Os primeiros pensamentos que vêm à mente quando o assunto é Disney são os longas-metragens animados do estúdio. O Rei Leão, Mulan, Tarzan podem ser as primeiras histórias a pipocar na mente daqueles que cresceram nos anos 1990, enquanto Frozen, Encanto e uma série de live-actions surgem na cabeça daqueles que estão em dia com os lançamentos da empresa.
Apesar das excelentes produções passadas, a Disney ainda é conhecida por produzir projetos variados, como programas de TV, jogos e séries animadas. Talvez ligados às últimas décadas ou apenas ao lado cinematográfico, muitos não devem conhecer as atrações recentes da empresa.
Após A Pequena Sereia, quais serão os próximos remakes da Disney? 12 filmes já estão confirmadosEntre um alto volume de lançamentos anuais, a Disney Channel encarou o sucesso das concorrentes que passaram a criar projetos disruptivos como Hora de Aventura, Steven Universo e Apenas Um Show, desenhos que contam com roteiros refinados e detalhes importantes para uma adequação contemporânea à sociedade em que vivemos.
Nesta toada, existem duas animações que batem de frente com tais projetos: Amphibia e A Casa Coruja. Abaixo, conheça detalhes sobre as duas séries que, de certa forma, se conectam de maneiras surpreendentes.
Amphibia
Divulgação/Disney Channel
Criada por Matt Braly, conhecido por Gravity Falls e A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, a trama acompanha as aventuras de Anne Boonchuy. Após apanhar uma caixinha misteriosa, ela e suas duas amigas são transportadas para Amphibia, um mundo recheado por criaturas bizarras e com sapos falantes. Lá, ela se torna parte da família Plantar e, aos poucos, descobre que o seu destino é muito mais enigmático do que imaginava.
Além de ser uma comédia recheada de momentos únicos (somados a um pouco de nonsense) e um roteiro que conversa diretamente com as novas gerações - com direito a memes e constantes referências à cultura pop -, a narrativa também não tem medo de arriscar.
A Fuga das Galinhas 2: Agora na Netflix, animação retorna mais bonita e com promessa de vingança dos humanosUm ponto importante a se destacar também é o fato de que a protagonista é uma adolescente tailandesa-americana - uma herança de Matt Braly para a personagem. Suas raízes são constantemente reafirmadas, principalmente quando os pais entram na equação.
“As pessoas estão percebendo agora que a especificidade cultural é uma coisa ótima”, disse o diretor em entrevista à NBC News. “Esses personagens têm origens culturais diferentes”, acrescentou ele ao citar Miles Morales, de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, “mas é realmente sobre uma grande história universal que qualquer um pode entrar e desfrutar”.
Aranhaverso, Wish e Gato de Botas 2: Semelhanças, diferenças e importância do estilo de animação que encantou o mundoÉ interessante ver a forma como os diretores e escritores tomaram decisões corajosas ao tocar em elementos da vida real, como a depressão, a morte, a solidão e um autoconhecimento constante para cada indivíduo da série. Há consequências reais em todos os atos e, ao avançar na trama, Anne amadurece de maneiras convicentes, assim como os demais personagens.
Até o momento, o Disney+ conta com as duas primeiras temporadas completas, enquanto a 3ª e última conta com 14 dos 18 episódios. Os últimos capítulos devem chegar em breve ao catálogo do streaming. Com um universo mágico, a trama vai encher o coração de muita gente que ama uma fantasia bem feita.
A Casa Coruja
Divulgação/Disney Channel
A Casa Coruja é, talvez, a principal série para quem ama Harry Potter ou conviveu com o mundo bruxo durante a infância. Criada por Dana Terrace, que também trabalhou no departamento de arte de Gravity Falls, a trama acompanha Luz, uma jovem humana que acidentalmente é enviada para outra dimensão, em um mundo onde a magia existe e guia a vida de todos.
O universo mágico com uma escola para jovens bruxos já se conecta de maneira direta a Hogwarts, mas as semelhanças param por aí, já que a forma como cada um interage com feitiços é diferente. Por essa distância e por apresentar representações LGBTQIAP+ significativas, a trama se mostra enriquecedora em diversas camadas.
Anime de Scott Pilgrim eleva insanidade da franquia ao máximo; saiba quando produção chega na NetflixA Casa Coruja apresentou a primeira protagonista bissexual de um desenho animado da Disney, com direito a um desenvolvimento notável no relacionamento amoroso da personagem e romances periféricos que também apresentam diversidade, personagens queer e multiplicidade étnica.
“Pareceu muito natural querer que a personagem principal do meu primeiro programa também fosse bi – não houve muito mais reflexão do que isso. Eu [sabia] que seria importante que as pessoas vissem isso em um programa do Disney Channel, mas eu nem sabia se seria adquirido pela Disney", disse Terrace.
Para ver no streaming: 9 animações indispensáveis com personagens LGBTQIAP+Neste ponto, a trama bruxa também apresenta a cultura afro-latina da Luz, uma garota dominicana-americana. Ao entrar no universo de Eda e King, ela é apenas uma humana no meio de tantas criaturas poderosas e, ainda assim, consegue encontrar um jeito de evocar uma antiga e rudimentar forma de magia - tornando-se hábil na prática. “Queremos que [os personagens] tenham autorrealização e vivam de acordo com tudo o que podem ser”, destacou a criadora.
Assim como Amphibia, a localização da dublagem é feita de maneira primorosa, aproximando o público aos personagens com detalhes tipicamente brasileiros inseridos ao roteiro. As duas tramas herdam uma estrutura muito parecida e, em tese, se passam no mesmo universo. No entanto, os caminhos seguidos por cada uma são distintos.
Enquanto as duas primeiras temporadas de A Casa Coruja estão disponíveis no Disney+, a terceira e última deve chegar em breve no catálogo do streaming. Dividido em três partes de aproximadamente 44 minutos, os especiais encerram a narrativa de Luz e seus amigos com grandes reviravoltas e temas densos.
“Na verdade, há um artigo escrito por [Jade King] sobre os temas do luto em A Casa Coruja, sobre como diferentes pessoas lidam com o luto e como a morte de alguém ocorrida anos atrás pode afetar as escolhas com as quais os personagens lidam no presente. Isso é algo que eu queria explorar desde o início do programa, e estou muito feliz que as pessoas perceberam isso. Há mais disso nos próximos episódios ", disse Terrace sobre a temporada final.