Por Francisco Russo
A eminência parda da Nova Hollywood. Assim era conhecido o produtor Bert Schneider, que faleceu na última segunda, aos 78 anos, devido a causas naturais.
Filho do ex-presidente da Columbia Pictures, Abraham Schneider, Bert iniciou sua carreira no ramo do entretenimento no início dos anos 60, na Screen Gems, subsidiária da Columbia que atuava na TV. Em parceria com o diretor Bob Rafelson lançou, em 1965, The Monkeys. A série baseada em uma banda fictícia de rock, inspirada nos Beatles, fez enorme sucesso e deu o impulso financeiro necessário para que a dupla se aventurasse no cinema.
Ainda na década de 60 Schneider pagou US$ 350 mil pelos direitos de Sem Destino, filme de estreia de Dennis Hopper como diretor. O longa fez enorme sucesso, sendo até hoje citado como um dos ícones da contracultura americana. Além disto, é considerado um dos pilares da Nova Hollywood, movimento em que diretores emergentes, como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, assumiram o controle dos filmes e mostraram os Estados Unidos de forma mais crua e violenta, ao contrário do que era apresentado até então.
Outros filmes de sucesso vieram nos anos seguintes, como Cada Um Vive Como Quer e A Última Sessão de Cinema, ambos indicados ao Oscar de melhor filme. A cobiçada estatueta dourada apenas viria ao produtor através de Corações e Mentes, que ganhou como melhor documentário em 1975.
Schneider teve também participação importante no Oscar honorário entregue a Charles Chaplin, em 1972. Após produzir o documentário The Gentleman Tramp, sobre a carreira do intérprete de Carlitos, coube a ele não apenas pleitear a premiação junto à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas como também negociar com o próprio Chaplin sua vinda aos Estados Unidos para receber o prêmio. Na época o ator vivia na Suíça, já que em 1952 teve negado o visto nos Estados Unidos por acusações de "atividades anti-americanas", devido ao seu posicionamento político favorável à esquerda.
O último filme produzido por Bert Schneider foi Broken English, em 1981. O produtor serviu ainda de inspiração para Peter Fonda, que se baseou nele para compor seu personagem em O Estranho.