Nos últimos dias, a Disney foi alvo de polêmicas envolvendo um projeto de lei anti-LGBTQIA+ da Flórida, nos Estados Unidos. De acordo com informes da própria empresa, o conglomerado teria apoiado financeiramente membros do legislativo por trás do projeto "Don't Say Gay" (“Não diga gay'', em tradução livre). Se aprovada, a lei deve tirar o direito de professores e escolas de abordarem a existência de pessoas LGBTQIA+.
Em resposta ao ocorrido, Bob Chapek, atual presidente da Walt Disney, enviou uma carta aos funcionários na segunda-feira (7) em que expressou o "compromisso inabalável da Disney com o comunidade LGBTQ+", segundo informações obtidas pela Variety. Este conteúdo, posteriormente, foi respondido por funcionários queer, em carta que acusa a Disney de censurar afeto gay em animações produzidas pela empresa.
A resposta de Bob Chapek
Ao ser indagado sobre o posicionamento da empresa perante à legislação durante a Reunião Anual de Acionistas da Walt Disney, Bob Chapek, CEO da empresa, afirmou que a companhia tem "trabalhado nos bastidores" para que senadores vetassem a lei.
“Nos opomos ao projeto desde o início, mas optamos por não tomar uma posição pública porque sentimos que poderíamos ser mais eficazes trabalhando nos bastidores, interagindo diretamente com os legisladores de ambos os lados do corredor”, disse o executivo. “Esperávamos que nossos relacionamentos de longa data com esses legisladores nos permitissem alcançar um resultado melhor. Mas, apesar de semanas de esforço, não tivemos sucesso."
Disney: Você conhece esses 5 personagens LGBTQI+ do estúdio?Bob afirmou que deve se encontrar com Ron DeSantis, governador da Flórida, nos próximos dias para conversar sobre o projeto de lei. Segundo o executivo, esse encontro terá a presença de um grupo de funcionários LGBTQIA+ da companhia. Durante a reunião, ele ainda alegou que tomará posições públicas mais incisivas contra a legislação e outras ações que possam ferir direitos humanos em todo o solo norte-americano.
Carta aberta de funcionários da Pixar
Obtida pela Variety, uma carta aberta dos funcionários LGBTQIA+ da Pixar foi enviada ao CEO da empresa. No documento enviado ao longo desta semana, os profissionais afirmam que os executivos da Disney exigem cortes de “quase todos os momentos de afeto abertamente homoafetivos” de forma costumeira.
O texto também responde o memorando enviado por Bob Chapek no início da semana, pois o conteúdo estaria em desacordo com a experiência dos funcionários em criar narrativas que tenham o afeto pelo mesmo sexo em seus enredos.
“Nós da Pixar testemunhamos pessoalmente belas histórias, cheias de personagens diversos, voltarem das revisões corporativas da Disney reduzidas a migalhas do que eram antes”, afirma a carta. “Mesmo que a criação de conteúdo LGBTQIA+ fosse a resposta para corrigir a legislação discriminatória no mundo, estamos sendo impedidos de criá-lo.”
Chucky, Pânico e outras produções de terror criadas por pessoas LGBTQ+Em determinados trechos, a carta relembra as recentes decisões públicas da Disney em relação a acontecimentos que envolvem a política estadunidense. "Está provado que as declarações corporativas da Disney podem e fazem a diferença", alegam os funcionários.
"Estamos pedindo aos líderes da Disney que retirem imediatamente todo o apoio financeiro dos legisladores por trás do projeto de lei ‘Don't Say Gay’, que denunciem totalmente essa legislação publicamente e que reparem seu envolvimento financeiro. Embora assinar a doação para a Human Rights Campaign [o maior grupo de defesa dos direitos civis LGBTQIA+ nos Estados Unidos] seja um passo na direção correta, a reunião de acionistas na quarta-feira deixou claro que isso não é suficiente”, continua a declaração. “Ao longo da reunião de acionistas, a Disney não assumiu uma postura dura em apoio à comunidade LGBTQIA +, mas tentou aplacar ‘ambos os lados’ – e não condenou mensagens de ódio compartilhadas durante a parte de perguntas e respostas da reunião. Não é isso que significa ‘apoiar inequivocamente nossos funcionários LGBTQ+, suas famílias e suas comunidades’”.