7 Prisioneiros, novo filme de Alexandre Moratto, está disponível no catálogo da Netflix e aborda questões sociais como as formas de exploração humana. O AdoroCinema entrevistou os atores Christian Malheiros e Rodrigo Santoro – e você pode conferir o bate-papo completo no player acima. Eles deram mais detalhes sobre a preparação para viver esses personagens complexos, principalmente em uma história tão urgente.
Em 7 Prisioneiros, o jovem Mateus (Christian Malheiros) aceita trabalhar em um ferro-velho em São Paulo com o novo chefe Luca (Rodrigo Santoro) para ganhar uma oportunidade de dar uma vida melhor à família. Porém, ele acaba entrando no perigoso mundo da escravidão contemporânea com diversos outros garotos, sendo forçado a decidir entre continuar nessa situação ou arriscar o futuro de sua família.
Christian Malheiros teve experiência complexa para dar vida ao seu personagem
Christian Malheiros começou sua carreira como ator trabalhando com Alexandre Moratto em Sócrates (2018) e agora se reencontra com o diretor em 7 Prisioneiros, ao mesmo tempo em que faz sucesso como um dos protagonistas da série Sintonia, na Netflix. Malheiros conta ao AdoroCinema que, na construção de cada cena, ele, Moratto e Rodrigo Santoro, foram discutindo e entendendo a melhor forma lidar com seus personagens, principalmente por se tratar de um assunto importante e real em nossa sociedade.
"Estamos falando de uma estrutura que ela acontece, ela é real. Estamos falando de pessoas, de tráfico humano, de um mecanismo que não acontece só em São Paulo, acontece no Brasil inteiro. E como que a gente dá conta desses personagens? Como que a gente de uma certa forma consegue mostrar essa realidade cruel da forma que ela realmente é. Então, foi um processo muito cruel e difícil de se desvencilhar dele, porque quando a gente está ali dentro, começa a fazer parte daquilo, mesmo não sendo da nossa essência", explica Christian Malheiros sobre a imersão no protagonista.
7 Prisioneiros: Escravidão ainda existe, e tema é maior desafio do filme para Alexandre Moratto e Fernando Meirelles (Entrevista)Ele ainda ressaltou que o filme nacional da Netflix apresenta reflexões sobre o quanto podemos estar contribuindo para essa cadeia de tráfico humano e o que podemos contribuir para que isso um dia acabe. "O filme traz essa reflexão e o nosso objetivo é causar uma mudança, causar um impacto nas pessoas para que elas consigam se rever. Eu mesmo como um artista, como um ser humano, comecei a me rever em vários aspectos, em várias relações. O que eu consumo? De onde vem? Eu estou financiando algum tipo de mercado ilegal? É muito difícil, é muito cruel e delicado ao mesmo tempo. Então, a gente embarcou num buraco, num abismo, que talvez nem a gente tenha a resposta ainda, mas a gente estava ali com a missão de contar essa história e de uma certa forma tentar mudar essa realidade", comenta.
A experiência de Rodrigo Santoro com seu personagem também foi bastante intensa, com o ator revelando ao AdoroCinema que a primeira vez que leu o roteiro, terminou odiando o personagem. "O personagem vem de uma realidade distante da minha e a primeira vez que eu li o roteiro, eu terminei odiando o personagem. Então, como trabalhar como intérprete, como eu me emprestar para fazer esse personagem que eu já tinha um sentimento, uma reação, uma repulsa em relação a ele? Eu achei que isso, sem dúvida, era um aprendizado", explica Santoro, "o fato dele estar tão distante de mim, me atraiu, apesar de me assustar".
7 Prisioneiros está disponível no catálogo da Netflix. Confira o trailer do filme: