Hoje, 19 de fevereiro de 2015, é um dia histórico na Televisão norte-americana. Afinal, é chegada a hora do adeus à comédia com atores mais longeva da TV atual, além de uma das mais controversas dos últimos anos: Two and a Half Men.
Se o humor vulgar da série foi, muitas vezes, alvo de duras críticas de seus detratores, também significou a fórmula de seu grande sucesso durante as oito primeiras temporadas, quando, explorando a fama de boêmio, bebum e mulherengo de seu protagonista, Charlie Sheen, a comédia da Warner Bros ganhou prêmios, se tornou líder de audiência e alçou seu criador, Chuck Lorre, a uma posição privilegiada dentro da indústria.
Do céu ao inferno (dentro da série), Lorre tornou-se o principal culpado pelo vertiginoso declínio da série. Ele foi o responsável pela demissão de Sheen, e também incapaz de manter o nível da atração após abrir mão de seu grande astro. Não à toa, a ele é sempre direcionada a pergunta que nunca mais calou: Charlie Sheen retornará à série?
O meu palpite é que sim, hoje teremos uma última palhinha de Charlie Harper na comédia exibida pela CBS. Se não, Chuck Lorre terá dado mais motivos para todas as acusações negativas (manipulador entre elas) que recebe bastidores e imprensa afora.
Intitulado "Of Course He's Dead" ("É claro que ele está morto"), o episódio final de Two and a Half Men evidencia que o especulado retorno do personagem será tão explorado na trama quanto foi na mídia, mas o produtor segue mantendo o mistério. Tudo isso a despeito do próprio ter deixado a possibilidade no ar, prometendo homenagear as duas fases da série em entrevistas recentes.
"É uma hora longa, muita coisa coisa acontece. Há muitas surpresas, e nós piramos fazendo isso. Foi uma tentativa de absorver tudo, fazer o final reconhecer tudo o que vivenciamos e tudo que as pessoas vieram a esperar da série", disse Chuck Lorre ao The Hollywood Reporter, ontem, fugindo à real pergunta: por que a CBS iria explorar o retorno de Charlie, inclusive por meio de notas para a imprensa, se isto não acontecesse? Discussão ética em pauta.
Criativamente, Lorre e cia. se esforçaram, de várias formas, para honrar a história da decadente série em sua temporada final. O (polêmico) casamento de Walden (Ashton Kutcher) e Alan (Jon Cryer) e a consequente adoção de Louis (Edan Alexander) encerram um ciclo. Segundo Lorre, o objetivo sempre foi retomar a dinâmica inicial de Two and a Half Men – como dois homens impactam na formação de um garoto –, e isso será explorado no episódio de hoje à noite. Que funcione narrativamente; jamais terá funcionado junto aos fãs.
Tanto quanto teriam preferido o cancelamento da comédia quando da demissão de Charlie Sheen, o público cativo de Two and a Half Men só deseja o retorno de Charlie Harper (e tudo que o personagem representa) nesse episódio final. Cientes disso, os envolvidos exploraram a possibilidade o quanto puderam. Não torná-la realidade poderá ser o último tiro em um pé já baleado; um final melancólico. Veremos...