O sexto e último episódio da 1º temporada de Cidade de Deus: A Luta Não Para estreia na HBO e na MAX neste próximo domingo (29). E promete trazer a resolução do conflito entre o traficante Bradock (Thiago Martins) e as forças de segurança do Rio de Janeiro. Mas, assim como na vida real, seja qual for o desfecho da temporada, o cenário de violência, tanto na Cidade de Deus, quanto no Rio de Janeiro, ainda está longe de um “final feliz”.
Um dos pontos extremamente positivos da série derivada, que a separa do filme original de 2002, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, é justamente, a disposição para deixar a narrativa mais complexa do que o filme conseguiu transpor para as telas. Ao adicionar camadas políticas ao enredo, a série tenta explicar como a violência da qual os moradores de comunidades estão sujeitos, não é por acaso. E o quanto ao longo das décadas, ela também ganhou novos atores centrais.
O spin-off se passa vinte anos depois dos acontecimentos do longa-metragem, no começo dos anos 2000. A partir da atuação jornalística de Buscapé (Alexandre Rodrigues) e sua colega de profissão Lígia (Eli Ferreira), somos apresentados a uma subtrama protagonizada pelo miliciano fictício interpretado por Otavio Linhares.
Apesar da 1º temporada ainda ser extremamente focada em Bradock, tudo indica que essa história pode ganhar novos enredos, com a atuação da milícia impactando a vida dos moradores da favela - e se revelando estritamente ligada ao poder.
Derivada de um dos melhores filmes brasileiros, esta série vai ganhar novos episódiosConforme mostra a série, a milícia - no primeiro momento chamada de "polícia mineira" - surgiu como uma promessa de "proteger" as comunidades da dominação do tráfico. A intenção de Cidade de Deus: A Luta Não Para, foi justamente aproveitar o recorte temporal que a série trabalha, para representar quando esses grupos começaram a se estabelecer no Rio de Janeiro:
“O filme capta o momento em que a milícia está se estabelecendo [...] Nos dias de hoje, a Zona Oeste do Rio está parcialmente tomada por elas. E há a ligação estreita entre milícia e política, que conhecemos muito bem” disse Aly Muritiba, diretor dos episódios, à revista Veja.
Ao adicionar essa subtrama, Cidade de Deus: A Luta Não Para, atualiza o filme original, para muito além de disputas pessoais dentro da comunidade ou guerra de facções. E se torna um produto audiovisual que tenta explicar um pouco melhor, e com muita responsabilidade, a divisão territorial do crime organizado no Rio - e que só se agravou de lá para cá.
Assim, além de uma série visualmente interessante, com personagens bem construídos, - tudo isso, vale dizer, preservando a alma do filme - Cidade de Deus: A Luta Não Para, também assume uma posição e se torna um produto relevante para uma análise de nossos tempos.
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