Com estreia feita na semana passada na Netflix, o longa-metragem Inimiga Perfeita está sendo bastante elogiado pela crítica especializada, configurando mais uma produção de sucesso para o catálogo streaming. Ao apresentar um enigmático suspense como enredo, acompanhamos a história de um homem que vê sua vida mudar após conhecer uma jovem a caminho do aeroporto.
Na trama, Jeremy (Tomasz Kot) é um bem-sucedido arquiteto que acaba conhecendo Texel (Athena Strater) enquanto espera por seu voo em um terminal que projetou há vinte anos. Quando ela passa a insistir em contar sua história de vida, Jeremy começa a sentir que há algo de estranho nos contos, deixando o encontro cada vez mais suspeito. A obra é baseada no livro belga The Enemy’s Cosmetique.
Devido a um final que pode soar ambíguo para alguns, certas dúvidas começaram a surgir a respeito do que realmente aconteceu ao fim do filme. Dito isso, confira abaixo a explicação dos acontecimentos de Inimiga Perfeita:
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Pode-se dizer que todas as histórias contadas por Texel, de certa forma, são verdadeiras, porém, nenhuma delas ocorreu com a jovem. Como dito no longa, a personagem não passa de um fruto da imaginação de Jeremy, criada como consquência da culpa sentida por assassinar a esposa. Os contos de Texel são construídos por elementos do passado do arquiteto, misturados a novos detalhes, exatamente para que ele mesmo não desconfie de estar ouvindo partes de sua própria vida.
No momento em que foi morta, a mulher de Jeremy estava grávida, fato que ele só descobre minutos após assassiná-la. A partir daí, o arquiteto começa a sofrer de uma grande crise de consciência, culpado pelo ato e passando a negar que o mesmo tenha ocorrido. Texel, então, manifesta-se sob a forma de uma projeção mental, que serve como uma espécie de reservatório psicológico para todo o remorso sentido pelo rapaz. Em outras palavras, ela representa a parte culpada do protagonista.
Levando em consideração que Texel deseja morrer, podemos concluir que uma parte de Jeremy também quer o mesmo. O ponto central do longa estrutura-se em cima do conflito interno do arquiteto, dividido entre querer morrer por conta do grande remorso que varreu para baixo dos tapetes do inconsciente e a negação de seus atos, que o protege de se sentir responsável.
Ao fim, após a briga imaginária no banheiro do avião — onde de maneira bem representativa, ele enterra sua parte culpada em cimento — concluímos que a parte negacionista venceu, continuando, Jeremy, a propagar a história contada no início do filme, de que sua ex-esposa simplesmente foi embora, sumindo sem dizer para onde.
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