Pixinguinha — Um Homem Carinhoso chega aos cinemas nesta quinta-feira (11) e acompanha a história do respeitado músico Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897-1973). O maestro impressionava por seus talentos na flauta, saxofone e incríveis composições que deram novos ares à música brasileira, tornando-o conhecido como “pai do MPB” e, acima de tudo, uma pessoa indubitavelmente gentil.
O filme traz vislumbres da infância de Pixinguinha que vão desde a origem do nome artístico, que veio de Pizindim, apelido dado por sua vó, até a primeira apresentação profissional na adolescência. O longa-metragem também mostra a ascensão de Pixinguinha em turnê em Paris com seu grupo “Oito Batutas” e os momentos vividos ao lado da cantora Betí, sua fiel companheira com quem esteve junto até a última respiração da artista.
Como protagonista do longa-metragem está Seu Jorge, que atualmente também pode ser visto em cartaz nos cinemas brasileiros no filme Marighella, dirigido por Wagner Moura. Sob roteiro de Manuela Dias e direção de Denise Saraceni, o elenco de Pixinguinha — Um Homem Carinhoso conta com Taís Araújo, Agatha Moreira, Danilo Ferreira, Milton Gonçalves, Tuca Andrada e Klebber Toledo.
Desafios enfrentados pelo cinema nacional
Na última segunda-feira (8), aconteceu o evento de pré-estreia do longa-metragem, contando com a presença de Seu Jorge e Taís Araújo no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, e o AdoroCinema também esteve lá. Antes de iniciar a sessão, conversamos com os protagonistas sobre os desafios de fazer cinema no Brasil em 2021 e a importância de evidenciar grandes artistas negros da nossa história.
"Para mim foi uma honra, de tantos talentos brasileiros, a gente poder contar histórias no cinema e ver essa máquina poderosa que é o cinema nacional surgir e fazer coisas bonitas para a gente. Então é importante também porque eu acredito muito nas nossas histórias, na nossa cinematografia, no jeito que a gente aprendeu a fazer”, comenta Seu Jorge, intérprete de Pixinguinha no filme.
“Assim como um dia Vinícius de Moraes e Tom Jobim sonharam em mostrar para o mundo uma música genuinamente brasileira, o cinema brasileiro também sonha em mostrar um cinema genuinamente nosso, contando nossa história com grandes talentos de atores, diretores, cenógrafos e toda a equipe técnica e artística. É maravilhoso poder fazer parte disso e estar ajudando a conceber e ficar cada vez mais forte", concluiu.
Taís Araújo, por sua vez, mencionou que o longa-metragem demorou muito a ser lançado e, devido às dificuldades, quase não chegou aos cinemas. "A gente rodou esse filme em 2017 e saber que ele ia lançar agora foi uma grata surpresa, sabe? Diante de tantas coisas que a gente tem vivido, de tantas tristezas, é muito bom ver um filme que fala de arte, que fala de gentileza — que parece que está em falta. A gente vai ver um filme de um homem gentil, talentosérrimo, gênio, mas antes de tudo isso, um cara muito gentil."
“Dar voz e vida a personagens apagados da nossa história”
Seu Jorge é um dos maiores nomes da música e do audiovisual brasileiro. Importante personalidade para o cinema atualmente, o ator deu vida a Carlos Marighella, guerrilheiro e líder do movimento político contra a ditadura militar no Brasil. Emprestando novamente seu corpo para um importante personagem da história, Seu Jorge afirma que seu trabalho pode fazer com que a voz de Pixinguinha, dono do respeitável hino “Carinhoso”, seja novamente ouvida nos tempos atuais.
"Isso é muito incrível, essa possibilidade de dar voz e vida, sobretudo a personagens que foram apagados da nossa história. A gente poder descortinar essas figuras. Eu acredito muito na história do Brasil e nos personagens reais, e ter a oportunidade de representar esses personagens e ver eles terem vida na tela do cinema é de uma grandeza, uma nobreza maravilhosa."
Taís Araújo avalia como “fundamental” a importância de trazer à tona as histórias das grandes personalidades negras do Brasil, apesar de todas as dificuldades no cinema nacional. “É uma história que a gente pensa o por quê nunca foi contada. O Pixinguinha grande desse tamanho, por que a gente nunca falou sobre ele? Foi um filme que demorou muito tempo para a gente fazer. Começou, aí parou, voltou, parou... E quando a gente pensou que não ia acontecer, voltamos, e agora estamos lançando. Então, nesse momento, principalmente, acho que é um símbolo de resistência conseguir lançar um filme desse, neste momento do país. É lindo."
Questionado sobre a responsabilidade de interpretar pessoas que já existiram na vida real, Seu Jorge afirma que não se sente desconfortável e também não tem receio ao receber a proposta. “O desafio é realmente muito grande, mas essa possibilidade de desconstrução de quem é, se emprestar a esse outro personagem é desafiador, mas muito excitante também. A gente aprende muito porque em cada filme que fazemos é uma especialização nova que fica sobre a biografia daquela pessoa em questão. Então eu acredito mesmo no poder que tudo isso tem, no poder de aprendizado em troca e tudo aquilo que a gente deixa."
Em Pixinguinha — Um Homem Carinhoso, Taís Araújo vive Albertina Nunes Pereira (Betí), célebre artista e esposa de Pixinguinha. A atriz se sente lisonjeada com a oportunidade de trazer vida às pessoas presentes na biografia e brinca: “Eu já interpretei Elza Soares nos cinemas, desde então é tranquilo, terror nenhum!”