Há pouco mais de duas semanas, Leandro Hassum lançou seu mais novo projeto na Netflix: Amor Sem Medida. Também estrelada por Juliana Paes, a comédia romântica segue um conceituado cardiologista que se envolve com uma advogada divorciada. Acontece que o homem tem 1,36m de altura, uma característica que gera muitos conflitos no relacionamento. Embora aborde um tema importantíssimo como o nanismo, o longa sofreu duras críticas da atriz Juliana Caldas por conter piadas capacitistas. O comentário teve tanta repercussão que Hassum veio a público se desculpar.
"Sinto muito de verdade, pois jamais quero, através dos meus filmes e arte, causar dor. Ao contrário, meu propósito sempre será divertir, entreter, pois acredito no humor agregador para a família toda. O filme conta uma história de amor, de pertencimento e de inclusão, valorizando as capacidades de seus personagens e repudiando qualquer preconceito, de qualquer espécie", afirmou em comunicado.
E o comediante não parou por aí: "Vivemos num mundo ainda distante do ideal, mas que vem caminhando no sentido de não dar espaço a nenhum tipo de preconceito, segregação ou exclusão. Esta foi a intenção, por meio da leveza do humor, abordar a importância de vivermos num mundo com mais amor e respeito, onde ser aceito e amado independe de características físicas. Fico aqui com o coração doído por, de algum modo, não ter transmitido isso a Juliana Caldas e estou mais que aberto a acolhê-la com meu total carinho e respeito.”
Lançamentos da Netflix em dezembro de 2021: Confira os 27 filmes que entram no catálogo!Vale lembrar que Juliana tem nanismo e ficou conhecida justamente por interpretar uma PcD (pessoa com deficiência) na novela O Outro Lado do Paraíso, escrita por Walcyr Carrasco. Sua personagem, Estela, era extremamente maltratada pela mãe Sophia (Marieta Severo) devido ao fato de ser anã.
Na última quarta-feira (1º), a atriz usou seu perfil no Instagram para expressar seu repúdio e sua tristeza após ter assistido ao trabalho de Hassum. No vídeo de oito minutos, Juliana acusou o comediante de ter empregado computação gráfica para parecer uma pessoa de baixa estatura, ao invés de escalar um profissional que realmente tenha a condição. "Além disso, a maior parte do filme tem piadas totalmente capacitistas, totalmente preconceituosas", disparou a paulistana.
Segundo ela, o público não costuma questionar o humor capacitista, o que não acontece quando se trata de conteúdos racistas, homofóbicos ou gordofóbicos. "Quando a gente fala sobre o nanismo, a maior parte das vezes é nessa forma de piada. O nanismo é considerado uma deficiência. Não dá mais para aceitar rir disso hoje", explicou Juliana, afirmando que não conseguiu terminar o filme.
"Agora, dia 3 [de dezembro], é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e aí você tem que se deparar com um filme assim. Até quando? Não dá para passar batida a falta de respeito com o próximo. Ainda mais no mundo de hoje, sabe? A gente vê que todas as outras pautas são levadas a sério. E aí quando você põe a pauta de nanismo, na maioria das vezes não é levada a sério", ressaltou.
Quanto à personagem que viveu na trama de Carrasco, Juliana acredita que o objetivo era fazer o público pensar sobre a condição, e não rir disso. "Não era humor, e sim drama. Dava-se abertura para questionar muitas coisas e para pensar o quanto isso [o preconceito] fere o próximo", defendeu a atriz.
Já no filme da Netflix ocorre o contrário: "Ele [Hassum] tenta fazer rir, mas eu não ri em nenhum momento. É cansativo ter que explicar o óbvio, o simples, explicar que, a partir do momento em que uma piada ou frase fere o outro, não é legal", finalizou Juliana, cobrando mais empatia dos produtores e do público.
Com direção de Alê McHaddo, Amor Sem Medida ainda conta com Marcelo Laham, Luana Martau, Carol Portes, Pietra Hassum, Rafael Portugal e Rogerio Morgado.