Minha conta
    Entrevista com Rodrigo Santoro

    Bate papo exclusivo com o ator de Meu País. Rodrigo Santoro fala sobre a carreira internacional e sobre a estreia na função de produtor.

    De volta ao Festival de Brasília dez anos após a conquista do prêmio de Melhor Ator por Bicho de Sete Cabeças, o ator Rodrigo Santoro lança agora um novo projeto. Trata-se de Meu País, produção que já havia passado pelo Festival de Paulínia e que conta ainda com as presenças de Cauã Reymond, Débora Falabella e Paulo José.

    Foto: Junior Aragão

    Meu País entra em cartaz no próximo dia 7 de outubro. A história gira em torno de Marcos (Santoro), um brasileiro que deixou o país há muito tempo para viver na Itália. Ao receber um telefonema de seu irmão Tiago (Reymond), dizendo que o seu pai havia falecido, Marcos se vê obrigado a voltar para o Brasil e encarar a vida que deixou para trás.

    No dia seguinte à exibição do longa, que aconteceu no último dia 1º de outubro, Santoro conversou por mais de 20 minutos com o AdoroCinema. A entrevista exclusiva abordou vários temas, como o novo filme, as próximas aventuras no cinema internacional, a experiência como produtor e muito mais. Falou até sobre o prelúdio de 300, para o qual boa parte da imprensa mundial já o considerava carta fora do baralho. Confira abaixo como foi o bate papo!

    Você já realizou comédias românticas brasileiras, pequenos dramas argentinos e grandes produções hollywoodianas. Esta diversidade é algo que você busca em sua carreira?

    Não tenho como negar que eu tenho um apetite pelo diferente, principalmente pelo o que é diferente de mim, do meu universo. Confesso que eu não conheço direito o que me interessa e estimula. Eu sou curioso por natureza e acho que uma das melhores coisas do meu trabalho é justamente isso, que é estudar e aprender. Eu não planejo racionalmente. Não é porque eu fiz um blockbuster que terei que fazer um filme pequeno. Até porque não tenho muito controle sobre isso, vou fazendo os projetos conforme eles vão aparecendo.

    Quando você trabalha com formatos diferentes, mesmo que seja de equipe, isso vai influenciar na sua forma de trabalhar e a experiência vai ser diferente. E eu gosto disso. Eu gosto da diversidade.

    Como chegou até Meu País?

    O produtor Fabiano Gullane me ligou e falou que tinha este projeto, mas falei pra ele que estava saindo de férias. Então ele me pediu para que ao menos lesse o roteiro durante as férias de depois o respondesse. Eu li e o roteiro ficou na minha cabeça. Se for para falar sobre o que me levou a fazer o filme, duas coisas se destacam. A primeira foi a possibilidade de falar de família e afeto, pois eu acho que com toda essa coisa da globalização e da tecnologia, nós estamos perdendo um pouco a questão do contato um com o outro. E o filme fala disso, é sobre um cara que é obrigado a se relacionar. E a segunda foi a própria personagem, que é contraditória. Por dentro ele vive uma ebulição de conflitos e por fora é um cara aparentemente frio e controlado, até no que diz respeito às expressões corporais, é o famoso travado na linguagem popular. Ele é muito diferente de mim.

    Você fala bastante italiano no filme. Se preparou para isso ou já falava a língua?

    Não falo italiano, só "ciao" e "grazie". Meu pai é italiano, mas veio para cá muito pequeno. Nunca falou italiano comigo, mas eu escutava muito e sempre gostei daquela fase do cinema italiano de Federico Fellini, Luchino Visconti, Vittorio De Sica e Ettore Scola. É uma das fases que mais gosto do cinema em geral e me lembro de escutar muito. Nunca tinha parado para aprender a língua.

    Três novos filmes seus estão tendo suas primeiras exibições agora. Além de Meu País, Heleno passou agora em Toronto e Reis e Ratos está selecionado para o Festival do Rio...

    Não vai mais, não vai ficar pronto a tempo. Falei com o Mauro Lima há três dias e eles estão colorindo o filme. Uma pena. Mas parece que a Warner vai lançar no início do ano que vem.

    De qualquer forma, como é fazer filmes em períodos completamente diferentes ver estes chegando nos cinemas ao mesmo tempo?

    Eu já tive experiências diferentes. Eu fiz Os Desafinados e levou dois anos e meio para ser lançado. Já Meu País filmamos em dezembro de 2009, então levou cerca de um ano e meio para ficar pronto. Existem filmes que são bem mais rápidos, é o tipo de coisa que não dá para prever. Às vezes eles estreiam tudo de uma vez, como está acontecendo agora, e outras são lançados mais espaçadamente. A verdade é que quando eu termino de filmar já procuro me focar no próximo projeto. Aí quando vai lançar, eu volto a me reconectar com o filme, até para poder dar entrevistas e resgatar as experiências.

    Como foi assumir a função de produtor em Heleno?

