O Festival de Cannes 2022 já está rolando na famosa cidade da Riviera Francesa e quase 20 filmes disputam a Palma de Ouro, grande prêmio do evento. O vencedor é escolhido por um time de jurados composto por atores e cineastas de diversos países que, nesta terça-feira (17) se reuniram em coletiva de imprensa com participação do AdoroCinema. Durante a conversa, os 9 artistas que compõem o júri falaram sobre representatividade e comentaram caso de plágio.
Quem são os jurados de Cannes?
Em 2021, o júri do Festival de Cannes foi presidido pelo diretor Spike Lee e, neste ano, o cargo fica com Vincent Lindon, ator francês que estrelou Titane, filme vencedor da Palma de Ouro no ano passado. Completam o time os diretores Ladj Ly (Os Miseráveis), Joachim Trier (A Pior Pessoa do Mundo), Jeff Nichols (Loving) e Asghar Farhadi (Um Herói); e as atrizes Noomi Rapace (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), Deepika Padukone (Gehraiyaan), Rebecca Hall (O Presente) e Jasmine Trinca (O Franco-Atirador) - sendo as duas últimas também cineastas.
Os jurados abriram o evento falando sobre a honra e responsabilidade de analisar os filmes do Festival. “Não gosto de julgar filmes. Quero assisti-los, deixá-los ‘conversarem’ comigo e entender como se conectam com as minhas ideias (...) É uma grande responsabilidade, mas o jeito certo de fazer isso é se tornar um espectador como quando éramos crianças. Pensar nos filmes com o coração, antes do cérebro”, disse Vincent Lindon.
A diversidade entre obras e artistas na indústria cinematográfica também foi assunto da coletiva, com comentários de Rebecca Hall, diretora que assina Identidade, filme da Netflix estrelado por Tessa Thompson e Ruth Negga. “É um processo em andamento e que precisa ser discutido nos detalhes, nas equipes - em que tem acesso a essas portas (...) Estamos progredindo, mas ainda não chegamos lá”, disse.
Jurado de Cannes comenta caso de plágio
O momento de maior apreensão da coletiva de imprensa foi, sem dúvidas, o primeiro pronunciamento público oficial do iraniano Asghar Farhadi, que enfrenta uma acusação de plágio por Um Herói, premiado em Cannes em 2021. O processo foi registrado por uma ex-aluna de Farhadi, que afirma que o diretor roubou a ideia do documentário que ela criou em uma de suas aulas, há quase dez anos.
Embora tenha confirmado que falou sobre esse documentário em um workshop, Asghar Farhadi negou as acusações e disse que muitas das informações publicadas sobre o caso são falsas. “O que fazemos são filmes de ficção e o que fiz em Um Herói não tem a ver com o trabalho feito no workshop. Assim como o documentário, o filme é baseado em fatos reais, que aconteceram anos antes. Quando um evento é coberto pela mídia e se torna de conhecimento público, você pode escrever histórias sobre ele, pode pesquisar informações. Um Herói é apenas uma interpretação desses eventos”, disse.
O processo ainda está em andamento no Irã e Farhadi moveu uma ação por difamação contra a aluna. Caso ele seja inocentado, a estudante enfrentará uma pena de 75 chicotadas e dois anos de prisão - punição que não foi diretamente comentada pelo cineasta durante as entrevistas.
Um Herói conta a história de um homem preso por conta de uma dívida que não conseguiu pagar. Para se livrar da prisão, ele tenta fazer alguns acordos que acabam saindo de controle e ele acaba sendo encurralado por sua família, incluindo seu filho de um casamento passado, seus admiradores, seus devedores, e até com quem dividia a cela. Entre a vida e a morte, seus dias de liberdade parecem contados.