YouTube).
Estrelado por James Van der Beek e Katee Sackhoff, Power/Rangers tem um visual sombrio e muito interessante (para mim, muito mais que a série original e todos os seus spin-offs). Antes de saber mais sobre a polêmica, confira o filme de 14 minutos (disponível em ) e opine: qual você prefere, a versão original de Haim Saban ou a nova integrante da bootleg series de Adi Shankar?
"A todas as pessoas que gostaram do filme, eu considero essa uma violação absoluta de liberdade de expressão e individualismo", respondeu Shankar à medida de Saban. "Filmes como o meu Power/Rangers ‘Bootleg’ são expressões vitais da criatividade num mundo conturbado como o nosso. Se suprimirmos essa criatividade e tornarmos participantes passivos no consumo da cultura em que vivemos, estaremos, implicitamente, aceitando um perigoso precedente a ser estabelecido para o futuro da Internet", completou, em tom de urgência, e cheio de razão.
O uso aceitável de materiais protegidos por direitos autorais é subjetivo, porém, na maioria dos casos, facilmente identificável. Se o produtor independente apresentar um material original e limitado, e, principalmente, não tiver fins lucrativos, ele não deverá ter problemas. Porém, nem sempre é assim.
"Cada imagem em Power/Rangers é gravação original”, disse Kahn, pelo Twitter. "Nada é pré-existente. Não há imagens protegidas no curta. Eu não vou ganhar nenhum dinheiro [pelo filme] e me recuso a receber. Nem foi bancado pelo Kickstarted [crowdfunding, arrecadado por fãs], eu paguei do meu bolso. Foi realizado para ser disponiblizado de graça. É como se eu tivesse feito um desenho dos Power Rangers num guardanapo e eu desse a um amigo. on a napkin and I gave it to my friend. É ilegal dar um desenho que eu fiz num guardanapo a alguém, de graça? Não."
Passada a confusão, Kahn não parou de tuitar frenética e furiosamente. Ele, inclusive, agradeceu a todos os responsáveis por Power/Rangers ter voltado ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Agradeceu a Haim Saban. Ironia? De certo modo, sim, pois, algumas horas antes, ele o ameaçara: "Nesse momento, o mundo está vendo às suas ações". Esperto. Não teria por que insistir numa briga vencida. Principalmente depois de deixar um breve, porém positivo legado de briga em prol da liberdade de expressão artística.