    Foi incrível. Mas difícil pra caramba, até porque eu também estava atuando e em quase todas as cenas. As razões de eu ter me envolvido como produtor de Heleno foi: achava que essa história realmente deveria ser contada, pela importância que ele teve na história do futebol; e também porque eu acho uma grande personagem. Artisticamente, eu quis me envolver um pouco mais. E também entrei como produtor para ajudar na captação. Não é um filme com romance, não tem tiros e explosões, então como conseguir dinheiro? Foi difícil de captar, mas felizmente no finalzinho do segundo tempo conseguimos o apoio do Eike Batista, que foi o grande parceiro do filme.

    Foto: Junior Aragão

    Foi extremamente importante, aprendi muito. Respeito muito mais o produtor agora. Antes ele era um cara lá que aparecia de vez em quando no set, mas agora entendo o processo de feitura do filme. Expandiu muito a minha visão.

    É algo que você pensa em fazer novamente?

    Não sei. Não vou te dizer que não, mas também não sou contra a ideia. Tem que fazer sentido, tem que ser um projeto como o Heleno, em que eu queria estar mais envolvido. Ou de repente o projeto de um amigo. Foi uma coisa que achei muito interessante, mas eu não sou um homem de negócios. Não tenho esse talento e nem o interesse na parte burocrática. A parte artística, de escolher a equipe, de olhar o andamento do roteiro, já me interessa mais.

    Já pensou em dirigir um filme?

    Não, agora não. Quem sabe mais para frente. O trabalho como ator já tem me ocupado bastante. Talvez se aflorar uma história que eu queria muito contar posso parar tudo e dirigir, como fez o Selton Mello. Não penso nisso agora, mas não posso dizer que nunca vou fazer. O que talvez me interesse seja a questão de trabalhar com os atores, sou muito ligado a isso.

    Você tem três longas internacionais já rodados. Pode falar um pouco sobre eles?

    O primeiro é um filme que eu fiz para a HBO americana e que se chama Hemingway & Gellhorn, sobre o romance entre Ernest Hemingway e Martha Gellhorn. Deve estrear na TV no início do ano e tem direção do Philip Kaufman. Depois vem What to Expect When You're Expecting, que é inspirado em um livro que é a bíblia das grávidas, e que deve estrear no dia das mães do ano que vem. Eu terminei de filmar tem três semanas e foi ótimo. Eu estava um pouco com receio por ser uma comédia romântica, mas decidi fazer o filme após ler roteiro e ver os atores envolvidos, como o Dennis Quaid. A minha personagem é casada com a Jennifer Lopez e ela que adotar um filho enquanto eu não me sinto pronto. Aí eu vou para um grupo de pais e o líder é o Chris Rock e outros três caras. E todos eram do mundo do stand up comedy, eles improvisavam muito e eu passava a ser o alvo da piada. Então tive que me virar rapidamente, foi uma experiência que eu não esperava. Foi bom pra caramba.

    E There Be Dragons?

    There Be Dragons é um filme inglês que já foi lançado nos Estados Unidos e na Europa. Me falaram que vai ser lançado aqui em novembro. Foi um longa que eu fiz em 2009 e que é sobre o cara que fundou o Opus Dei. É dirigido pelo Roland Joffé, que é o cara que fez A Missão e Os Gritos do Silêncio.

    Comentou-se bastante nos últimos dias que você atuaria no filme da volta de Arnold Schwarzenegger aos cinemas. É verdade?

    Eu estou sim em negociação para The Last Stand. Eles estão dando um polimento no roteiro agora. O Arnold Schwarzenegger vai fazer e eu encontrei recentemente o diretor Kim Jee-Woon. É um coreano que tem um trabalho bem legal, ele é meio gêniozinho. Eu já encontrei com ele e o contato foi meio difícil, porque foi mais através de tradutores, mas tive uma conexão instantânea com ele. Eu vi os filmes dele, ele viu os meus, fomos conversando e desde cara já senti uma coisa ótima. Me interessou muito, estou só esperando esta última versão do roteiro.

    Você está ligado ao projeto do prelúdio de 300?

    Eu fui contatado, mas o projeto também está nessa fase de polimento do roteiro. Me falaram que deve começar a ser realizado no início do ano. O Zack Snyder não vai mais dirigir, ele tá lá no Superman: Man of Steel, mas já conheci o novo diretor, o Noam Murro. É uma figuraça e tem uma visão bem legal pro filme. Ainda é uma possibilidade.

    O filme vai contar a história de como o Xerxes ficou daquele jeito que você viu. Mas também não é bem um antes ou um depois, meio que acontece ao mesmo tempo que 300. Aquela batalha é gigante, acontecendo em vários cantos do mundo. Ia se chamar Xerxes, mas mudaram o nome para 300: Battle of Artemisia porque 300 é uma marca mais fácil de vender. Mas continua sendo um filme sobre o Xerxes.

    E tem mais algum filme nacional em vista?

    Não posso anunciar, mas tem. Tem um projeto grande, tem um bem pequeninho, mas não posso falar nada ainda.

    facebook Tweet
    Back to Top