Atenção, spoilers! É aconselhável que você tenha assistido à 4ª temporada de The Boys antes de continuar lendo.
Depois de várias semanas no Prime Video, a 4ª temporada de The Boys acaba de terminar com um episódio final explosivo, que embaralha todas as cartas da adaptação da história em quadrinhos homônima de Garth Ennis e Darick Robertson.
Como termina a 4ª temporada de The Boys?
Tudo se acelera no episódio final da 4ª temporada de The Boys, só que para pior. Victoria Neuman (Claudia Doumit) se aproxima graças a Hughie (Jack Quaid) para proteger a si mesma e a sua filha Zoe de Homelander, o Capitão Pátria (Antony Starr), após ele revelar ao mundo que ela tem poderes, sem pensar nas consequências dessa revelação.
Mas Butcher (Karl Urban), ainda perturbado por sua doença e pelo composto V que tomou, a mata imediatamente. Ele pensou que a solução poderia vir de Ryan (Cameron Crovetti), que teria sido treinado para matar Capitão Pátria. Mas Ryan se sentiu encurralado e matou Grace Mallory (Laila Robins), uma ex-agente da CIA e contato de Butcher, antes de fugir.
Esse é o começo do fim para Butcher, que ainda tem as vozes de sua esposa Becca (Shantel VanSanten) e do amigo Kessler (Jeffrey Dean Morgan) em sua cabeça, já que ele parece estar seguindo seu lado demoníaco e está desesperado para matar todos os Supers, com a ajuda do Supervírus, mesmo que isso signifique genocídio.
Por sua vez, Capitão Pátria manda matar todos os seus detratores na Vought e reúne os Sete ao seu redor, incluindo Cate (Maddie Phillips) e Sam (Asa Germann) de Gen V, que ele recrutou. Enquanto isso, Robert Singer, o candidato à presidência, enfrenta uma tentativa de assassinato, mas é protegido pelos Boys, antes de ser preso.
Graças ao plano da Irmã Sage (Susan Heyward), sempre agindo no interesse de Capitão Pátria - que conseguiu que a 25ª Emenda fosse invocada para que Calhoun pudesse se tornar Presidente - ele recebe plenos poderes.
Calhoun declarou a lei marcial e nomeou centenas de super-heróis como seus representantes, subordinados diretamente ao Capitão Pátria. Que por sua vez, declara que Victoria Neuman havia sido morta por Stellactivists - acampamento de Starlight (Erin Moriarty), contra seus partidários fanáticos e supremacistas -, com o objetivo de promover o ódio. E também explica que um exército de super-heróis irá perseguir e caçar todos os “traidores” do país.
Ele conta com o apoio de Firecracker (Valorie Curry), que agora tem seu próprio programa de notícias falsas, além de fazer parte dos Sete, para divulgar suas mensagens de propaganda na mídia:
“Os Estados Unidos estão finalmente vendo a verdadeira face dos wokes: monstros empenhados em destruir nossa herança, negociar com nossas crianças e feminizar nossos homens. Sob a liderança de Homelander [Capitão Pátria], nós nos uniremos como um só. Faremos com que os Estados Unidos sejam fortes novamente. O orgulho dos Estados Unidos. Mas, acima de tudo, restauraremos a superioridade dos Estados Unidos”.
Enquanto esses discursos estão sendo feitos, os Boys são sequestrados pelo exército de super-heróis e pelas forças da lei e da ordem, e presos em campos de detenção para dissidentes, planejados por Homelander e pelo governo. Apenas Starlight consegue escapar, e Butcher sai por conta própria com o supervírus. Finalmente, na última cena, Homelander descobre que Soldier Boy (Jensen Ackles), seu pai, ainda está vivo.
The Boys continua mais próxima da realidade do que nunca
A série muito popular, tem sido alvo de algumas críticas por sua longevidade e pelos temas considerados por um determinado segmento do público como "woke" [ou seja, "acordados", "abertos" a questões de discriminação social].
