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    Leonardo DiCaprio vive cientista em Não Olhe para Cima e detona negacionismo: “Ciência se tornou politizada. Há muitos ‘fatos alternativos’” (Entrevista)
    Rafael Felizardo
    Rafael Felizardo
    -Redator | Crítico
    Sonhador desde pequeno e apaixonado por cinema de A a Z, encontrou em David Lynch um modo de sonhar acordado.

    Novo filme da Netflix, Não Olhe para Cima apresenta um elenco estelar, contando nomes como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep e Jonah Hill.

    Um dos filmes mais aguardados de dezembroNão Olhe para Cima é a grande aposta da Netflix para este fim de ano. Com estreia marcada para amanhã (9) em alguns cinemas selecionados e 24 de dezembro na plataforma de streaming, a produção conta com algumas das maiores celebridades do mundo do cinema, apresentando nomes como Meryl StreepLeonardo DiCaprioJonah HillJennifer LawrenceTyler Perry e outros. Dirigido por Adam McKay, o longa traz às grandes e pequenas telas uma comédia ácida que diz muito sobre os dias de hoje.

    Na trama, acompanhamos a história de Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa dentro do sistema solar, em rota de colisão direta com a Terra. Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean (Meryl Streep) e de seu filho, Jason (Jonah Hill). Com apenas seis meses até o impacto do astro, gerenciar o ciclo de notícias de 24 horas e ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais pode ser uma árdua tarefa, principalmente quando outras prioridades políticas entram em cena.

    Não Olhe Para Cima
    Não Olhe Para Cima
    Data de lançamento 9 de dezembro de 2021 | 2h 22min
    Criador(es): Adam McKay
    Com Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep
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    3,8
    Assistir em streaming

    Durante uma coletiva de imprensa internacional com a presença do AdoroCinema, parte do elenco do filme conversou sobre a experiência de filmar uma produção desta magnitude, principalmente, quando ela dialoga tanto com o atual momento em que vivemos. Levando em consideração a questão climática mundial e uma mortal pandemia viral, podemos dizer que o longa não poderia ter nascido em hora melhor.

    E é exatamente sobre isto que Leonardo DiCaprio fala, quando questionado sobre a visão do público em geral em relação à comunidade científica  — que diga-se de passagem, vem sofrendo nos últimos tempos com o negacionismo científico.

    “Adam [McKay, o diretor] criou este filme, que era sobre a crise climática, criando um senso de urgência ao torná-lo sobre um cometa que atingirá a Terra dentro de seis meses e como a ciência se tornou politizada. Há muitos ‘fatos alternativos’. Eu estava grato por interpretar um personagem que é baseado exclusivamente em tantas pessoas que conheci da comunidade científica e, em particular, cientistas do clima que têm, você sabe, tentado comunicar a urgência disso, sentindo-se como se estivessem sujeitos à última página do jornal”, colocou o ator.

    Grande parte do discurso de DicCaprio vai em direção à descrença por parte de uma parcela da população, que questiona assuntos como a eficiência das vacinas, o formato da Terra e o aquecimento global. Vale lembrar que, além de ator, o astro também é ativista ambiental e um dos criadores da Fundação Earth Alliance, que trata de questões relativas ao meio-ambiente. Durante a tragédia de Brumadinho, no Brasil, em 2019, Leo se pronunciou sobre o ocorrido, fazendo um apelo às entidades envolvidas. No mesmo ano, o astro doou 5 milhões de dólares, através de sua fundação, para ONGs ambientais, visando combater as queimadas na Amazônia.

    Companheira de elenco e amiga pessoal de DiCaprio, Jennifer Lawrence foi outra que demonstrou todo o seu incômodo com o assunto, compartilhando da opinião do ator e mostrando-se frustrada com o crescente descrédito à ciência, vinda de parte da população nos últimos anos.

    “Bem, acho que o Leo disse isso perfeitamente. Quero dizer, é tão triste e frustrante ver pessoas que dedicaram suas vidas para aprender a verdade serem rejeitadas porque outras não gostam do que a verdade tem a dizer.”

    ADAM MCKAY SE INSPIROU NA CRISE CLIMÁTICA PARA REALIZAR O FILME

    Também presente na coletiva, o cineasta responsável pelo filme, Adam Mckay, revelou suas inspirações para tirar o longa do papel. De acordo com ele, a grande crise climática foi de onde a ideia para o filme surgiu, e brincar em cima da possibilidade do fim do mundo foi a maneira que encontrou para ajudar as pessoas a pensarem no assunto sem se sentirem sobrecarregadas:

    “Estávamos conversando sobre a ideia com a qual queríamos lidar, como esse assunto, a crise climática, que é tão avassaladora e seguramente a maior ameaça à vida na história da humanidade, e sentimos que pode... Que pode ser quase como um animal lhe atacando. Pode ser bem preocupante. Mas se você consegue rir, isso significa que você tem alguma distância, e eu realmente acho que isso é muito importante. Você pode sentir urgência, tristeza e perda, ao mesmo tempo em que há senso de humor.”

    Bem-humorado, Adam ainda disse que foi uma tarefa árdua rodar o filme com um elenco composto por pessoas tão engraçadas, principalmente, quando temos em set profissionais como Jonah Hill e — pasmem — Meryl Streep. Pois é, segundo McKay, Streep é "uma das pessoas mais engraçadas de todas".

    Não Olhe para Cima: Adam McKay, diretor do filme, revela quem do elenco é o mais engraçado; descubra

    CINEMA, POLÍTICA, CIÊNCIA E A PANDEMIA DO COVID-19

    Ator e comediante, Tyler Perry foi mais um a falar sobre a importância da comunidade científica, abordando, inclusive, a barreira encontrada pelos pesquisadores durante a pandemia do Covid-19. Para tratar do assunto, Perry escolheu especificamente uma das cenas do filme, procurando contextualizá-la junto aos dias de hoje.

    “Você sabe, quando eles estavam no Salão Oval e a personagem de Meryl está lá com seu filho e falando sobre qualquer coisa, descartando os fatos e a ciência, para mim soava muito verdadeiro por causa do que estava acontecendo na época [a pandemia do Covid-19 estava no auge durante as gravações], e o país onde estávamos, com a pandemia sendo ignorada.”, disse Perry.

    Em uma clara crítica às prioridades governamentais por todo o mundo, a abordagem política de Não Olhe para Cima é reforçada com o estilo de comédia proposto pelo longa. Apresentando uma abordagem sobre a temática de maneira que lembra filmes como Idiocracy, a produção consegue desenvolver a ideia pretendida em suas quase duas horas e meia de filme, sem cansar o espectador.

    E voltando à coletiva, Amy Mainzer, astrônoma responsável pela parte técnica do longa, descobridora de um cometa na vida real e também condutora da entrevista, fecha com chave de ouro, colocando um fato que, apesar de verdade, pode irritar a muitas pessoas: “A ciência está acontecendo, gostemos ou não. Certo?”.

    De fato, Amy. De fato.

    Não Olhe para Cima: Leonardo DiCaprio exigiu cena no filme da Netflix e teve que reescrevê-la 15 vezes
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