O sucesso de True Detective mudou a televisão desde a estreia de sua primeira temporada há dez anos. Já sabíamos da “era de ouro” das séries, mas raramente uma delas tinha sido tão cinematográfica, e poucas, muito poucas, tinham quebrado o tabu de estrelas do cinema atuando na TV, com Woody Harrelson e Matthew McConaughey tendo sucesso em grandes projetos e trabalhando para uma emissora sem que isso fosse um “rebaixamento”.
Agora temos a quarta temporada da famosa série de investigação policial, intitulada True Detective: Terra Noturna, que estreou na HBO Max em 14 de janeiro.
Na trama, as detetives Liz Danvers (Jodie Foster) e Evangeline Navarro (Kali Reis) começam a investigar o estranho caso do desaparecimento de oito trabalhadores da Estação de Pesquisa Tsalal Arctic durante uma noite de inverno em Ennis, no Alasca. Durante a investigação, as duas acabam enfrentando seus próprios demônios escondidos, enquanto antigos segredos e verdades são desenterrados das congeladas ruas do Alasca.
É impossível pedir que uma quarta temporada cause o mesmo impacto da primeira, mas, depois de duas temporadas de True Detective que deixaram muito a desejar, espera-se sempre que o retorno pegue algo do que se espera quando se enfrenta algo relacionado à primeira.
E embora não esteja à altura disso, é um retorno às raízes que recupera um dos elementos mais perdidos: o terror cósmico. Há até homenagens a Se7en - Os Sete Crimes Capitais e O Enigma de Outro Mundo, e o enredo explora temas que vão além de uma investigação policial sem graça.
A melhor notícia vem para os fãs de terror, pois esta quarta temporada não se esconde e entra sem medo no gênero, inclusive com traços sobrenaturais que não têm vergonha de aparecer assim.
É quase uma mistura (muito bem disfarçada) entre Terra Selvagem (2017) e Colapso no Ártico (2006), resgatando não só os encontros com cadáveres nus no meio da neve do primeiro, mas também sua denúncia climática e as ligações com o recém-falado eco-terror, sempre em dívida com a obra-prima de John Carpenter em ambos os casos.
Fora isso, a decisão de introduzir Issa Lopez como showrunner impulsionou uma temporada que melhora as derrapagens de Nic Pizzolatto nas duas anteriores. Além disso, é perceptível que a afilhada de Guillermo del Toro, graduada no horror social que apresentou em Os Tigres Não Têm Medo, deixa sua marca em cada detalhe da atmosfera gélida e sombria do Alasca.
Terra Noturna está longe de ser uma temporada perfeita, pois tenta cobrir muito em apenas seis capítulos e, apesar do fato de que o enredo e a investigação são mais do que adequados, os personagens não são particularmente bem escritos, o que talvez seja funcional para respeitar o tom original.
Ainda assim, vale a pena assisti-la!
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