Boa parte das crianças e jovens que cresceram entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000 cultivou um amor gigantesco por alguma franquia da cultura pop. É fácil lembrar de produções como Harry Potter quando o assunto é fantasia. Caso a pauta sejam desenhos animados, a lista pode pender tanto para Digimon e Yu Yu Hakusho, como para O Laboratório de Dexter e Os Padrinhos Mágicos.
É nítido como o período foi extremamente prolífico para que muitas propriedades intelectuais não apenas forjassem amadurecimentos, mas também construíssem espaço para que cada vez mais diferentes personagens surgissem na TV, nos games, nos livros, nos quadrinhos, no cinema, entre outros.
Percy Jackson e os Olimpianos: Você notou esse aceno para uma criatura mitológica importante dos livros?Entre tantas franquias especiais que surgiram no período, Percy Jackson é, com certeza, um dos personagens mais queridos e, talvez, um dos mais injustiçados. Com o primeiro volume lançado em 2005, contando a história do Ladrão de Raios, a série literária logo encantou uma geração de ávidos leitores. Desde então, as aulas de história ficaram mais interessantes para alguns, já que paralelos entre a mitologia grega e as aventuras do semideus se cruzavam de forma intrínseca.
Enquanto novas histórias eram lançadas, não demorou muito para que a primeira adaptação live-action surgisse. Em fevereiro de 2010, Logan Lerman assumiu o papel de Perseu nas telonas ao lado de Brandon T. Jackson e Alexandra Daddario, como Grover e Annabeth respectivamente. Na época, a primeira fase da saga já havia se encerrado na literatura, com a distribuição de O Último Olimpiano feita um ano antes.
O longa-metragem não foi tão bem recebido pela crítica e muitos fãs saíram decepcionados da sala escura. Apesar das controvérsias, o estúdio ainda garantiu uma sequência para o projeto, que chegou aos cinemas três anos depois, com uma narrativa um pouco inferior à primeira - o que foi definitivo para encerrar a participação na indústria cinematográfica.
Em retrospectiva, durante o primeiro ano da pandemia, o autor Rick Riordan desabafou no Twitter (X) sobre o conturbado processo de adaptação. “Bem, para vocês, pode ser divertido. Para mim, foi como ver o trabalho da minha vida passando por um moedor de carne, quando eu tinha feito acordos para que eles não fizessem isso”, disse ele em um post na rede social quando questiona sobre a sua relação com os projetos.
"É melhor tentar mais uma vez": Por que Rick Riordan decidiu dar mais uma chance à adaptação de Percy Jackson?“Por fim, eu nunca vi os filmes, e nem pretendo”, confessou ao fim dos tweets. “Eu os julgo por ter lido seus roteiros, porque eu me importo demais com a história. Eu não tenho nada contra os atores muito talentosos. Não é culpa deles. Eu só sinto muito que eles tenham sido arrastados para essa bagunça.”
Ao fim dessas mensagens, ele ainda deixou um lembrete aos fãs de que “vamos concertar isso em breve”. Com a proximidade de Percy Jackson e os Olimpianos, três anos depois, parece que o escritor estava mais do que certo.
Percy Jackson no Disney+
Anunciada há três anos, mas aprovada apenas em 2022, Percy Jackson e os Olimpianos foi responsável por uma verdadeira batalha na vida de Rick Riordan - e, na vida dos fãs, foi um teste de paciência até o projeto ganhar o sinal verde e, enfim, começar a se materializar através de trailers e materiais de divulgação.
Prevista para estrear com episódio duplo em menos de uma semana, a produção terá exibição semanal e o total de oito capítulos. A primeira temporada deve apresentar todos os eventos de Percy Jackson e o Ladrão de Raios.
“A diferença é uma força”: Após fracasso nas telonas, Percy Jackson chega fiel aos livros e “inclusivo o suficiente para que todos possam ser heróis”Primeiramente, é possível dizer que a série chega com uma missão semelhante a muitas franquias do passado: apresentar um grupo de personagens e vê-los crescer na tela. Apesar de termos exemplos nostálgicos como Harry Potter e até mesmo Crepúsculo - com as devidas proporções, obviamente -, a última atração audiovisual que teve algo semelhante foi Stranger Things. Mesmo que a série da Netflix tenha sido afetada pela greve dos roteiristas e atores, ela apresentou este formato de amadurecer junto com esses queridos personagens.
