Contando com a presença de vários jornalistas, a coletiva de imprensa do filme O Palhaço, ocorrida na tarde da última segunda-feira, 17, começou com bastante atraso e acabou não rendendo tanto quanto o esperado por todos, o que foi uma pena. Contentes com o resultado final sa obra, estavam lá o diretor e ator Selton Mello, e parte de seu elenco, representado por Paulo José, Giselle Mota e Ferrugem.
Foto: Juliana Di Lello
Abaixo, você pode conferir alguns trechos da conversa:
RECEPTIVIDADE
A conversa começou com Selton sendo lembrado por um dos jornalistas de que o filme vem tendo boa acolhida nos festivais por onde passou. Perguntado sobre o que achava disso, ele se disse contente com o fato e, ao ser informado de que o filme foi aplaudido (não é comum) na cabine de imprensa realizada no Rio de Janeiro, não escondeu sua satisfação, dando clara importância aos profissionais da crítica.
MUDANÇA DE RUMO
Perguntado pelo AdoroCinema se a troca de conteúdo em relação ao seu primeiro trabalho, Feliz Natal, tinha sido pensada, Mello afirmou que era intencional. Segundo ele, o objetivo era buscar esse caminho mais próximo do grande público.
Quando dissemos que o filme era muito simpático, mas não era tão popular assim, Selton discordou. Contudo, quando comparamos seu trabalho com o que é considerado popular (ou popularesco), acabou concordando com a visão. E aí aproveitou para repetir o que vem frisando em entrevistas, de que o filme é simples sem ser simplório e sentimental sem ser sentimentalóide. A ideia, disse ele, é ficar no meio termo entre os filmes de arte e os que fazem milhões de espectadores.
OSCAR 2013
Aproveitando a animação dele e o embalo das prévias positivas, o AdoroCinema perguntou se já existia algum pensamento em relação a uma possível indicação ao Oscar 2013. Aí o intérprete do palhaço Pangaré foi categórico, afirmando que prefere nem pensar nisso e seu foco é a estreia do dia 28.
BUSCA DA IDENTIDADE
Perguntado sobre o ponto da busca de uma identidade presente no longa, o diretor disse que desde o início a intenção era trabalhar a coisa da vocação, do dom das pessoas, e o que elas podem - ou devem - fazer com isso.
PESQUISA E PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Sobre o ambiente do circo e a participação de palhaços reais, Selton lembrou aos presentes que tanto ele, quanto Paulo, tiveram a ajuda de um personal palhaçeitor, que foi o palhaço Cuxixo (ainda em atividade) e seu pai, que treinaram a dupla para fazer alguns números na trama. Sobre as participações especiais de Moacyr Franco e Ferrugem, por exemplo, disse que a produção é uma grande homenagem à classe artística.
CIRCO NA VIDA DOS ATORES
Ferrugem aproveitou para falar de sua satisfação em retornar para os holofotes. Sobre o assunto circo, ele conta um pouco de suas experiências ao lado de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, quando frequentava com eles o picadeiro na época de Os Trapalhões. A atriz Giselle Mota, intérprete de Lola, contou que teve uma passagem profissional no Ringling Brothers Circus há cerca de 10 anos e que foi mágico rever esse contato através do filme.
Foto: Juliana Di Lello
Quando perguntada se considerava a sua estreia com o pé direito, brincou dizendo que era de corpo inteiro e com a oportunidade de ser ao lado de alguém com mais de 40 anos de experiência, como Paulo José.. Sobre seu personagem ter um lado "duvidoso", disse que alguém tinha que fazer o "trabalho sujo" na trama.
Para o AdoroCinema, em conversa reservada, a atriz detalhou mais a experiência de dois anos vivido na companhia de circo há 10 anos atrás, onde dançava e chegou a montar elefantes. Ela chamou atenção para a coincidência cabalística do filme ter surgido para ela em 2010. Sobre projetos futuros, contou-nos que já está rodando (para a HBO e com a Conspiração Filmes) a série Vermelho Brasil. Disse, inclusive, que após o papo já seguiria para o set da coprodução internacional, que conta com Joaquim de Almeida e Stellan Skasgaard (Melancolia) no elenco e está sendo rodada em Guaratiba.
SEXO & VIOLÊNCIA
O veterano Paulo José reforça a grata surpresa com o sucesso que a produção vem conquistando por onde passa. Ele cita o fato de que as produções atuais usam e abusam da violência e do sexo. Selton aproveita o momento de "bola na área" para fazer um trocadilho, dizendo que seu longa é de "ternura explícita".
ROAD MOVIE
Sobre as locações, Paulo brincou que ele foi rodado nos "cafundós, onde Judas perdeu as botas". Nesse momento, Ferrugem acrescentou brincando: "... e as meias também". Selton chegou a dizer que seu filme é uma espécie de road movie e que não pretende ser igual a televisão com diálogos muito explicados, criticando as novelas.
EXPECTATIVA DE PÚBLICO
Embora tivesse dito que estava mais focado na estreia, depois da coletiva o Adoro Cinema bateu um papo rápido com o cineasta e conversa vai, conversa vem, conseguiu extrair dele uma expectativa de audiência. Selton revelou que um milhão de espectadores já estaria de bom tamanho. Sua esperança, como disse em outra hora, é que o público corresponda ao seu movimento de busca.
Foto: Daniel Terra