Sério, profundo, poderoso e tranquilizador ao mesmo tempo, tingido de aventura, mistério e uma certa dose de humor. Ora autoritário e diretivo, ora suave e reconfortante, sempre a serviço da verdade: a voz de Gandalf, interpretado por Ian McKellen na trilogia O Senhor dos Anéis, é sem dúvida uma das características mais marcantes do lendário mago da Terra Média.
Mas como o ator britânico moldou esse timbre vocal específico? E como conseguir fazer com que os textos de J.R.R. Tolkien ressoem de forma tão convincente na boca de seu personagem?
O Senhor dos Anéis: Truque usado em cena do primeiro filme impediu o Anel de quicar no chãoNo comentário em áudio de A Sociedade do Anel (2001), primeira parte da saga dirigida por Peter Jackson, McKellen explica que decidiu voltar ao básico e se inspirar diretamente no autor dos livros. Como se pode ver assistindo a algumas entrevistas da BBC, Tolkien, na época em que terminou de escrever os três volumes, era um estudioso de meia-idade que não largava seu cachimbo.
"Para a voz de Gandalf, pensei em um homem que fumava demais, daí o lado rouco", conta McKellen. "Depois de uma certa idade, a voz cansa. Para mim, ele deve ter um sotaque inglês como Tolkien. Todos os personagens são como Tolkien. Ele pertencia à classe média que teria falado assim, com uma voz culta, [típica de] Oxford . Eu queria que fosse um pouco antiquado e um pouco preparado."
O Senhor dos Anéis: Último filme faz homenagem ao primeiro? Há duas cenas interligadas na franquia"Quando Tolkien leu passagens de O Senhor dos Anéis, ele realmente falou assim", continua McKellen. "Então eu estava feliz que Gandalf falava como ele. Eu entendi isso muito rapidamente. Parecia sensato para mim e combinou bem com a maquiagem."
Vale lembrar que, na versão brasileira da trilogia O Senhor dos Anéis, é Hélio Vaccari quem se esconde atrás da inesquecível voz de Gandalf. O locutor de rádio paulistano já havia dublado o astro em O Último Grande Herói (1993) e repetiu o feito em Paixão sem Limites (2005).
Além disso, ao longo de sua carreira, Vaccari emprestou suas cordas vocais a grandes nomes de Hollywood: Richard Jenkins em Comer, Rezar, Amar (2010); Jack Nicholson em Lobo (1994); Anthony Hopkins em O Inocente (1993); Patrick Stewart em Duna (1984); e Ben Kingsley em Operação Final (2018).