Não há dúvidas de que Guillermo del Toro é um mestre no que faz. Seu mais novo filme, O Beco do Pesadelo, chegou aos cinemas há menos de um mês, reunindo nomes de peso como Bradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette e Rooney Mara. Se hoje o diretor mexicano acumula prêmios e fãs mundo afora, vale lembrar que O Labirinto do Fauno foi o grande responsável por alavancar sua carreira. O que ninguém imagina é que, para realizar essa mistura sombria de drama com contos de fadas, a equipe precisou superar várias dificuldades – contando, inclusive, com a ajuda de um taxista.
O cineasta revelou isso recentemente durante uma sessão de perguntas e respostas no Academy Museum of Motion Pictures, em Los Angeles. "Qualquer coisa que pudesse dar errado com O Labirinto do Fauno deu", lembrou del Toro. E a má sorte esteve presente desde o início do processo criativo: com suas anotações.
Série de terror da Netflix produzida por Guillermo del Toro tem nome e elenco anunciadosAntes de gravar aquela que se tornaria sua obra-prima, ele havia sido convidado para trabalhar com a Marvel, dispondo de um orçamento astronômico. “Depois que Hellboy e Blade II foram bem sucedidos, me ofereceram todos os filmes de super-heróis – eles estavam começando a entrar nessa onda”, contou del Toro. "Eu estava pensando sobre isso porque era muito tentador e eu disse: 'Eu faço O Labirinto do Fauno ou faço um grande filme?'"
Um dia, indeciso sobre o rumo que deveria tomar, ele acabou esquecendo seu caderno cheio de ideias dentro de um táxi, em Londres. Mas o motorista conseguiu devolvê-lo, após ter identificado o logotipo de um hotel e, assim, rastreado del Toro. Foi o sinal que o diretor precisava para escolher seu projeto de paixão, sobre o qual vinha se debruçando há quatro anos. Como agradecimento, ele ainda deu uma gorjeta de US$ 900.
A perda do caderninho foi apenas um dos muitos problemas enfrentados nos bastidores de O Labirinto do Fauno. Por causa de sua visão criativa, del Toro se desentendeu com os demais profissionais durante as filmagens: "A equipe pensou que [eu] era louco", explicou ele. "A equipe espanhola pensou que eu era algum idiota falando bobagem do alto de uma montanha."
Pedro Pascal, Oscar Isaac e outras amizades latinas e espanholas dos cinemas e sériesIsso afetou, por exemplo, o ator americano Doug Jones, que desempenhou dois papéis importantíssimos na trama ambientada durante a guerra civil espanhola: o Fauno e o Homem Pálido. "Quando Doug apareceu, eles disseram: 'O que esse americano disfarçado de fauno está fazendo em um filme histórico sobre o fascismo [espanhol]?", recordou del Toro.
Felizmente, o cineasta conseguiu acalmar os ânimos e concluir a gravação de modo satisfatório. Desde seu lançamento, em 2006, O Labirinto do Fauno não só foi considerado um dos melhores trabalhos de del Toro, como também um dos melhores filmes de fantasia de todos os tempos. No elenco estão Ivana Baquero, Sergi López e Ariadna Gil.
