Amazing Grace chegou aos cinemas em 2019, 47 anos após a gravação do disco de Aretha Franklin ter sido feita em uma igreja no sul de Los Angeles, nos Estados Unidos. Porém, a estreia estava repleta de processos litigiosos, ou seja, divergências entre as partes feitos por contestação, levando até ao cancelamento do lançamento no Festival de Cinema de Telluride por conta de uma liminar.
O filme ganhou elogios da crítica e foi um dos documentários de maior bilheteria do ano. Mas três anos após o lançamento, o litígio continua. Nesta semana, o produtor Alan Elliott entrou com uma ação, em Nova York, acusando a distribuidora independente Neon de estragar o lançamento do filme e a campanha de premiação. Elliot alega que a distribuidora anunciou prematuramente que havia adquirido o filme, assustando rivais em potencial, e depois não cumpriram com suas obrigações, uma vez que o acordo foi feito. O processo alega que a Neon não conseguiu comercializar adequadamente o filme, principalmente nas comunidades afro-americanas.
“A Neon manteve o filme fora dos cinemas e longe das comunidades onde seu lançamento seria mais impactante e, em vez disso, licenciou o longa para streamers como o Hulu. O processo também acusa a distribuidora de se envolver em “contabilidade de Hollywood” e de deliberadamente “atarraxar” o sucesso do filme para evitar o pagamento de bônus de desempenho”
Em um comunicado, a Neon negou as acusações. “Estamos extremamente orgulhosos da campanha e do lançamento que criamos para Amazing Grace. Nosso objetivo era e continua sendo homenagear a icônica ‘Rainha do Soul’ Aretha Franklin, continuando a tornar este filme o mais amplamente disponível para que todos os públicos desfrutem de seu talento bruto e atemporal. Neste momento, nos absteremos de fazer qualquer comentário sobre essa alegação sem mérito e sem fundamento, e esperamos defender nossa qualidade de trabalho e reputação”.
Sydney Pollack gravou o filme em 1972 na Igreja Batista Missionária do Novo Templo. Mas problemas técnicos com a sincronização do som e da imagem fizeram com que o título fosse arquivado por décadas. Elliott, descrito no processo como um “admirador de longa data” de Franklin, finalmente resgatou a imagem, adquiriu os direitos e supervisionou a conclusão do filme. As disputas legais com Franklin e sua família não foram resolvidas até depois da morte da cantora em 2018.
No outono de 2018, o produtor anunciou que estrearia o filme no festival DOC NYC, juntamente com uma semana de qualificação para o Oscar, antes de um lançamento geral na primavera de 2019. Na época, ele disse que os agentes e publicitários disseram que, talvez, fosse melhor aguardar um ano para dar a um distribuidor a chance de fazer uma campanha de premiação multimilionária. Mas Elliott disse que acreditava que o longa poderia competir nas categorias de ‘melhor documentário’ e ‘melhor filme’ apenas no ‘boca a boca’.
Infelizmente, Amazing Grace não foi indicado como melhor documentário – Free Solo ganhou na categoria naquele ano – e nem de melhor longa. Recebeu indicações em vários festivais de cinema e ganhou um NAACP Image Award. No processo, Elliott acusa a Neon de ter “abandonado qualquer esforço para promover a premiação do filme, apesar do longa de ter sido considerado um candidato ao Oscar e favorito na categoria”. O processo também alega que a Neon não enviou o título em consideração para os prêmios.
No ano seguinte, a Neon lançou Honeyland – indicado ao Oscar de melhor documentário e melhor filme internacional – e Parasita, que ganhou quatro prêmios, entre eles, de melhor longa-metragem e direção. Recentemente, a distribuidora lançou Flee e A Pior Pessoa do Mundo como candidatos ao Oscar, explorando melhor as vendas.