Por Lucas Salgado
Um dos grandes diretores europeus da atualidade, o grego Theo Angelopoulos faleceu nesta terça-feira, 24 de janeiro. O cineasta foi atropelado por um motociclista e encaminhado para um hospital com hemorragia cerebral, mas não resistiu. O acidente aconteceu próximo ao set de filmagem de seu novo longa, The Other Sea, que aborda a crise financeira da Grécia. O motociclista, que está internado, foi identificado como um policial que não estava trabalhando no momento.
Nascido em Atenas, em 1935, Angelopoulos viveu a ocupação nazista na Grécia e a Guerra Civil do país, que foi tema recorrente em seus primeiros longas. Chegou a cursar faculdade de Direito, mas aos poucos perdeu interesse pelo universo jurídico. Mudou-se para a França, onde estudou no Instituto Avançado de Estudos Cinematográficos de Paris (IDHEC).
De volta à terra natal, atuou como crítico de cinema por alguns anos, até que em 1965 fez sua estreia na direção com a comédia musical Peripeteies me tous Forminx. Ele, no entanto, não foi creditado pelo trabalho, razão pela qual muitos apontam o curta A Emissão (1968) como sua primeira experiência na sétima arte.
Recebeu prêmios nos principais festivais de cinema do mundo. Em Veneza, conquistou o Leão de Ouro por Alexandre, o Grande (1980) e o Leão de Prata de Melhor Diretor por Paisagem na Neblina (1988). Já no Festival de Cannes, levou a Palma de Ouro por A Eternidade e um Dia (1998) e o Grande Prêmio do Júri por Um Olhar a Cada Dia (1995). Nunca conquistou o Urso de Ouro de Berlim, mas já saiu do evento com outros quatro troféus para Reconstituição (1970), Dias de 36 (1972), Os Atores Ambulantes (1975) e Paisagem na Neblina (1988).
O diretor realizou apenas 15 longas em sua carreira, mas todos sempre bem recebidos pela crítica, com destaque ainda para A Viagem dos Comediantes, Viagem a Citera, O Passo Suspenso da Cegonha e a Trilogia - O Vale dos Lamentos. Esteve no Brasil em 2009, quando foi homenageado na Mostra de São Paulo. Durante a visita, filmou no metrô da capital paulista o episódio Céu Inferior, do filme-coletivo O Mundo Invisível. Seu último trabalho foi A Poeira do Tempo.