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    Samuel L. Jackson acredita que merecia Oscar por Pulp Fiction: "Atores negros só vencem com papéis desprezíveis"

    Até hoje, o intérprete de Nick Fury na Marvel foi indicado uma única vez à maior premiação do cinema.

    No dia 27 de março, durante a 94ª edição do OscarSamuel L. Jackson vai receber sua primeira estatueta dourada. No entanto, não vai ser em reconhecimento a sua atuação, e sim um prêmio honorário tradicionalmente dado a estrelas que nunca ganharam a honraria máxima da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Com mais de 150 produções em seu currículo, Jackson tem apenas uma indicação: Melhor Ator Coadjuvante pelo papel de Jules Winnfield em Pulp Fiction, clássico de 1994 dirigido por Quentin Tarantino.

    "Eu deveria ter ganhado aquele [Oscar]", afirmou o astro em recente entrevista ao jornal The Times. Naquele ano, o troféu foi para Martin Landau, que contracenou com Johnny Depp em Ed Wood, de Tim Burton.

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    Jackson ainda declarou que merecia ter sido indicado antes, mais precisamente por sua performance em Febre da Selva (1991), de Spike Lee. Na cerimônia de 1992, a categoria de coadjuvante foi vencida por Jack Palance (Amigos, Sempre Amigos) e ainda incluía dois atores do filme Bugsy (Ben Kingsley e Harvey Keitel), do qual Jackson não é particularmente fã.

    "Minha esposa e eu fomos assistir Bugsy... Caramba! Eles foram indicados e eu não?", protestou ele. "Acho que atores negros só ganham o Oscar quando fazem papéis desprezíveis. Como Denzel [Washington] vencendo por interpretar um policial horrível em Dia de Treinamento. As coisas incríveis que ele fez em filmes como Malcolm X? Não – vamos dar para esse filho da p*ta no lugar dele", disparou.

    Para o intérprete de Nick Fury na Marvel, acumular prêmios não importa tanto quanto emplacar sucessos de bilheteria. "Talvez eu merecesse um, mas o Oscar não é a coisa que faz o seu salário aumentar. É sobre levar as pessoas ao cinema para te assistir, e acho que fiz um bom trabalho com isso", pontuou Jackson.

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    Ao The Times, ele também defendeu o uso de termos racistas nas obras de Tarantino, argumentando que os mesmos estão inseridos em uma conjuntura histórica. "Eu acho que está tudo bem se a palavra for usada como um elemento da história, dos temas dela. Uma história de ficção é um contexto. Mas usar palavras derrogatórias só para arrancar uma risada de alguém? Isso é errado", opinou Jackson.

    Ele ainda relembrou um episódio no set de Django Livre (2012), em que atuou ao lado de Leonardo DiCaprio e novamente sob o comando de Tarantino. A trama se passa em um período anterior à abolição da escravidão nos EUA, e o astro de Titanic se incomodou com alguns dos vocábulos que apareciam no roteiro.

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    "Quando estávamos ensaiando, Leo disse: 'Eu não sei se consigo falar essa palavra tantas vezes em uma cena'. Eu e Quentin respondemos a ele que era preciso", contou Jackson. Trata-se da palavra "nigger", que é considerada um insulto racial gravíssimo na língua inglesa – a ponto de ficar conhecida como "the N-word" (ou "a palavra com N").

    "Sempre que alguém quer um exemplo de uso exagerado dessa palavra, eles citam Quentin, e isso é injusto. Ele está apenas contando uma história e os personagens falam daquele jeito", lamentou Jackson.

    Pulp Fiction - Tempo de Violência
    Pulp Fiction - Tempo de Violência
    Data de lançamento 18 de fevereiro de 1995 | 2h 29min
    Criador(es): Quentin Tarantino
    Com John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman
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