Quem vai ao teatro assistir Priscilla, a Rainha do Deserto e se depara com Reynaldo Gianecchini interpretando uma drag queen, jamais diria que ele já recusou interpretar um personagem gay na TV. É isso mesmo, em 2009, o autor Aguinaldo Silva convidou o ator para fazer um vilão homossexual na série Cinquentinha e o galã disse não.
Na época, a história oficial era que Gianecchini já havia se comprometido com Silvio de Abreu para participar da novela Passione. Entretanto, em entrevista ao blog da Patrícia Kogut, o ator acrescentou que também estava com a agenda lotada até o final do ano, por conta da peça Doce Deleite que iria ser apresentada em Portugal.
Em contrapartida, Aguinaldo Silva deu uma entrevista para a coluna da Mônica Bergamo, da Folha, e disse que, na opinião dele, o ator havia recusado o papel por conta da grande repercussão que a notícia teve. "Talvez ele tenha achado que não era a hora de fazer um personagem desse tipo. E voltou atrás”, afirmou o autor.
O galã e sua sexualidade
Em 2019, em uma entrevista para o Jornal O Globo, Gianecchini afirmou que sua sexualidade não cabia em uma gaveta, pois era muito ampla. Isso porque, desde que foi lançado no meio artístico, o galã é cobrado para ter um rótulo. Entretanto, de lá para cá, ele tem tentado se manifestar mais abertamente sobre o assunto (o ator se identifica como homem pansexual).
Na mesma conversa, o Matias de Bom Dia, Verônica afirmou que considerava aquele momento uma boa hora para se manifestar. “Demorei para falar porque isso esbarra sempre no tamanho do preconceito no Brasil. Mas agora é importante reafirmar a liberdade, por mim e por quem enfrenta repressão”, contou.
Recentemente, Giane rasgou o verbo sobre as cobranças insistentes a respeito de sua vida privada: "As pessoas ficaram falando a vida inteira sobre a minha sexualidade. Antes era porque eu não saia do armário. Agora me julgam porque eu não saí antes, disseram que quero lacrar. Eu não aguento mais, as pessoas ainda me cobram", disse ele ao canal Selfie Service, no Youtube.
Agora me julgam porque eu não saí antes [do armário], disseram que quero lacrar
Repercussão do musical Priscilla
Baseado no filme australiano Priscilla, a Rainha do Deserto, de 1994, o musical que tem Gianecchini no elenco conta a história de duas drag queens e uma mulher trans que são contratadas para fazer um show no deserto com seu ônibus colorido, chamado Priscilla.
Desde que foi anunciado na montagem, o ator tem sido alvo de ataques homofóbicos. Na peça, interpreta Tick, uma das protagonistas da história, e recebe constantemente mensagens preconceituosas e de ódio nas suas redes sociais.
Gianecchini usou o Instagram para falar sobre o episódio: "Estou recebendo um monte de comentários negativos de pessoas que misturam o personagem com a minha vida pessoal. Destilam toda sua raiva, seus preconceitos e falam coisas inacreditáveis", pontuou.
"Muita gente não queria me ver nesse papel, querem me cancelar. Curioso, né? Um psicopata é legal, mas uma drag não é. Tá vendo porque temos que fazer esses personagens? Temos muito para falar ainda. Esse é o Brasil que a gente vive", completou revoltado.
Priscilla a Rainha do Deserto – O Musical está atualmente em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo (SP). Classificação etária: 16 anos.