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    Festival de Gramado: O Último Animal invade submundo do jogo do bicho com inspiração em histórias reais (Entrevista Exclusiva)

    O Último Animal é um dos filmes estrangeiros de destaque no Festival de Cinema de Gramado e desbrava universo dos negócios ilegais.

    Há mais de dois séculos, o jogo do bicho é um dos negócios ilegais mais “populares” (se é que podemos colocar assim) e mais lucrativos da América Latina - e é a partir daí que nasce a história de O Último Animal, co-produção brasileira e portuguesa que faz parte da competição do Festival de Gramado de 2022. O longa assinado pelo diretor Leonel Vieira (Alguém Como Eu) invade o submundo das apostas com um thriller de ação cheio de conexões com o mundo real.

    O Último Animal acompanha a história de Didi (Junior Vieira), jovem morador de uma comunidade carioca que, em busca de melhores condições de vida, aceita um emprego como contador para um grande “empresário”. Mais tarde, ele vai descobrir que acabou se envolvendo em um negócio ilegal e acaba ligado a um esquema de lavagem de dinheiro comandado por um figurão do jogo do bicho - com riscos muito mais altos do que se poderia imaginar.

    Ao AdoroCinema, o diretor português Leonel Vieira conta que a história nasceu de um ‘acaso’. “Há quase dez anos, li um artigo sobre jogo do bicho no jornal e fiquei surpreso quando descobri que dois dos maiores bicheiros do Rio de Janeiro eram imigrantes portugueses. Isso foi tão curioso que pensei em um filme”, explica. O esquema de apostas nasceu no fim do século 19, fruto de um período de crise no comércio; rapidamente, a aposta paralela nos animais se tornou popular.

    “Começou no zoológico do Rio de Janeiro se tornou o maior jogo ilegal da América Latina. E todo mundo aceita porque rende uma grande para muita gente”, continua o cineasta. A figura do bicheiro no filme está representada por Joaquim de Almeida (O Xangô de Baker Street e Velozes & Furiosos 10), cujo império acaba invadindo a comunidade onde Didi mora e que é comandada pelo irmão dele, o chefão do tráfico Calango.

    “O Didi não quer ter aquela vida do tráfico do irmão. Ele se forma em contabilidade para tentar sair disso, mas há vários percalços e obstáculos que o barram nesses novos espaços”, explica o ator Junior Veira, que interpreta o protagonista e se prepara para o lançamento de Nosso Sonho, filme sobre Claudinho e Buchecha que assina como co-diretor. O personagem, analisa o ator, reflete uma realidade ácida: preconceitos de classe e raça são barreiras gigantes para jovens da periferia.

    “Muito da minha vivência está no filme. Meu irmão foi do tráfico e foi assassinado”, nos conta o ator. Leonel Vieira, então, revela que uma das cenas de O Último Animal tem inspiração na história de Junior Vieira: “Criei a partir do que ele me contou. Tivemos uma conversa que me marcou muito e a cena, para mim, está entre as mais bonitas do filme”, pontua.

    Nesse sentido, O Último Animal propõe contrastes importantes ao explorar o mundo do crime em pólos opostos - da vida luxuosa do chefão do jogo do bicho à realidade brutal do tráfico de drogas. Dois lados que levam Didi ao limite, como Junior pontua: “Nessa trajetória do Didi, a ideia é ilustrar como a falta de oportunidades, a segregação, o racismo, são limitantes na vida dele. A vida dele é interrompida o tempo todo e as facilidades não existem”.

    O Último Animal
    O Último Animal
    Data de lançamento 7 de março de 2024 | 1h 49min
    Criador(es): Leonel Vieira
    Com Joaquim de Almeida, Júnior Vieira, Duran Fulton Brown
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    3,0
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