Recentemente, Eternos foi banido em três países devido às cenas de menção LGBTQ+ — que incluem um beijo homossexual. Ao ser informada da notícia, Angelina Jolie, uma das protagonistas do longa-metragem, afirmou estar orgulhosa de a Marvel não ter censurado o filme e afirmou que a decisão em retirar o filme do circuito nestes locais foi “ignorante”.
Arábia Saudita, Kuwait e Qatar, onde a homossexualidade é ilegal, removeram o filme dos cinemas na semana passada, depois que a Marvel se recusou a remover cenas que mostravam um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Na sequência mencionada, os atores Brian Tyree Henry e Haaz Sleiman, que interpretam Phastos e Ben respectivamente, são um casal e se beijam na frente das câmeras — consagrando a primeira demonstração de amor homossexual nos filmes do estúdio.
Em entrevista ao jornal australiano AU News, durante uma mesa redonda com a imprensa, Angelina Jolie disse: "Tenho pena [pelo público daqueles países]. E estou orgulhosa pela Marvel se recusar a cortar aquelas cenas. Continuo sem conseguir perceber como ainda vivemos num mundo no qual ainda existem pessoas que não conseguem ver a beleza e amor na relação que Phastos tem com a família. Qualquer pessoa que fique chateada com isto, que se sinta ameaçada ou não aprove, é ignorante.”
Casos de censura e banimento nos cinemas
A decisão da Marvel vai contra o passado de Hollywood em fazer cortes em seus filmes para lançamento em países com regras de censura diferentes. Um entre vários exemplos disso aconteceu em Bohemian Rhapsody, lançado em 2018, em que todas as referências à sexualidade de Freddie Mercury foram removidas para que pudesse entrar em circuito nos cinemas chineses.
A homossexualidade ainda é oficialmente ilegal em toda a região do Golfo, e filmes que contenham qualquer coisa relacionada a questões LGBTQ+ são frequentemente retirados do lançamento. No ano passado, Avante, título da Pixar, foi proibido no Kuwait, Omã, Qatar e Arábia Saudita, por causa de uma única linha que fazia referência a um relacionamento lésbico.
De acordo com o The Hollywood Reporter, a própria Disney optou em não remover nenhuma cena em Eternos e isso representa um grande passo para a Marvel, que constantemente foi criticada pela demorada integração de diversidade racial, de gênero e sexualidade em seus filmes. Recentemente, Loki, série da Disney+ protagonizada por Tom Hiddleston, fez menção à bissexualidade do anti-herói, enquanto um personagem sem nome aparece rapidamente em Vingadores: Ultimato lamentando a desintegração de seu marido. Tais iniciativas ainda foram muito pequenas, mas Eternos traz esperança de uma verdadeira representatividade prestes a acontecer no estúdio.
O que você precisa saber sobre Eternos
Escrito e dirigido por Chloé Zhao, Eternos acompanha um grupo de seres antigos e super poderosos criados pelos Celestiais, que são entidades cósmicas cuja filiação inclui Ego, o Planeta Vivo, o pai do Senhor das Estrelas, Peter Quill (Chris Pratt). No enredo, eles são reagrupados quando o planeta fica sob a ameaça dos Deviants.
Em Eternos, os super-heróis se reunirão após os eventos de Vingadores: Ultimato. O filme acontecerá em um período próximo a WandaVision, que se passa três semanas após o Blip (nome dado ao retorno repentino de metade da população mundial dizimada por Thanos). Devido ao salto de cinco anos entre Guerra Infinita e Ultimato, Eternos se passa em 2023, assim como Falcão e o Soldado Invernal. Apesar desse tempo já estabelecido, a história do longa-metragem se estenderá por mais sete mil anos depois.
Disponível nos cinemas brasileiros desde 4 de novembro, o filme tem o elenco formado por Angelina Jolie, Kit Harington, Richard Madden, Kumail Nanjiani, Lauren Ridloff, Brian Tyree Henry, Salma Hayek, Lia McHugh, Don Lee, Barry Keoghan e Gemma Chan.