Por Francisco Russo
Os momentos econômicos de Brasil e Estados Unidos refletiram também nos cinemas. Enquanto o mercado norte-americano apresentou queda de 3,5% nas bilheterias em relação ao ano passado, o brasileiro no mesmo período teve um crescimento de 14,3%. Ao considerar o número de ingressos vendidos o cenário se mantém: queda de 4,4% nos Estados Unidos e crescimento de 4,3% no Brasil.
Curiosamente, a queda aconteceu em um ano de recordes para o cinema americano. Pela primeira vez três filmes ultrapassaram a marca do bilhão de dólares nas bilheterias mundiais: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (foto), Transformers: O Lado Oculto da Lua e Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas. Ao todo 29 filmes faturaram mais de US$ 100 milhões nos cinemas americanos, incluindo o recente Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras. Missão Impossível - Protocolo Fantasma pode ser o 30º a atingir esta marca, dependendo de sua performance nos últimos dias do ano. A título de comparação, 25 filmes atingiram este valor em 2010.
Em compensação, o ano passado teve cinco filmes que ultrapassaram internamente a marca dos US$ 300 milhões, enquanto que em 2011 apenas dois longas atingiram tal valor: os novos episódios das séries Harry Potter e Transformers.
Ao todo foram arrecadados US$ 10,2 bilhões nas bilheterias americanas ao longo de 2011, obtidos graças à venda de 1,28 bilhão de ingressos. Especialistas apontam o "fator Avatar" como responsável pelo decréscimo. O sucesso do filme dirigido por James Cameron levou uma enxurrada de pessoas às salas no início de 2010, o que não se repetiu no ano que chega agora ao fim. Desta forma, o mercado estaria voltando ao normal, por assim dizer.
Outro fator decisivo foi a queda de desempenho dos filmes lançados em 3D. Na quantidade eles subiram consideravelmente: 36 lançados em 2011 contra 22 em 2010. Entretanto, a participação das sessões em 3D na abertura de um filme caiu de 60% para 40%. Reflexo de fracassos no formato, como Marte Precisa de Mães, Os Três Mosqueteiros e Conan, o Bárbaro. Na contramão surge O Rei Leão, que faturou US$ 150 milhões mundialmente com sessões apenas em 3D.
No Brasil o bom desempenho se deve a vários fatores. Um deles é o aumento no número de salas, com 198 novas telas. Ao todo o país conta hoje com 2370 salas de cinema.
Outro fator é o bom desempenho das sessões em 3D, que alavancaram o crescimento expressivo de 14,3% nas bilheterias. A performance incentivou exibidores a investirem nas salas 3D, que saltaram de 264 em 2010 para 470 neste ano.
O cinema nacional sofreu uma esperada baixa, de 25 milhões para 18 milhões de espectadores. Apesar de sete filmes terem ultrapassado a marca do milhão - De Pernas pro Ar, Cilada.com, Bruna Surfistinha, Assalto ao Banco Central, O Homem do Futuro, O Palhaço e Qualquer Gato Vira-lata -, a falta de um peso-pesado como Tropa de Elite 2, com mais de 11 milhões de espectadores, foi decisiva.
Ao todo o cinema no Brasil teve 140 milhões de espectadores, arrecadando R$ 1,4 bilhão nas bilheterias. Números que comprovam a força da sétima arte junto ao público brasileiro, ainda mais se for lembrado que o "fator Avatar" também aconteceu por aqui.