O criador de Pam & Tommy, Robert Siegel, está com mais uma produção biográfica no catálogo da Star+. Estamos falando de Bem-Vindos ao Clube da Sedução, série sobre a vida do empresário indiano Somen ‘Steve’ Banerjee, criador da Chippendales, uma boate de strip-tease e performances de dança masculina direcionada a mulheres.
Após ter trabalhado durante toda a vida, Steve Banerjee decidiu, em 1979, abrir seu próprio negócio, passando por investimentos fracassados como posto de gasolina e um clube de gamão. O sucesso veio, de fato, quando comprou o bar Destiny II, em Los Angeles, dando início à Chippendales em um período em que strip-tease para o público feminino era pouco comum e visto com maior desaprovação pela sociedade.
A vida de Banerjee foi repleta de controvérsias, que incluíam também acusações criminais como assassinato por aluguel, extorsão e atentado contra outras boates. Pelos crimes confessos pelo próprio empresário, ele passou um período na prisão, antes de se suicidar enquanto aguardava a sentença.
Em Bem-Vindos ao Clube da Sedução, o empresário indiano é interpretado por Kumail Nanjiani, ator conhecido por seus trabalhos em Doentes de Amor, Stuber: A Corrida Maluca, Obi-Wan Kenobi e Eternos. Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, o protagonista afirmou que aceitar o papel como Banerjee foi uma tentativa de fazer algo totalmente novo em sua carreira.
Era tão diferente de tudo que eu tinha feito, sabe? E a maioria das coisas que fiz tem uma alta proporção de comédia, tudo o que considero uma força minha como artista foi disso. O que realmente me empolgou foi conseguir algo novo que ninguém me deu a chance de fazer.
Segundo o ator, sua visão de Steve Banerjee foi construída a partir da própria perspectiva, a figura original e a leitura de roteiro, em que destacou oito pontos principais sobre a personalidade do polêmico empresário para conseguir entrar no personagem. Para ele, o fundador da Chippendales foi desacreditado por ser descendente de indianos e, também, por ter uma outra noção de modelo de negócio.
“As pessoas não acreditaram em suas habilidades porque ele não é a visão tradicional de como é o sucesso na América. Ele enfrentou alguns desafios por causa de como ele parecia, como ele soava, qual era o nome dele. Então, eu acho que estavam trabalhando contra isso. Mas, ele também não ouviu muitas pessoas que deveria ter ouvido. Acho que era muito importante para ele ser o dono do sucesso. Ele não queria compartilhar essa informação, que não foi distribuída para mais ninguém. Foi isso que levou à sua queda.”
Um negócio inesperado se tornou um sucesso
Após prosperar em Los Angeles, a Chippendales ganhou filiais em Nova York e Las Vegas, não demorando muito para se tornar uma franquia global, abrangendo a Europa continental, os Estados Unidos e o Reino Unido. Conforme a série aborda, o projeto nasceu repentinamente e acabou se tornando a principal fonte de renda de Banerjee, fazendo com que, além de sustentar a si próprio e a família, o empresário conseguisse funcionários talentosos — e ambiciosos como ele.
Um deles foi Nick de Noia, estrelado por Murray Bartlett, o coreógrafo vencedor de dois Emmys que aprimorou o nível das performances da Chippendales para um estilo mais teatral e artístico. Sua ânsia pelo poder construído por Banerjee fez com que ele se envolvesse demais nos negócios, resultando em um assassinato de aluguel encomendado pelo próprio Steve.
Outro nome interessante que a série nos apresenta é Otis, o único dançarino negro da Chippendales, interpretado por Quentin Plair. Sua participação na série escancara problemáticas envolvendo hiperssexualização de corpos negros e segregação racial. Ao AdoroCinema, o ator disse que foi como interpretar a si mesmo na indústria.
“Eu pessoalmente interpretei a mim mesmo, desempenhei muitos papéis em que tive que lidar como personagem com discriminação, segregação, racismo. Mas esta foi a primeira vez que realmente me deu o desafio disso ser disfarçado como algo positivo, como ser desejado [pelas clientes do clube]. Mas, sabendo lá no fundo que está vindo de um lugar negativo, sendo fetichizado pela minha raça e me sentindo como uma fruta proibida.”
Antes de se tornar ator, Quentin Plair passou por outras experiências de trabalhos inusitados apenas para pagar contas, como o seu personagem Otis. “Eu costumava trabalhar para o meu pai, vendendo roupas. Ele tem uma empresa onde vende roupas para faculdades historicamente negras em todo o sul. Mas, na verdade, tive muita sorte de não ter feito um monte de biscates, não precisei, sabe? Tive muita sorte de poder realmente mergulhar e me concentrar mentalmente no ofício. E espero que isso continue.”
Bem-Vindos ao Clube da Sedução chegou ao catálogo da Star+ nesta terça-feira, com dois episódios já disponíveis. Os demais capítulos serão lançados semanalmente na plataforma.