Friends foi epítome do humor dos anos noventa, o ponto mais alto daquela mistura de personagens marcantes e frases icônicas. Muitos tentaram emplacar uma trama parecida, mas apenas um conseguiu "homenagear" e, ao mesmo tempo, criar um novo tipo de humor espanhol que evoluiria até hoje: 7 Vidas.
Para além das piadas e situações, a série conseguiu ir mais longe, encontrando uma nova forma de fazer humor patriótico autorreferencial graças à sua gravação, que contava com uma plateia ao vivo que indicava o que estava bom ou não.
7 Vidas era um fluxo contínuo de enredos e atores: em vez de seis personagens bem estabelecidos ao longo de seus 204 episódios, cerca de vinte faziam parte da história. Na trama, acompanhamos David (Toni Cantó), que acorda após um coma de 18 anos para se encontrar em um mundo completamente diferente.
Ele luta não apenas em sua busca por identidade, mas também com sua irmã neurótica Carlota (Blanca Portillo), sua vizinha comunista Sole (Amparo Baró) e seu filho Paco (Javier Cámara), e seu interesse amoroso secreto — e prima distante — Laura (Paz Vega).
7 Vidas tomou um rumo diferente do que se esperava de uma série familiar e, por isso, foi compreendida como uma revolução cultural na Espanha. Não é que a trama fosse o cúmulo da transgressão, longe disso, mas era uma declaração de intenções. Foi uma das primeiras comédias que não foi feita com regras rígidas para agradar a todos os estratos da sociedade, tratando todos os assuntos com decoro, nem teve escrúpulos em falar de sexo, política ou religião usando, revisando e desconstruindo tópicos discutidos no país europeu.