J.R.R. Tolkien detestava filmes da Disney, revela carta publicada em livro: "Alguns me davam náuseas"
Lucas Leone
Lucas Leone
-Redator | Crítico
Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

Autor de O Senhor dos Anéis assistiu à animação Branca de Neve e os Sete Anões no cinema, acompanhado de C.S. Lewis – criador de "As Crônicas de Nárnia".

Em 2022, Branca de Neve e os Sete Anões completa 85 anos. Lançado em 1937, o primeiro longa-metragem animado da Disney fez um sucesso estrondoso, revolucionando a indústria do entretenimento e, inclusive, levando um Oscar Honorário por seu pioneirismo. No mesmo ano em que a princesa órfã fugiu de sua madrasta para se abrigar na casa dos pequenos mineradores, a companhia de anões liderada por Thorin Escudo de Carvalho bateu à porta de Bilbo Bolseiro em "O Hobbit", obra escrita por J.R.R. Tolkien e posteriormente transformada em uma trilogia cinematográfica por Peter Jackson.

Na época, o autor de "O Senhor dos Anéis" foi assistir à animação no cinema e levou consigo o amigo C.S. Lewis, conhecido por ter assinado outra franquia literária que chegou às telonas – "As Crônicas de Nárnia". A experiência deixou os dois homens relativamente perplexos, até mesmo desiludidos – como aponta um relato do livro "J.R.R. Tolkien Companion and Guide", retransmitido por um artigo no Atlas Obscura.

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Lewis já havia visto o filme com seu irmão e tinha algumas críticas (ainda que parcialmente discriminatórias). Em uma carta de 1939 para seu amigo A.K. Hamilton, ele disse o seguinte a respeito de Branca de Neve e do próprio Walt Disney: "Os anões deveriam ser feios, é claro, mas não desse jeito. E a festa jazz deles foi muito ruim. Acho que o pobre idiota nunca considerou a possibilidade de lhes oferecer outro estilo de música."

Lewis reconheceu, porém, o caráter inovador daquele trabalho: "Todas as partes aterrorizantes eram boas, e os animais realmente mais comoventes: e o uso de sombras (de anões e abutres) foi realmente genial." Ele chegou a se perguntar ainda: "Como seria se esse homem [Disney] tivesse sido educado – ou criado em uma sociedade decente?"

Em outro trecho, Lewis chamou o desenho da Rainha Má de pouco original e descreveu os anões como tendo “rostos inchados, bêbados e farsescos”.

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Quanto a Tolkien, ele também não havia sido convencido pelos sete anões, que representavam basicamente a antítese daqueles que viajavam ao lado de Bilbo pela Terra Média. Uma reação bastante previsível se considerada sua opinião sobre as produções da Disney em geral: "Embora na maioria dos filmes que saem de seus estúdios haja passagens admiráveis ​​ou encantadoras, cada um deles tem o efeito de me enojar. Alguns me deram náuseas", admitiu em uma carta de 1964 endereçada a Miss J.L. Curry, uma estudante da Stanford University.

Tolkien então chamou a Disney de “trapaceira”, observando que, embora ele tivesse igualmente um motivo de lucro por trás de seus escritos, não se rebaixaria a trabalhar com o estúdio.

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Mesmo que seus respectivos projetos tenham marcado gerações e gerações ao longo das décadas, as visões de Tolkien e Disney não tinham, portanto, muito em comum. O que compromete seriamente um possível encontro entre Gimli e Atchim!

Branca de Neve e os Sete Anões
Branca de Neve e os Sete Anões
Data de lançamento 10 de janeiro de 1938 | 1h 23min
Criador(es): David Kerrick Hand
Com Adriana Caselotti, Moroni Olsen, Roy Atwell
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