Após a divulgação do último trailer de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, a notícia de que algumas pessoas estão revendendo ingressos por preços astronômicos e a confirmação de que o ator Tom Holland estará presente em mais três filmes do aracnídeo, a novidade fica por conta do diretor James Cameron, famoso por Titanic e Avatar. De acordo com o cineasta, ele passou diversos anos tentando fazer um filme do Cabeça de Teia sair do papel, tendo seu desejo impedido por conta de alguns problemas legais e a falta de orçamento.
Homem-Aranha 3: Você pegou todas as referências? Confira os principais detalhes do novo trailer da MarvelEm pleno 2021, parece uma ideia absurda que James Cameron — a grande mente por trás de O Exterminador do Futuro — tenha tido dificuldade para tirar do papel sua versão do Homem-Aranha, mas na década de 1990, a coisa não era tão fácil assim. Na época, passando por uma dura crise financeira que quase a levou à falência, a Marvel tinha apenas um único filme cinematográfico no currículo: Howard, o Pato, de 1986. Qualquer pessoa que desejasse transformar um quadrinho do estúdio, em longa, travaria uma grande batalha em Hollywood, principalmente, pela falta de investimento.
Cameron escreve sobre tal momento em seu novo livro, Tech Noir: The Art of James Cameron, chamando o longa de “o maior filme nunca lançado”. Durante uma entrevista para o site ScreenCrush, o cineasta ainda compartilha um pouco de sua frustração com o episódio, revelando que tinha uma visão diferente para o personagem:
“A primeira coisa que você precisa entender é que não é o Homem-Aranha. Ele é conhecido como Homem-Aranha, mas não é o Homem-Aranha. Ele é o garoto-aranha. Ele é o garoto-aranha do colégio. Ele é meio nerd e ninguém repara nele e ele é socialmente impopular e tudo mais”, colocou o diretor. “Aquele reservatório inexplorado de potencial que as pessoas têm e que não reconhecem em si mesmas. E também estava na minha mente uma metáfora para a puberdade e todas as mudanças em seu corpo, suas ansiedades sobre a sociedade, sobre as expectativas da sociedade, suas relações com o gênero de escolha pelo qual você se sente atraído, todas essas coisas”, completou.
Ele ainda vai além e compara o personagem a outros super-heróis existentes:
“Super-heróis em geral sempre pareceram meio fantasiosos para mim, e eu queria fazer algo que seria mais na linha de Exterminador [do Futuro] e Aliens, que você consiga enxergar a realidade. Então você está em um mundo real, não em uma mítica Gotham City. Ou Superman e o Planeta Diário e todo esse tipo de coisa, onde sempre parecia muito fantasioso e como um conto de fadas. Eu queria que fosse Nova York. É neve. Um cara é mordido por uma aranha. Ele se transforma em um garoto com poderes e tem o sonho de ser o Homem-Aranha, e ele faz uma fantasia e é terrível, e então ele tem que melhorar a vestimenta, e seu grande problema é a maldita roupa. Coisas assim. Eu queria fundamentá-lo na realidade e fundamentá-lo na experiência humana universal. Acho que teria sido um filme divertido de fazer.”
Infelizmente, Cameron nunca teve a chance. Na década de 1980, a Marvel vendeu os direitos do filme do Homem-Aranha para um estúdio de baixo orçamento chamado Cannon Films, que nunca fez nada com o material. Quando a empresa faliu, Cameron convenceu a Carolco Pictures, o estúdio por trás de O Exterminador do Futuro 2, a comprar os direitos do Homem-Aranha, mas a companhia também acabou falindo.
“Eu tentei fazer com que a Fox o comprasse, mas aparentemente os direitos estavam um pouco confusos e a Fox não quis lutar por isso. Peter Chernin [ex-presidente da Fox] simplesmente não iria lutar por isso. Ele não queria entrar em uma briga legal. E eu digo: 'Você está brincando? Essa coisa pode valer, não sei, um bilhão de dólares!”, adicionou o diretor.
E não é que ele estava certo?