E a 4ª temporada vai ainda mais longe nos comentários políticos e nas críticas à era Trump, com Eric Kripke descrevendo-a ao The Hollywood Reporter como “uma história sobre a interseção de celebridade e autoritarismo e como a mídia social e o entretenimento são usados para vender o fascismo”.
No entanto, Eric Kripke, o showrunner de The Boys, não escondeu sua intenção, desde o início da série, de cobrir todas as mudanças sociopolíticas pelas quais nossa sociedade passou e de denunciar, por trás da fachada super-heroica, a violência e o cinismo, os excessos de autoritarismo, racismo, misoginia e todas as outras discriminações e violências nos Estados Unidos e no mundo, por extensão - já que muitas democracias estão ameaçadas pela ascensão do fascismo.
Com a 4ª temporada muito mais direta, o diretor da série sentiu certamente a necessidade de reafirmar que The Boys é mais do que um entretenimento pop ambientado em uma realidade alternativa, e que está mais fundamentado na realidade do que os fãs imaginam:
“Se alguém achar que o programa é 'woke' ou algo do gênero, eu não me importo. Vá assistir a outra coisa. Mas certamente não vou me restringir ou pedir desculpas pelo que fazemos. Algumas pessoas que assistem ao programa acham que Homelander é o herói. O que podemos dizer sobre isso? O programa é muitas coisas. Mas não é sutil. Portanto, se essa é a mensagem que você recebe dele, eu desisto.”
"Como eles só perceberam agora que estão sendo zoados?": Parte do público finalmente está entendendo as piadas de The BoysEmbora ele esteja ciente de que não pode mudar o mundo com The Boys, há um desejo de se aproximar da realidade. Não é à toa que a 4ª temporada se passa no auge da campanha eleitoral dos EUA. A série critica Trump e suas políticas por meio de Homelander, um super-herói ultra patriota com um sorriso perverso, que sabe muito pouco sobre política.
Eric Kripke usa The Boys como válvula de escape para criticar todas as bobagens dos campos ultraconservadores e fascistas dos Estados Unidos, que buscam opressão ou regressão aos direitos adquiridos, principalmente pelas minorias, e isso acontece através de situações sarcásticas.
O título do último episódio teve de ser alterado no último minuto
Tanto que The Boys talvez esteja em sintonia com os acontecimentos atuais até demais. De fato, o título do episódio final da 4ª temporada foi alterado devido aos acontecimentos políticos atuais, conforme revelado pelo Independent. Originalmente intitulado “Assassination Run” (Corrida do Assassinato), esse episódio final acabou sendo renomeado para “Season 4 finale” (Final da 4ª temporada), devido à tentativa de assassinato do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Em 13 de julho, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, tentou matar Donald Trump em um comício eleitoral na Pensilvânia. E o episódio final da 4ª temporada de The Boys também apresentou uma tentativa de assassinato do candidato à presidência Robert Singer. Uma semelhança assustadora.
Além do título modificado, o Prime Video adicionou um aviso antes do episódio nos EUA:
“Destinado a um público informado. Este episódio contém cenas de violência política fictícia. Qualquer semelhança com eventos recentes é inteiramente coincidência e não intencional. Prime Video, Amazon, MGM Studios, Sony Pictures Television e os produtores de The Boys se opõem, nos termos mais fortes possíveis, a qualquer forma de violência real.”
Portanto, The Boys está tragicamente em sintonia com os eventos atuais e destaca os problemas enfrentados pela sociedade norte-americana. Especialmente na 4ª temporada, quando abraça apostas mais altas, ampliando os limites e embaralhando todas as cartas em direção a uma resolução que promete ser explosiva, na 5ª e última temporada da série, pela qual já estamos ansiosos.
Todas as quatro temporadas de The Boys e a primeira temporada de Gen V estão disponíveis no Prime Video.
*Conteúdo Global AdoroCinema