Lightyear, a nova animação da Pixar sobre o patrulheiro espacial de Toy Story, já está nos cinemas. Dirigida por Angus MacLane, conta a história do herói que inspirou o brinquedo dado ao menino Andy no primeiro dos quatro filmes originais. Misturando o dinamismo e a linguagem visual que a ficção científica requer com momentos de humor e emoção típicos do estúdio, a trama não só passa longe da consagrada franquia, como também dá a Buzz uma nova voz: a de Chris Evans, que assume o posto de Tim Allen. Mas por que houve essa troca de dubladores?
MacLane e o produtor Galyn Susman justificaram a escolha pela própria natureza do personagem: Evans interpreta o verdadeiro Buzz, enquanto Allen encarnou o fiel companheiro de Woody (Tom Hanks) entre 1995 e 2019. Uma explicação consistente – não fossem os antecedentes do lendário ator da trilogia Meu Papai é Noel e da sitcom Home Improvement, que acabou na geladeira de Hollywood devido a sua ideologia política.
Allen é aliado do ex-presidente Donald Trump, de suas ideias extremistas, conservadoras, segregadoras e negacionistas. Ele orgulhosamente compareceu a sua posse em 2017, e isso foi o fim da simpatia entre ele e a indústria cinematográfica americana. Durante uma participação no programa Jimmy Kimmel Live!, ele chegou a defender suas crenças e classificou as pessoas que lhe deram as costas como hipócritas.
Lightyear mudou a história de Buzz? Novo filme da Pixar contradiz momento decisivo de Toy Story 2Além disso, o ator segue fazendo comentários controversos nas redes sociais. Por exemplo, na semana passada, ele tuítou que levou algumas crianças para a Disneylândia e que uma delas, de 13 anos, perguntou se poderia ser pansexual porque adora frigideiras. A piada é clara, a intenção sarcástica também.
O jornal britânico Daily Mail informou que a Pixar e a Disney não tomaram a decisão de substituí-lo baseada em questões ideológicas, e sim em causas criativas. Entretanto, não é segredo que os estúdios hoje morrem de medo de terem seu nome atrelado a escândalos sociais, políticos e, claro, sexuais.
Vale lembrar que, antes mesmo de estrear, Lightyear já estava envolvido em polêmica. Em março deste ano, por meio de uma carta aberta, funcionários da Pixar acusaram a Disney de tentar proibir uma cena de beijo lésbico. Segundo a denúncia, a empresa teria uma tendência a censurar relações homoafetivas em seus projetos e teria supostamente dado apoio financeiro a membros do legislativo por trás do projeto de lei "Don't Say Gay" (ou “Não Diga Gay''). A medida, que foi aprovada pelo governador da Flórida, tira o direito de professores e escolas de abordarem a existência de pessoas LGBTQIAP+.
Luca: Personagem da animação seria LGBTQIAP+, mas equipe teve obstáculoNo fim, o beijo protagonizado por Alisha Hawthorne (na voz de Uzo Aduba) e sua companheira foi mantido. Com a repercussão dos protestos e a enxurrada de críticas recebida pela Casa do Mickey, não restou outra alternativa a não ser se posicionar contra a nova legislação e prometer maior representatividade nos próximos lançamentos — tanto da comunidade LGBTQIAP+ quanto de minorias raciais.
Lightyear ainda traz em seu elenco de dubladores Keke Palmer, Taika Waititi e James Brolin. No Brasil, é o apresentador Marcos Mion quem personifica o herói do Comando Estelar, no lugar do veterano Guilherme Briggs.
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