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    "Cleópatra não era negra." Este documentário da Netflix e Jada Pinkett-Smith ainda não foi lançado mas já colocou egípcios e egiptólogos em pé de guerra
    Giovanni Rodrigues
    Giovanni Rodrigues
    -Redação
    Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

    Após onda de ódio, Netflix e elenco defendem a decisão nas redes sociais.

    No dia 10 de maio, a Netflix vai estrear Rainha Cleópatra, um documentário dramatizado que fará parte da série African Queens, produzida e narrada por Jada Pinkett-Smith, contando a história da famosa rainha da dinastia ptolemaica do Egito. Um documentário que já causa polêmica por representar Cleópatra como mulher negra.

    Desta forma, a Cleópatra deste docudrama será interpretada por Adele James, uma atriz "biracial" escolhida como espécie de comentário a conversa secular sobre a raça da mais famosa figura egípcia. Escolha que não agradou nem aos egípcios nem aos egiptólogos.

    Rainhas Africanas: Nzinga
    Rainhas Africanas: Nzinga
    Data de lançamento 2023-02-15 | min
    Séries : Rainhas Africanas: Nzinga
    Com Lesliana Pereira, Erica Chissapa, Miguel Hurst
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    "Cleópatra não era negra", diz Zahi Hawass, um famoso egiptólogo que foi (por alguns meses) Ministro de Antiguidades do país do norte da África. Hawass juntou-se assim ao debate suscitado nos últimos dias entre os seus compatriotas. De fato, alguns chegaram a processar a Netflix pelo que consideram "um crime".

    Identidade egípcia

    As queixas alegam que a história egípcia está sendo falsificada e “enegrecida" para "apagar a identidade egípcia". Neste sentido, Hawass se refere ao fato de que, embora de mãe desconhecida, Cleópatra pertence a uma dinastia helênica: “Jada, esposa de Will Smith, parece completamente ignorante a história egípcia, porque Cleópatra não era negra mas sim de origem macedonia”:

    “Se você olhar para as estátuas de Cleópatra ou as moedas com seu rosto e até mesmo seu cenário no templo de Dendera, no sul, nenhuma delas contém características africanas. Eu realmente não sei por que eles estão tentando fazer isso. Acho que, ao fazer isso, afro-americanos e hispânicos estão tentando mostrar que a origem da antiga civilização egípcia foi africana e isso não é verdade."

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    A polêmica, infelizmente, atingiu a própria Adele James, e de forma bem desagradável. A atriz tornou-se o foco do ódio gerado pela situação, recebendo mensagens desagradáveis. No entanto, a atriz é contundente: “Se você não gosta do elenco, não assista a série”.

    Twitter

    Por outro lado, a Netflix justificou a representação por meio de Sally Ann Ashton, especialista entrevistada na série:

    "Como Cleópatra se representa como egípcia, parece estranho insistir em descrevê-la como completamente europeia. Cleópatra governou o Egito muito antes dos assentamentos árabes no norte da África. Se o lado materno de sua família fosse de mulheres indígenas, elas seriam africanas e isso deve se refletir nas representações contemporâneas de Cleópatra."

    Uma tese com a qual Hawass não concorda em absoluto:

    "Você está completamente errada. Ainda é um mito dizer que os antigos egípcios eram negros. Não sou contra os negros. Muitos de meus amigos são, mas estou tentando dizer a verdade como egiptólogo. E Cleópatra não era negra.”

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