Um segundo ponto muito importante está vinculado ao relacionamento de Riordan com o serviço de streaming. Diferente dos longas lançados há alguns anos, o escritor atua como produtor executivo, roteirista, showrunner e supervisor de todo o universo destes amados personagens. O seu envolvimento, com a palavra final, são essenciais para que a visão do próprio autor se concretize na tela.
Atriz negra escalada para série de Percy Jackson é atacada por haters, perde conta do TikTok e rebate: "Isso não vai me machucar"“Estamos envolvidos na série desde o seu início, desde as primeiras conversas sobre como seria uma nova adaptação de Percy, como seria esboçada, se seria episódica”, disse Rick Riordan em entrevista à EW alguns meses atrás, antes das greves. “Então, me sinto confortável em dizer aos fãs dos livros que esperaram – em alguns casos, décadas – por esse tipo de adaptação fiel, que este é o que vocês estavam esperando. Vocês vão amar."
Durante a CCX23, o AdoroCinema assistiu alguns trechos da série que nos deram instigantes impressões. Ao escalar o jovem Walker Scobell, que hoje tem 14 anos, será a primeira vez em que vamos conhecer a versão mais nova de Percy Jackson. A primeira sequência exibida no evento, inclusive, mostra como este primeiro ano deve mergulhar profundamente em sua origem, com direito a flashbacks de sua infância.
A primeira cena parece ser exatamente o ponto em que o piloto começa. Nela, Percy se apresenta e faz um alerta sobre ser meio-sangue. Ao mostrar momentos de sua infância, o público logo verá como ele sempre foi uma criança diferente e um pouco problemática, vendo coisas "imaginárias" que mais ninguém via. Neste ponto, há um momento em que ele enxerga um pegasus no terraço de um prédio e um monstro disfarçado de ônibus.
Depois de vermos um trecho fofo, em que Percy faz amizade com Groover (Aryan Simhadri), com direito a cartas de mitologia grega parecidas com Magic, o público vê o momento em que a mãe de Percy revela porque escolheu este nome para ele. Nesta breve construção do personagem, a atmosfera dos livros se manifesta na tela. Isso fica claro não apenas pelos problemas expostos ali, como o bullying que sofre, mas também na maneira como ele se comporta neste primeiro momento - acanhado, tímido e curioso.
Percy Jackson e os Olimpianos: Os títulos dos episódios revelam mais do que você imaginaAs outras cenas já mostram o momento em que Percy ganha sua caneta-espada e o ataque da professora harpia, dois momentos canônicos que mudarão a vida do herói para todo o sempre. Inclusive, além do CGI que parece estar “em dia” com as melhores tecnologias de hoje, a fotografia deste primeiro episódio parece brincar com as cores, incluindo momentos noturnos com boa capacidade de visão.
Isso se comprova ainda mais na segunda cena apresentada, em que Percy, Groove e a mãe se direcionam para o Acampamento Meio-Sangue. Chove muito, e a sensação de desesperança e confusão domina a tela com os personagens fugindo de um minotauro. Apesar de não terem revelado a batalha do protagonista, esse momento tem tudo para ser exatamente o que os fãs imaginavam na leitura.
Por fim, mas não menos importante, o trecho final apresentado durante o painel já mostrava Percy no acampamento, onde ele e Annabeth (Leah Jeffries) tem a primeira cena emblemática da narrativa. Sem muitos spoilers, apesar de já ter uma descrição oficial da cena, esta sequência deixa claro que a série pretende apresentar os acontecimentos icônicos dos livros sem deixar de dar espaço para que os personagens respirem.
Apesar de ser uma aventura cheia de batalhas e reviravoltas, Percy Jackson e os Olimpianos tem tudo para ser a melhor versão da franquia nas telas. Ao fim, a resposta definitiva começa em 20 de outubro, quando o mundo conhecerá a nova versão dessa história épica.