2023 foi um ano especial para Doctor Who e seus fãs. As típicas celebrações de aniversário da franquia, que completou 60 anos de existência, provaram ser o verdadeiro prelúdio para uma muito bem-vinda nova era ao universo familiar do Doutor. Isso tudo selado pelo retorno da mente criativa de Russell T. Davies e a passada de bastão dos icônicos David Tennant e Catherine Tate à Ncuti Gatwa e Millie Gibson, em uma espécie de “soft reboot” da série - muito similar ao que aconteceu em 2005, quando voltou a ser produzida pela BBC.
Talvez tão importante quanto as novidades mencionadas acima, o recomeço é marcado não somente pela produção da tradicional BBC, mas também sob tutela e distribuição mundial do streaming Disney+. O que significa uma exibição ampla em quase todo o mundo, uma notícia positiva para fãs novos e antigos, que sempre precisaram recorrer a todo tipo de conservação para assistir a série, em especial seus arcos clássicos e perdidos.
Os dois primeiros episódios da nova 1ª temporada de Doctor Who (2024) - intitulados Space Babies e The Devil's Chord - chegam ao Disney+ em 10 de maio, e são sequências diretas do especial de natal The Church on Ruby Road, em que a personagem de Gibson conhece a 15ª encarnação do Doutor interpretada por Gatwa.
Juntos, os primeiros capítulos são a prova de que ambas as escolhas foram acertadas para os protagonistas. Ncuti Gatwa e Millie Gibson estão eletrizantes em seus papéis, a dupla enche a tela de carisma e nuances que sustentam as primeiras aventuras dos heróis que, para bem ou mal, sofrem de várias similaridades com eras passadas.
Contudo, não é preciso se preocupar muito com isso: Russell T. Davies permite que os novos episódios supram informações necessárias para serem uma boa porta de entrada ao universo do Doutor para qualquer novato. A dinâmica entre 15 e Ruby é estabelecida quase instantaneamente, e o roteiro faz um bom trabalho em dar pistas iniciais sobre a origem incerta da personagem que presumimos ser o ponto central da trama neste primeiro ano.
O que é bastante cativante a respeito de Ruby e, fãs de longa data com certeza notaram as semelhanças, é ela ser uma jovem “normal” e de fácil identificação, que assim como Rose (Billie Piper), Martha (Freema Agyeman) e Donna (Catherine Tate), funciona como a porta de entrada ideal para o espectador que também acompanha o Doutor através do espaço tempo.
Nos últimos anos do programa, foi impossível deixar de notar o quão desinteressantes os companions do senhor do tempo se tornaram, especialmente durante a fase da Doutora (Jodie Whittaker). Sim, os fãs amam o Doutor, mas uma encarnação sua só é tão boa quanto seus parceiros de viagem, e isso é um fato quase inquestionável.
Ruby não é mais uma personagem com passado misterioso para o Doutor desvendar. Ela também tem um círculo diverso de amigos e família, e muita coisa em jogo, o que recupera aquela tensão necessária que tanto fez falta no programa.
Russel T. Davies trabalha com velhos truques de roteiro que continuam funcionando muito bem, servindo como um respiro para a fórmula mágica que em mãos menos cuidadosas pode ser tão entediante. Ncuti Gatwa é o primeiro ator negro e abertamente gay a interpretar o Doutor, e felizmente nada passa despercebido em sua caracterização de 15, que é a encarnação mais queer do personagem até então.
Doctor Who será gay na próxima versão, confirma atorTambém é de grande destaque a introdução de Maestro, vivida pela drag queen Jinkx Monsoon. Em um episódio inteiro ambientado nos anos 60, em que o Doutor e Ruby esbarram nos Beatles (!), Jinkx Monsoon performa uma antagonista completamente maníaca e fora de controle que, como tantos outros, odeia o Doutor.
Talvez, a grande dificuldade de entrar neste mundo para quem nunca assistiu Doctor Who seja o nível de camp que a série costuma flertar e o desprendimento que requer, algo que está impresso no DNA do show desde seus primórdios. Porém, nesse ritmo, o futuro do Doutor e Ruby parece bastante promissor nas mãos de Russell T. Davies.
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