Por essa ninguém esperava! Os fãs das novelas A Vida da Gente e Sete Vidas, sucessos do horário das 18h, foram surpreendidos com a notícia da dispensa de Lícia Manzo, uma das autoras mais aclamadas da TV Globo, após 32 anos de dedicação à emissora.
A informação foi divulgada pela colunista Anna Luiza Santiago, do jornal O Globo. Segundo ela, Lícia estava com uma novela inédita prevista para substituir Elas Por Elas em agosto de 2023, mas, infelizmente, o projeto foi cancelado antes de entrar na etapa de produção. Com isso, a autora não teve seu contrato fixo renovado e acabou sendo dispensada.
Web se revolta com saída de autora da TV Globo
Mesmo com alguns capítulos escritos, a trama de Lícia – intitulada O País de Alice – foi deixada de lado, sendo substituída por No Rancho Fundo, de Mario Teixeira. Garota do Momento, de Alessandra Poggi, é a próxima da fila. Todas essas notícias, claro, deixaram os fãs da autora indignados! No Threads, alguns expressaram seu descontentamento.
"Lícia Manzo merecia ser celebrada e não dispensada. A Vida da Gente e Sete Vidas são verdadeiras joias do horário das 18h", disparou o roteirista Thiago Pasqualotto. Nos comentários, várias pessoas concordaram. "Os chefões do núcleo de dramaturgia da Globo é que deveriam ser demitidos!", disse outro. "Perde a Globo", avaliou mais um perfil.
Confira mais reações:
"O responsável pela teledramartugia da Globo está comprometendo o resultado. Licia tinha um texto primoroso e dona de dois grandes sucessos: 'A Vida da Gente e Sete Vidas'
"Um Lugar ao Sol é um ícone injustiçado também, né? Claro que tem seus defeitos, mas é uma novela ótima. Estava torcendo pela novela que ela chegou a iniciar, mas cancelaram"
"Esse povo da dramaturgia da globo vai conseguir acabar com o q conhecemos como novela. Demitem essa mulher e daqui a pouco 'Êta, Mundo Bom 2'. Misericórdia"
Esperamos 8 anos para ver a continuação desta novela de sucesso – e o retorno de atores insubstituíveis já foi confirmado!Lícia entregou dois grandes sucessos para a emissora
Essa revolta é plenamente justificada. A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015) não apenas conquistaram excelentes índices de audiência, como também tocaram o público de uma forma que poucas novelas conseguem.
Histórias realistas, cheias de sensibilidade, com personagens complexos, que viviam dilemas familiares e emocionais com os quais qualquer um poderia se identificar. Em uma era de novelas recheadas de vilões caricatos e reviravoltas exageradas, Lícia apostou no drama humano, com toques sutis e profundos, e o resultado foi arrebatador!
A Vida da Gente não teve vilões em sentido clássico, mas apresentou conflitos tão profundos quanto. Quem não se emocionou com a trajetória de Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano)? As irmãs viviam uma amizade inseparável até serem colocadas à prova por uma tragédia que mudou suas vidas.
A ausência de grandes maldades e a construção de personagens ricos em camadas emocionais foi um diferencial que garantiu o sucesso da trama tanto na sua exibição original quanto em sua reprise, em 2021, durante a pandemia. A novela voltou ao ar como um abraço reconfortante para um público ávido por histórias de superação e afeto.
Já Sete Vidas, exibida em 2015, apresentou um enredo ousado para a época, discutindo novos formatos familiares, como filhos gerados por inseminação artificial e a complexidade dos laços entre meio-irmãos que se encontravam por acaso. A novela emocionou ao tratar de temas modernos com um tom realista e delicado.
A cena em que o personagem de Thiago Rodrigues explica aos filhos pequenos sobre famílias com duas mães é até hoje lembrada por muitos, e os diálogos inteligentes e a sutileza de Lícia Manzo foram amplamente elogiados por críticos e espectadores! Novelões no melhor sentido da palavra, sejamos sinceros.
A pedra no caminho: Um Lugar ao Sol
Mas nem só de sucessos foi feita a trajetória recente da autora na Globo. Seu primeiro trabalho no horário nobre, Um Lugar ao Sol (2021), não teve a mesma sorte. Marcada pela estreia em um momento de grandes incertezas durante a pandemia, a novela enfrentou uma série de desafios que a impediram de decolar.
Embora o enredo sobre os gêmeos Christian e Renato (vividos por Cauã Reymond) tivesse potencial para envolver o público, a produção pré-gravada limitou qualquer possibilidade de ajustes durante a exibição. Como bem observou a crítica, a trama não conseguiu cativar e manter o público, e os números de audiência foram dolorosos.
Logo na primeira semana, Um Lugar ao Sol registrou a pior estreia de uma novela das nove em 52 anos. Faltava aquele toque de flexibilidade que muitas vezes salva uma trama, permitindo mudanças ao longo dos capítulos. Além disso, a divulgação tímida e as oscilações no horário de exibição contribuíram para o afastamento do público. Não adiantou a Globo tentar remediar; o público já havia perdido o interesse.
Apesar de Cauã Reymond se desdobrar em dois papéis e o roteiro trazer dilemas existenciais profundos, Um Lugar ao Sol encerrou sua jornada com uma média de 22,3 pontos, ficando abaixo até de novelas que já haviam sido taxadas de fracasso, como Babilônia.
Com sua despedida da emissora, Lícia Manzo deixa um legado difícil de ignorar. Suas novelas humanizaram o horário das seis e provaram que tramas densas, com personagens reais, podem ser tão cativantes quanto os folhetins mais tradicionais.
Os fãs sempre terão motivos para rever A Vida da Gente e Sete Vidas no Globoplay – verdadeiras obras-primas que passaram longe de qualquer fracasso.