Quando você assiste a Dragon Ball, é fácil perceber que ele tem uma clara influência da cultura chinesa, tanto em termos de cultura quanto de paisagens. Akira Toriyama sempre teve curiosidade sobre a China e, de fato, viajou para lá algum tempo antes de criar o mangá que todos conhecemos. Diz-se que sua esposa foi uma grande arquiteta desse interesse pela China, embora a paixão do famoso mangaká por filmes de artes marciais estrelados por Bruce Lee e Jackie Chan também o tenha influenciado.
No entanto, talvez um dos detalhes mais negligenciados seja o fato de que as aventuras de Goku compartilham muitos elementos com uma das mais importantes obras literárias existentes: Jornada ao Oeste. Esse romance chinês do século XVI é provavelmente a obra oriental mais popular que existe e conta a história da aventura de um monge para recuperar alguns textos sagrados.
A verdadeira origem de Goku
Jornada ao Oeste conta a história da peregrinação do monge Tang Sanzang, que viajou pelo Ocidente em busca de textos budistas sagrados, superando muitas provações e sofrimentos. Mesmo esse, que é o tema principal, poderia ser entendido como a base de Dragon Ball, que continua sendo a aventura de superação de um garoto para encontrar as sete esferas mágicas (que continuam sendo objetos místicos) e que, como você sabe, também teve que sofrer muito. Mas a melhor parte vem agora, porque as influências são mais do que óbvias.
Acontece que em Jornada ao Oeste, o personagem de Tang Sanzang tem três discípulos. Um deles é Zhu Bajie, um humano meio porco que é famoso por ser ganancioso e pervertido. Além disso, no romance, ele sequestra uma mulher e tem a capacidade de se transformar em uma infinidade de seres.
Parece familiar? É praticamente a descrição de Oolong, aquele porco humanoide que podemos ver nos primeiros episódios da série de mangás e que, como curiosidade, usa um uniforme do partido comunista chinês.
Na verdade, as referências chinesas captadas por Akira Toriyama estão por toda parte. Por exemplo, o personagem Kuririn representa os monges Shaolin, tanto em sua roupa inicial quanto nos seis pontos em sua testa.
Com outro dos elementos mais icônicos da série, o dragão Shenlong, acontece algo semelhante, pois ele é uma referência a um dragão espiritual da mitologia chinesa com exatamente o mesmo nome, e é capaz de controlar a chuva e o vento (o que pode coincidir com o fato de que nuvens e tempestades aparecem quando ele é invocado).
Mas voltando a Jornada ao Oeste, sua referência mais forte é encontrada no protagonista da aventura, Sun Wokung (pronúncia muito semelhante a Son Goku). Também conhecido como o Rei Macaco, ele é um personagem conhecido por possuir grande força, mover-se em alta velocidade e ser capaz de saltar grandes alturas.
Em particular, ele possui uma técnica especial chamada “salto na nuvem” (que pode ter sido a inspiração para a nuvem Kinton), bem como um cajado com a capacidade de mudar de tamanho, o que certamente lhe parecerá familiar... De fato, Goku tem a cauda de um macaco.
Há ainda outro detalhe muito relevante, que é o fato de Sun Wukong alcançar a imortalidade, um tema recorrente em Dragon Ball por meio da ressurreição dos personagens principais. Tanto que Goku pode ser visto praticamente como uma espécie de deus nas partes mais avançadas do mangá e do anime.
E há mais, já que ambos os personagens compartilham um certo toque de hooligan, embora um o faça mais pelo humor e o outro pela inocência... mas o tom satírico é muito semelhante. Em suma, Jornada ao Oeste é considerada uma magnífica sátira do poder governamental chinês, e Dragon Ball é, ao mesmo tempo, uma versão bem-humorada dessa obra.
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